Sob o Manto da pressão

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Os cabelos brancos eram um marco da família imperial, algo que significava para muitos honra e glória, mas para Amélia aqueles cabelos brancos não passavam mais de algemas. Vendida como um pedaço de carne para um plebeu junto a um título, mesmo que o homem tivesse conquistado muitas terras para o rei, a única coisa que exigiu foi a mão da princesa Amélia. A jovem de vinte e dois anos que ainda não havia se casado, que continuava a mais que pura beleza comparada com as mais belas flores, "A flor da alta sociedade" sim era este seu título. Mas acabou em um casamento arranjado onde seu marido apenas lhe lançava olhares frios e sem afeto.

A platinada estava deitada apesar da noite estar quente, ela ainda cobria seu corpo. Estava cansada, mesmo que não fizesse mais nada além de tomar chá e ficar dando algumas ordens aos empregados, já que nem cuidar da mansão do ducado lhe era permitido. Se encolheu mais na cama com esses pensamentos, mas o que mais a chateou naquele momento foi o barulho da porta se abrindo e lá se revelando o Duque Mark, novamente. Ele não perguntava nada e nem ao menos falava algo, mas Amélia já sabia o que seria, não que ela tivesse medo ou algo similar, foi educada para servir um homem, mas não imaginava que seria algo desagradável, não sentia nada quando era tocada pelo duque, era algo frio, e sem sabor, já que o mesmo nunca beijou seus lábios, a única coisa que fazia era mexer seus quadris em cima da mulher, então Amélia esperou até que o mesmo acabasse.

— Eu quero te pedir algo. — Falou enquanto via o homem se vestir.

— Diga. — O loiro falou sem a olhar, algo que Amélia já estava acostumada.

— Me deixe ir à igreja? — A mulher se enrolou nos lençóis. — Antes de me casar, eu era uma devota. Me permite continuar? É a única coisa que peço. Em Louis, a mulher não tinha autonomia; antes de se casar, é posse de sua família e depois do casamento passa a ser do marido, por isso as mulheres não herdam títulos, nem terras, nem ao menos contas em um banco, educação vem de casa.

— Se é o que quer, pode ir. — Foi a última coisa que John lhe disse antes de fechar a porta ao sair do quarto.

Quando o dia começou, não demorou muito para a Duquesa pegar uma carruagem e ir até a igreja. Enquanto estava fazendo sua oração não muito longe da entrada em silêncio, uma pequena celebração começou, ela pretendia continuar na sua reza, mas a voz aveludada a fez ter uma tremenda curiosidade. Assim que seus olhos alcançaram o altar, sua mente não acreditou no que via, os cabelos negros lisos, os olhos verdes que iam de um lado para o outro enquanto lia algo no púlpito.

"Lindo."

Foi inevitável não pensar isso, já que o homem realmente era algo fora do comum, a sua pele bronzeada e seus ombros largos que, apesar da batina, não passaram despercebidos do olhar da platinada.

Foi inevitável ela não ficar triste ao lembrar que era um padre, mas Amélia voltou a si logo que seus olhos se encontraram com os olhos esmeralda do padre, fazendo-a corar.

Corou ainda mais ao vê-lo sorrir, foi quando Amélia percebeu que acabara de pensar, então afastou todos aqueles pensamentos e afirmou a si mesma que era algo normal, mas mesmo assim evitou olhar de novo para o padre.

PERDÃO. Eu pequei!Onde histórias criam vida. Descubra agora