2. O trabalho

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No mesmo dia, tivemos de eleger um representante de sala e um vice, mas como apenas Sunoo e eu nos voluntariamos, fomos automaticamente eleitos. A professora de língua portuguesa nos chamou no particular, avisando sobre a semana cultural da escola, que seria em apenas um mês a frente. Teríamos de realizar alguma estação em que os alunos da escola pudessem se divertir. Como uma estação de karaokê, futebol e etc, mas deveria ser algo criativo para conseguirmos ganhar notas mais altas no fim do ano. Kim se aproximou de mim após a conversa se cessar. "Pode ficar a tarde na escola? Podemos se encontrar na biblioteca e pensar em algo." Disse que sim para o garoto, por mais que aquilo seria semelhante a um sacrifício.

Retornamos a sala e prosseguimos com o dia letivo, em seguida, tivemos uma aula dupla de inglês, matéria em que sou uma merda. Sunghoon sempre me ajudava alguns dias antes das provas de línguas devido a sua experiência com idiomas diversos. Anotei algumas coisas em meu caderno e então saí da escola a pé para almoçar em algum restaurante perto dali, especificamente, um lugar de pokes que eram duvidosamente muito bons, ou talvez a fome excessiva tenha conseguido me surpreender com aquela tigela cheia de arroz e alguns adicionais. Fiz meu pedido, enquanto isso, recebi uma mensagem, era um número desconhecido.

Desconhecido
Oie, Niki, né? Sou eu, Sunoo. Sunghoon me passou seu contato. As 2 podemos nos encontrar na biblioteca?

Seria melhor receber uma mensagem de telemarketing do que uma mensagem do garoto. Salvei o contato apenas como "Kim Sunoo" e o respondi.

Nishimura Riki
Sem problema, até mais tarde.

Finalmente, podia ter  minha refeição em paz, agradeci o garçom pelo serviço e comecei a comer, demorando por volta de 10 minutos para finalizar o pedido. Paguei a conta e saí dali, dando uma volta pelo parque à frente do estabelecimento educacional. Esfriei a cabeça, mas nada fazia o garoto mal educado sair de meus pensamentos. Não tinha explicação plausível o porque de eu estar pensando tanto em alguém quanto ele. A última vez que minha mente ficou tão ocupada com alguém específico, era quando minha mãe estava no hospital. E no final do dia, eu o odiava, e não duvido que era o mesmo para o lado do menino.

Tirei meu celular do bolso, que marcava 13:40, já era o horário ideal para eu retornar ao colégio, mas não estava com disposição. Passei a mão pro minha testa que estava relativamente quente, enquanto isso atravessava a faixa de pedestre entre o parque e a escola. Acenei para o porteiro e adentrei o local, desci uma vasta rampa e liguei meu celular. Uma hora e cinquenta e cinco minutos, e era possível reconhecer Kim Insuportável pelo vidro do exterior do ambiente combinado. Empurrei a porta e acenei para ele, arrumei minha blusa que estava um pouco rebelde, então, sentei ao seu lado. Antes de me acomodar, Sunoo me observou de cima a baixo duas vezes com seus olhares debochados, amostrou seu nariz empinado e então virou sua cabeça para uma folha, que tinha algumas ideias listadas.

- Estação de cerâmica
- Estação de desenhos
- Estação de Handebol
- Estação de moda

Ambas as quatro ideias pareciam ser de uma criança do jardim de infância, não sei como a cabeça dele raciocinou que seria algo incrível realizar essas atividades. A mais plausível era a estação de Handebol: meu esporte favorito, até jogava no time da escola. Então, me manifestei. "Sunoo, essas ideias não são muito criativas e muito menos divertidas, tirando o handebol, óbvio." Aborrecido, o garoto replica. "Handebol foi uma das minhas piores ideias, isso sim. Esportes são tediosos." Bufei e ignorei, se ficasse perdendo meu tempo respondendo suas frases ficaria mais irritado ainda. Ele passou a mão em seus fios sebosos, arrumando sua franjinha tosca. "Se não concorda com minhas ideias, deveria sair daqui, pois todas são muito boas." Cocei meus olhos e prossegui com o pensamento. "Sunoo, somos do segundo ano do ensino médio, não do fundamental." Revirou os olhos. "Jura Nishimura?" Permaneci em silêncio. Alguns segundos depois, ignorei a discussão e abri minha boca. "Poderíamos fazer uma estação de teatro mudo, o que acha?" Deu de ombros. "Não é uma ideia ruim, e nem boa." Era previsível que o garoto não falaria bem de uma ideia da minha autoria, mas já estava mais do que claro que estava muito melhor das atividades que minha priminha de 6 anos adoraria fazer.

Planejamos como seria o stand de cabo a rabo, estruturamos um palco, cochias de ambos lados e uma pequena plateia, considerando os parâmetros que envolveriam o projeto. Como Kim preferia a parte de moda, fez rascunhos de 6 roupas que estariam presentes no camarim para as pessoas terem uma experiência mais imersiva.
O alarme da escola tocou. Quatro horas em ponto, era o horário de chegada dos pequenos, então ficaria um caos. Tive de me esclarecer com o garoto para sair naquele momento.

As 4:30 estava em casa, cumprimentei a minha mãe e minha irmã veio me abraçar, apenas retribui a ação. Deixei minha mochila encostada na parede do corredor e retirei meus sapatos ao lado da mala, indo em direção ao meu quarto. Fiquei observando meu teto enquanto pensava sobre Kim. Ele não era tão chato, mas Sunghoon também não estava errado. Em resumo, alguém chato de lidar com.

Sunghoon estava certo, mas não via o porque dele odiar tanto assim o garoto, Sunoo era apenas mais um metido entre vários.

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