3. A fraqueza

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Terça-feira, oito e cinquenta e sete da manhã, estava na enfermaria da escola junto a Kim, mas isso tem de ser contextualizado melhor.

Faltavam apenas 15 minutos para as aulas começarem, e visualizava Sunghoon conversando com Jungwon, algo peculiar, mas ignorei. Puxei meu celular do bolso e comecei a visualizar o Instagram, tinham várias meninas me mandando dm ou comentando em minhas fotos, mas nunca senti atração por nenhuma, sendo sincero. Talvez isso não seja pra mim. A aula de matemática se iniciou, estávamos vendo números fatoriais, algo insignificante, detesto matemática. Fiquei conversando com Park a aula inteira, já que Sunoo não queria sentar ao meu lado, e muito menos eu do lado dele. Questionei ao garoto o porque de sua conversa com Yang. "Sunoo descobriu algumas coisas suas, esse garoto é louco." "O que ele descobriria sobre mim? Não tenho nada a esconder." Indaguei em seguida. "Você tem um bom ponto." Hoon continuou. "Ele não me disse sobre o que era."

Sunoo acabou realizando uma piada de mal gosto no meio da sala de aula, revelando o que sabia. "VOU FICAR IGUAL O NIKI CHORANDO PELA MÃEZINHA" E então a sala inteira começou a rir, e todos os olhos estavam no garoto, que fervia de raiva. Kim poderia saber de qualquer coisa, menos isso. Era algo tão pessoal que nem Sunghoon sabia, foi uma das únicas vezes que eu chorei. Minha mãe estava prestes a morrer, e ele faz uma piada inconveniente dessas. Haha.

O sinal tocou, e logo chamei Sunoo em particular, abordando-o. "Onde você tava com a cabeça falando isso?.." Meus dentes e minhas mãos tremiam, raiva e tristeza juntas atuavam sob mim. "Ah, eu achei engraçado." Pisquei bem os olhos, não estava me conformando com o que passou por meus ouvidos. "Sério mesmo?." Sunoo suspirou, colocando sua mão em meu ombro. "Isso é só o seu primeiro dia, Nishimura, tenha ciência do que consigo fazer." Revirei os olhos, imitando-o. Dei um soco em seu nariz. "Vai me bater?" Ele riu, e POW!

Agora, cá estou eu.

Deixei um papel por cima da minha boca, estancando o sangue excessivo. Na minha mão esquerda, que estava vazia, segurava a outra metade sangrenta de meu dente. Metade do sangue que saia da minha boca estava em meu pescoço, era uma situação amedrontadora.

Eu odeio Kim Sunoo.

"O próximo é.. Nishimura Riki." Dizia uma enfermeira claramente exausta, que coçava seus olhos sempre que podia. Me levantei e fui a frente da mulher, disse o acontecido e ela logo aplicou uma gaze em minha boca, fiquei por volta de 10 minutos ali, não parecia funcionar. O gosto do sangue passando por minha boca me dava ânsia de vômito, e foi exatamente o que fiz. Pedi licença a mulher e logo vomitei no banheiro da enfermaria, e além da saliva, o mais presente era o sangue. Desespero seria a palavra para descrever aquele momento. Dentro do cômodo, eu comecei a chorar. Agora Sunoo poderia dizer a todos que chorei mais uma vez. Haha. Passei minha mão sob minha face toda enquanto lágrimas escorriam de minhas pupilas. Devido ao meu movimento com as mãos acima da boca, elas pegaram resquícios do ferimento. A enfermeira recomendou que eu limpasse minha boca o máximo possível, foi exatamente o que fiz, até voltar invulnerável.

Eu nunca senti que passei tão mal quanto naquele momento. E eu juro, que Sunoo passará pior.

O garoto via logo em seguida na lista da enfermaria, passando praticamente por o mesmo que eu, seu nariz estava muito sangrento. Nem me importei com o garoto, apenas saí do local e fui até a diretoria, procurando por uma autorização para sair mais cedo da escola por conta do machucado.

Voltei para casa no meio do dia, retornando ao meu quarto. Abri o Instagram em meu celular, visualizando a conta de Kim. O pior, é que ele era inegavelmente bonito. Apenas sua personalidade era uma das piores que eu já havia visto em 17 anos de vida. Meu celular começou a tocar, era Sunghoon. Não demorei a atender. Ele me perguntou se estava tudo bem, disse que não muito, mas não estava morrendo. Conversamos bobagens durante 5 minutos e os outros 5 foram só falando do babaca do Sunoo.

Pelo menos, estamos quites.

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