Falsidade

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Engulo em seco, eu já não queria mais falar sobre isso depois de ter sido cortado pelo toque do celular de Kazutora. Eu aperto mais o abraço, enterrando o rosto nele mais uma vez, como eu ia conseguir explicar isso sem chorar na frente dele de novo?

Ele ficou em silêncio, sua mão foi até minhas costas enquanto ele acariciava ali, tentando me confortar.

— você se lembra quando me deixou em casa da última vez? — Kazutora assentiu. — quando eu entrei em casa, Sekai estava aqui. Ela tem as chaves da porta, por causa do idiota do meu pai, que confia nela o suficiente pra permitir que ela tenha a cópia — a expressão dele ficou ainda mais séria, aquele olhar me fez ter arrepios, era a primeira vez que eu via aquela expressão. — e ela ameaçou contar o real motivo do nosso término aos meus pais, então, eu tentei impedir Sekai quando quando ela me ameaçou, e disse que queria ter relações comigo em troca do silêncio dela... Mas daí ela mostra o vídeo de nós dois se beijando que a mesma gravou... E com isso eu não sabia mais o que fazer, eu apenas entrei em desespero... E depois disso, Sekai.... ela... — eu não consegui mais falar, mesmo tentando os meus olhos se encheram de lágrimas ao se lembrar do que ela fez comigo.

— eu sinto muito, pequeno... — ele me abraçou mais forte, sua voz era quase em um sussurro, conseguindo me dar um pouco de paz e conforto. Jamais se passou na minha cabeça que Sekai faria algo tão podre ou tão nojento comigo, principalmente me forçar a transar com ela, sabendo como me usar pra cair em suas míseras manipulações.

Passei mais alguns minutos chorando, e mesmo assim ele não me soltava, o que resultou em um sono. Meu corpo estava cansado, igualmente a minha mente, machucado física e mentalmente, tudo por culpa dela.

Eu a odeio, e espero que ela seja infeliz pelo resto da vida.



Minha manhã não deixou de ser boa depois de passar dias dentro de um quarto, quase que apodrecendo. Kazutora continuava me ajudando, mesmo eu dizendo que não precisava, já que me sinto em condições de me virar sozinho em certas coisas. Minha mãe ainda não voltou pra casa, e meu pai ainda estava com sua amante, ficando só eu e Kazutora sozinhos aqui.

Liguei pra minha chefe, dando sinais de vida a ela. Agradeço por ela ser tão compreensiva, graças a sua bondade, eu ainda irei continuar trabalhando na biblioteca, e eu implorei pra ela tirar Sekai de lá, mas eu me sinto envergonhado e com medo de falar o motivo de eu implorar isso pra ela, a mesma acabou deixando Sekai lá.

— esse arroz está vencido... — sou tirado dos pensamentos quando a voz de Kazutora entrou em seus ouvidos. Eu estava sentado no balcão da pia, enquanto ele reinava nas comidas dentro do armário, olhar aquela cena era engraçada, ele parecia uma criança.

— acha mesmo que meus pais se preocupam com isso? — dei de ombros, eu passo o dia inteiro trabalhando na biblioteca, e tiro parte do meu salário pra almoçar fora. Mas em poucos casos, era eu que fazia as compras. — minha mãe se alimenta de álcool, e meu pai tem a amante dele pra lhe dar comida. — meus pés balançavam no ar, eu olhava pra o chão enquanto ficava pensativo.

— já tentou levar sua mãe pra terapia? — ele parou de mexer nas comidas do armário, vindo até mim e ficando na minha frente, fazendo meu olhar subir até encontrar o dele. — se bem que você também vai precisar...

— meu pai não permite — digo e deixo o bicolor confuso. — minha mãe e eu fazíamos terapia escondido, mas ele descobriu e acabou... — fico em silêncio por um momento, lembrar desse dia me deixou com o estômago revirando. — ...ele acabou fazendo minha mãe ir pra o hospital. Ele mesmo diz que terapia é coisa de louco, e que aqui dentro não há nenhum louco. — fiz ênfase no "louco". Kazutora suspirou, estralando a língua do céu da boca e segurando meu queixo com o polegar e o indicador.

Sempre você [Kazutora X Male reader]Onde histórias criam vida. Descubra agora