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(Maio de 2001)
Alexandra Claire atravessou o corredor em passos rápidos, mas silenciosos, tentando passar despercebido. Já havia passado da sua hora de dormir, ela sabia disso, mas estava tão ansiosa com o seu aniversário no dia seguinte, que não conseguiu fechar os olhos. Sua ansiedade instigou a curiosidade e ela se levantou da cama, saiu de seu quarto e se esgueirou pela casa até chegar na cozinha. Sua avó preparou várias comidas deliciosas para o aniversário, Alexandra queria ver, queria ter certeza que estavam todas na geladeira. Queria ter certeza que sua avó realmente tinha feito e que tudo era real, não um sonho. Seria sua primeira festa de aniversário, mal podia esperar.
Na família Becker, o décimo aniversário de um bruxo era um dia muito importante, era a iniciação na magia. Com dez anos, os bruxos começavam a ter aulas de magia de verdade, não mais feitiços bobos.
Por mais que o clã Becker estivesse praticamente extinto, a Mama Becker, avó de Alexandra, queria seguir as tradições de sua família e comemorar não só o aniversário da garotinha, mas a nova fase de sua magia.
Alexandra abriu a geladeira e seu rosto foi iluminado pela luz amarela da geladeira, seus olhos brilharam e sua boca encheu de água,vendo todos os doces e tortas doces e salgadas. Por um momento pensou em comer tudo o que estava em sua frente, então repensou. Sua avó tinha se esforçado muito cozinhando tudo aquilo, não poderia estragar a festa.
Ela fechou a geladeira, ainda muito animada e feliz. Com pressa, voltou para o seu quarto, Ao abrir a porta, se deparou com sua avó sentada na ponta de sua cama. A senhora continha um sorriso aconchegante no rosto, do tipo que faz você querer correr para os braços dela. Porém, Lexi não correu, ficou na porta esperando pelo sermão.
— Está tudo bem, Lexi. - Mama Becker disse em um tom baixo. — Venha se deitar. - Deu duas batidinhas no colchão.
A pequena fez o que Barbara Becker disse, deitando na cama, ficando debaixo dos cobertores.
— Animada com o dia de amanhã, certo? - perguntou e Alexandra confirmou com a cabeça. — Tudo bem. Eu não estou brava com você por ter se levantando no meio da noite, mas agora, volte a dormir.
— Vovó, pode contar uma história? - a bruxinha pediu.
Barbara fingiu pensar, ela não negaria, nunca negava.
— Bem... Era uma vez, há muito tempo atrás... - Mama começou a contar.
O teto do quarto se iluminou com luzes coloridas, como fogos de artifícios, e atrás da senhora, sombras começaram a se movimentar e a interpretar a história que ela estava contando.
— Uma família de bruxos vivia bem aqui, no French Quarter. A família era bastante conhecida, eram donos de muitas terras, tinham muito dinheiro. O que os mortais não sabiam, era que todos eram bruxos. - contou no tom baixo e sereno de sempre. Os olhos de Alexandra brilhavam enquanto ouvia. — Bruxos naturais, elementares.
— Como você? - perguntou.
— Como nós, Lexi. - Barbara respondeu, segurando a mão da neta. — Diferentes dos bruxos do coven local, o poder da família vinha unicamente da natureza e de sua força interior.
Atrás de Mama Becker, as sombras ganharam cores, ilustrando cada um dos quatro elementos.
— O coven ancestral não ficou feliz com o crescimento do clã elemental e isso causou uma guerra entre eles. Muitos vieram a falecer durante a briga que durou anos. – Ela suspirou, parando por um instante. Barbara queria que tudo aquilo fosse de fato mais uma história contada para crianças. — O clã elemental se rendeu, não queriam mais causar mortes inocentes, não queriam mais se machucar. Porém, o coven não aceitou e atacou uma última vez, levando o clã elemental a extinção.
— Eles trapacearam, vovô? - A expressão da garotinha ficou triste e ela se sentou no colchão, ficando aflita com a história e no que estava por vir.
— Atacaram quando ninguém estava olhando, pegando todos desprevenidos, sem deixar uma chance para que o clã se defendesse. – As sombras continuavam a interpretar e as luzes do teto mudavam ao decorrer da história, trazendo mais emoção.
— E depois? - Lexi perguntou, mas não tinha certeza se queria saber a resposta.
— Depois, os únicos sobreviventes tiveram que se esconder, e tudo o que tinham, foi levado.
As sombras encerraram a apresentação e as luzes se apagaram, o quarto voltou a ficar escuro.
— É o suficiente por essa noite. - Mama Becker se aproximou de Alexandra. — Bons sonhos, Lexi.
Ela deixou um beijo na testa da criança e se levantou da cama, se retirando do quarto.
Lexi deitou a cabeça nos travesseiros e fechou os olhos, devia descansar, seu aniversário seria em poucas horas e muita coisa mudaria.
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(Outubro de 2011)
Alexandra acordou assustada, olhando ao seu redor, percebendo que não estava mais em seu pesadelo e que poderia se acalmar. Ela se sentou na cama e acendeu a luz do abajur.
Respirou fundo e coçou os olhos. O suor escorria por sua testa, o quarto estava quente e abafado.
A morena se levantou da cama e caminhou até a janela, abrindo a cortina e a janela. Nova Iorque estava agitada, como sempre. Lá embaixo os carros não paravam, as luzes não se apagavam e as pessoas pareciam nunca ir dormir.
Enquanto sentia a brisa gelada contra seu rosto, Lexi fechou os olhos. Como em quase todas as noites, ela tinha sonhado com seu passado no coven, os piores anos de sua vida.
Sua paz foi interrompida pelo toque de seu celular.
Alexandra abriu os olhos e se virou, indo pegar o celular na escrivaninha. Assim que segurou o aparelho, seu cenho franziu e ela apertou os olhos. Leu mais de uma vez, para ter certeza de que estava lendo certo. Na tela do celular, o nome de uma antiga amiga estava escrito.
Sophie Deveraux estava ligando para Alexandra Claire.
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𝑭𝒆𝒆𝒍𝒊𝒏𝒈𝒔 - 𝑴𝒂𝒓𝒄𝒆𝒍 𝑮𝒆𝒓𝒂𝒓𝒅
Fiksi Penggemar𝘼𝙤𝙨 nove anos, Alexandra Claire foi expulsa do Coven Ancestral, acusada de traição contra seu povo e cultura. Foi abandonada por sua mãe e criada pela avó paterna, uma bruxa elemental. Anos depois, finalmente chega o dia da colheita, mas tudo dá...