01. Laços de Família

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ㅤO sol poente tingia o céu do Texas com tons alaranjados quando Ana Flores voltava para o seu humilde apartamento na pequena cidade de Uvalde. Ela carregava duas sacolas de mercado, onde provavelmente estava as compras da semana. Cada passo era pesado, carregando não apenas o peso das sacolas, mas também o fardo do desaparecimento de sua irmã mais velha, Maria Flores. Tudo tem se tornado mais difícil desde do ocorrido, já que juntas elas cuidavam de sua mãe viúva, cujo coração estava partido e a saúde fragilizada devido a morte natural e precoce do pai das garotas. Ana tirava as chaves do bolso e abria a porta do apartamento calmamente, encontrando sua mãe costurando na sala de estar.

ㅤ— O detetive ligou, mãe? — perguntou Ana, enquanto colocava as sacolas de compras em cima da mesa.

ㅤ— Não, eu sinto muito, querida — respondeu a senhora Flores com uma voz cansada.

ㅤAna estava com o coração partido desde o desaparecimento de sua irmã. A ausência de Maria deixara um vazio em sua vida, um buraco negro que ameaçava engolir tudo em sua volta. Maria desaparecera há dias, sem deixar vestígios. Era como se o tempo não passasse, tudo que a pobre garota conseguia pensar era no que poderia ter acontecido com sua irmã. Fugiu? Foi sequestrada? Está perdida? Cada possibilidade afundava ainda mais o coração de Ana. Suspirando, ela caminhou em direção a varanda, onde se sentou para tentar se distrair. Observava a rua, cada movimento, para que por pelo menos um segundo, a imagem de Maria pudesse sair de sua cabeça.

ㅤO tempo passa como um carrossel em um parque de diversões. Ana acabava de se sentar na varanda quando percebera que já estava anoitecendo. Ana se encontrava perdida em seus próprios pensamentos enquanto observava as sombras se estendendo no horizonte. Toda a sua rotina se resumia em esperar por qualquer sinal sobre o paradeiro de Maria, por uma ligação que fosse, ou por uma batida na porta, nem que fosse de Maria, ou das próprias autoridades. Naquele momento, toda a sua vida estava a fazendo esperar por algo que no fundo ela já estaria perdendo as esperanças.

ㅤO sol estava indo embora quando o telefone tocou, interrompendo os seus pensamentos. Ela pegou o telefone, esperando ansiosamente por notícias de Maria. Sua mãe havia saído de seu quarto e caminhava rapidamente em direção a sala. A voz do outro lado da linha era grave e autoritária.

ㅤ— Senhorita Flores, aqui é o detetive Ramirez. — disse a voz do outro lado da linha, fazendo Ana ajeitar seus cabelos castanhos. — Lamento informar que até o momento não temos novas pistas sobre o paradeiro de sua irmã.

ㅤAs palavras do detetive trouxeram um arrepio de medo e desespero para Ana. Ela apertou o telefone com força, lutando para manter a postura.

ㅤ— Por favor, detetive. — implorou ela. — Você não pode desistir. Maria está lá fora, em algum lugar, e eu não posso simplesmente ficar aqui esperando.

ㅤHouve uma pausa, um suspiro, antes do Detetive Ramirez responder:

ㅤ— Compreendo sua angústia, senhorita Flores. — respondeu ele com uma voz mais calma. — Mas por enquanto, não temos muito o que fazer além de continuar com as buscas. Por favor, tente se manter calma e confie em nós para encontrarmos a sua irmã.

ㅤUma onda de frustração tomou conta do corpo de Ana. Ela apertou ainda mais o telefone, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam transbordar. O Detetive Ramirez, provavelmente ouvindo alguns dos silenciosos soluços de Ana, tentou consolá-la:

ㅤ— A sua mãe precisa de você, senhorita Flores. Vocês devem apoiar uma a outra agora. — disse ele com um tom frio. — Vamos tentar fazer o possível para trazer sua irmã de volta, eu prometo.

ㅤ— Obrigada, detetive. — murmurou ela, sua voz tremendo de decepção. — Eu entendo.

ㅤMas no fundo de seu coração, Ana sabia que não podia simplesmente ficar parada esperando. Ela olhou determinada para a escuridão que assombrava Uvalde, sentindo um fogo ardente queimando dentro de si.

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