Capítulo 30

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- JULIE KOLVERS

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- JULIE KOLVERS

27 dias após a morte do Rafe...

O luto nunca foi e nunca será algo passageiro, depois de planejar grandes vinganças finalmente consegui sentir a verdadeira dor do luto. Eu já não estava com o sangue fervendo, muito menos com vontade de esfaquear alguém, eu acho... Eu estava fraca e sentimental, algo que não é nem um pouco comum vindo de minha pessoa, quase ninguém conhece o meu lado sensível, as vezes nem eu mesma lembro que existe esse lado em mim.

- merda, ficou inchado... - murmuro para mim mesma a me olhar no espelho

Eu passei a porra da noite inteira chorando e me derramando nos meus próprios pensamentos, eu não sabia ao certo o que se passava em minha cabeça naquele momento, a confusão e a bagunça que se mantinham presentes ali era o reflexo da minha vida atualmente. As lembranças de todos os momentos com o Rafe invadiram a minha mente durante toda a madrugada, eu não consegui dormir!
Não deixei aparente que isso me machuca para caralho, embora eu acho que todos os meus amigos soubessem que estava doendo e que a raiva era uma camuflagem dos meus verdadeiros sentimentos. Eu tentava os deixar invisíveis e fora dos meus planos, eu estava conseguindo, mas eu caí na real de que essa dor será algo que nunca irá passar, o luto será eterno, eu nunca irei superar a morte do único homem que eu amei em toda a minha vida.
Com certeza no momento esse era o meu ponto fraco, por trás de toda fúria e ódio no meu coração tem um pequeno espaço que é preenchido pela dor, hoje eu vejo que ele não é tão pequeno assim.

Por passar a noite inteira acordada eu só consegui pegar no sono 07:00 horas da manhã e só acordei agora exatamente 17:00 horas. Ficar em casa e encarar meu pai pelo resto do dia não está em meus planos, ele chegou de viagem e está com seus nervos a flor da pele. Eu precisava me distrair e espairecer, ficar deitada pelo resto de dia que me sobrava me jogaria em uma depressão profunda e sem fim.
Ao contrário de outras pessoas a minha forma de distrair a mente não consiste em bebedeira e festas, de vez em quando eu fumo, bebo e esqueço tudo ao redor, mas esses eventos são raros de acontecer.

O tipo de diversão que estou falando agora é a minha maior paixão, rachas de rua. Por mais que fosse arriscado por toda a situação que estamos passando e por eu está emocionalmente abalada a minha mente me convencia de que nesse momento só a adrenalina que os rachas me proporcionam pode me ajudar a espairecer.

Então finalmente tomei coragem e me levantei da cama, eu estava péssima. Meu corpo inteiro doía, meus olhos estavam inchados, vermelhos e com olheiras.

Caminhei lentamente até o boxe, joguei meu pijama longe, entrei de vez na ducha de água fria e descansei embaixo dela, esquecendo do mundo ao redor, apenas tentei focar em não surtar e lutar para não enlouquecer de vez!

Após acabar o banho eu fui até o meu closet caçar uma roupa confortável e quente, afinal estamos no começo do outono e o clima aqui em NY é bem frio. Optei por uma calça de moletom preta, uma regata e minha jaqueta de couro que iria me manter aquecida independente da temperatura.

Hoje seria corrida apenas de motos então optei pela minha Tiger 800 que tinha uma boa velocidade e manteria o equilíbrio na pista molhada.

Sai do quarto e desci as escadas em passos lentos e silenciosos, não podia deixar que ninguém me visse. Fui até a garagem segurando meu capacete e a chave da Tiger, dei partida devagarinho e segui para a pista que hoje a escolhida foi a pista principal 02.

Ao chegar próximo a entrada da pista senti um calafrio percorrer todo o meu corpo, a sensação de voltar às pistas depois de tanto tempo longe era angustiante. Todos me olhavam sorrindo, a minha volta com certeza causaria tumulto entre aqueles que sempre me admiraram, meu público nos rachas de rua sempre foi um tanto grande, isso não posso negar.

Mantive meu olhar focado em todos, eles sorriam e acenavam para mim enquanto eu passava com minha moto. Aquilo de uma certa forma me confortava, sempre gostei da administração que as pessoas demonstravam por mim.

Não precisei falar nada para conseguir entrar nos rachas de hoje, em todos os rachas de hoje, afinal posso está afastada mas eu ainda mando aqui! Depois de quase um mês a rainha das pistas finalmente estava de volta, e como é bom está de volta.

Entrar na pista com tudo e sentir toda aquela adrenalina me fez reviver. Sai disparada pela pista, ultrapassando todos os outros corredores, eu não ligava para o vento frio, a pista molhada e as curvas, eu estava me redescobrindo ali. Eu não queria aceitar isso, mas as pistas fazem parte de mim, elas me acalmam mesmo me trazendo vários momentos complicados.

Ganhar todos os rachas essa noite foi mais do que incrível, porém sobrou o último racha, eu não fazia ideia de quem iria correr comigo, afinal todos os corredores ali disponíveis já tinham participado. Não me importava com isso no momento, apenas segui até a linha de partida ouvindo meu nome ecoar da plateia.

Quando me aproximei da linha de chegada pude reconhecer de longe quem era o meu "adversário"

- Julie o que pensa que está fazendo? - interrogou

- mãe, o que faz aqui? - respondi

- eu vim te buscar, o que anda pensando? - me encarou - Julie você corre risco de morte, Tubarão está de volta! - afirmou

Aquelas palavras me  desnortiaram completamente, merda eu poderia realmente morrer?

- onde ele está? - interrogo assustada

- vindo para cá. - assentiu

- puta merda... - resmunguei

- vamos para casa, agora! - afirmou

Segui ela com minha moto e pilotamos o mais rápido para casa torcendo para que não encontrássemos com o Tubarão, desconfio que minha mãe já saiba que eu explodi o galpão dele, por isso veio atrás de mim.

Chegando em casa ela abriu o portão e nós entramos guardando as motos na garagem

- tem sorte que não vou falar nada a seu pai. - assentiu antes de entrar para casa e me largar para trás

- ótimo... - resmungo

Continua...

The Inevitable - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora