Quando as civilizações foram dizimadas pelo calor, só os mais ricos se mantiveram. O dinheiro realmente era nossa sorte e a ciência era nossa única esperança. Os que acreditavam em Deus foram perdendo sua fé, e os restaram se apegavam na crença de que tudo se tornava melhor depois da morte. Acreditar que existia algo bom após toda a provação da terra em vida era o que mantinha muitos de pé para lutar por mais um dia. Nossa colônia teve muitos dias de glória e guerra e ainda se mantem de pé graças a pessoas de inteligência absurda, mesmo apos a trama de separação.
No meio do deserto, cercados por quilômetros e quilômetros de areia e sol escaldante se encontra um domo de tonalidades quase invisível de verde, a cor da tecnologia, segundo os antigos. Verde como a folhagem que cerca as rochas gigantescas que formam nossa colonia, cheia de vida, de luta e orgulho. Orgulho de ter se tornado uma das unicas que acolhe o que verdadeiramente importa.
Somos filhos das guerras que se formaram da necessidade, necessidade de ser forte e lutar por mais um dia de sobrevivência. É isso que rodeia minha mente enquanto ouço os saltos de minhas botas ressoarem sobre o chão de metal por onde passo acompanhando o general Kim e a equipe montada, pronta pra mais uma nova missão de busca, essas missões tem se tornado comum nos últimos meses, graças a um novo inimigo que parece querer acabar com todas as colonias existentes que ainda se mantém pelo planeta.A última foi a Ravina Colom, restaram poucos, a destruição foi tamanha que o domo que os protegia foi destruido, e tudo do lugar foi exposto a radiação solar.
Ravina Colom era nossa aliada verde, uma das últimas colônias que se juntaram a nós com o propósito de recuperar nossa terra aos poucos. A Dama Verde adorava visitar o lugar em qualquer oportunidade que tinha, todos diziam que ela parecia mais viva quando voltava de suas visitas. Talvez fosse pelas espécies que trazia quando voltava. Esse era um dos motivos das nossas Missões.A de hoje era um pouco diferente, costumávamos buscar por espécies de plantas e animais que habitavam a Ravina, hoje iríamos tentar recuperar os drones perdidos. É pra ser rápido e tranquilo, se desse tudo certo, a próxima missão ia ser de mandar eles para o céu outra vez.
-General? O foi portal acionado.- Todos ouvimos a voz robótica do computador de comandos e foi inevitável não se formar um burburinho preocupado de por que o portal foi acionado sem a ordem do general.
-De onde vem o sinal?-Foi a unica coisa que o general ousou dizer enquanto caminhávamos ainda mais rapido em direção a sala de comandos, o que conseguimos alcançar em poucos passos e ter a visão das cameras do patio, o que facilitava a vista ja que a sala de comando ficava no meio da rocha mais alta da formação, e a janela de vidro que cobria toda uma parede não nos possibilitava uma visão muito precisa. As câmeras mostravam o interior do portal brilhando em roxo e nada mais que isso.
-Vem da Ravina Colom, não parece ter nada passando por el_espera um segundo...- a voz robótica cortou a si mesmo e aproximou a imagem em uma das telas centrais.
Um homem.
Um homem que parecia carregar alguém nos braços passou pelo portal e se agachou a apenas dois passos da passagem, deitando a pessoa que carregava nos braços sobre o chão com muito cuidado, como se pudesse quebrar algo ou algum osso de fizesse algum movimento mais brusco. Deixou um beijo sobre a testa do que olhando melhor, parecia ser um adolescente desacordado.
-Meredite.- O Capitão falou e eu sabia que era minha deixa. A janela de vidro se abriu mais rápido do que o pulo que eu dei rocha a baixo, acionando os foguetes das minhas botas e voando o mais rapido que podia em direção ao portal.
Não foi rapido o suficiente. O homem olhou em minha direção e saltou de volta pelo portal e o mesmo se fechou.
Parei, assim que o portal se fechou e me pus a encarar a cena. Estava perdida, prostada a cinco metros do chão sem conseguir me mecher. Coisas assim não aconteciam em nossa colônia.
Olhei na direção que tinha vindo e todos que tinha deixado pra trás se mantinham em pé próximos a janela, pareciam todos estáticos como eu.
-General?- O chamei pelo ponto em meu ouvido e não tive resposta alguma.
Desci até o chão e me aproximei do menino desacordado, ele tinha um ferimento na testa e aquela parecia a causa de seu desmaio.O garoto se moveu e os olhos se abriram, me agachei ao lado e ele me estendeu a mão fechada, oa olhos voltaram a se fechar e a mão antes erguida, foi ao chão e só ouvi o som de algo metálico se chocando com o chão, quando olhei da direção do barulho, vi um objeto roliço e mais ou menos do tamanho de um dedo rolando escada a baixo da entrada do portal.
Era um HD.
Voltei meu olhar para o garoto e ele franzil a testa, agora suada e soltou um gemido de dor.
Não estava inconsciente, estava caminhando para a morte...
-Chamem um médico!
Gritei a plenos pulmões como se o volume da minhas voz fosse necessária para entenderem a urgência e pareceu funcionar, ja que em poucos segundos algumas ppucas pessoas chegaram.
E enquanto iam ao socorro do menino, me pus de pé e andei até o objeto caido no pé da escada e entalhado no metal dourado tinha algo escrito.
"Golden Ravin".
A ravina do ouro.
A ravina que sumiu das planícies de areia a quase vinte anos, sem rastros.
Sem qualquer sinal de sua existência deixado para trás...

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Meredite
Ciencia FicciónEm um futuro que pode ser considerado distante segundo a nossa expectativa de vida, depois do nosso planeta entrar em uma desordem climática quase que se tornando inabitável, os que sobraram tentam sobreviver. Existem algumas colônias em lugares d...