- Sentir o mesmo? - Ele gargalhou. - Quer que eu me apaixone por você, é isso?
Desviei os olhos, para que ele não percebesse que estavam cheios de lágrimas. Richard havia acabado de partir meu pobre coração em um milhão de pedacinhos, mas eu não daria esse gostinho para ele.
Eu era mais do que apaixonada por aquele cara. Desde a primeira vez que coloquei os meus olhos nele, aos 13 anos, meu coração dava um salto tão forte que parecia um ataque cardíaco. Não conseguia evitar minhas pernas bambas e meu rosto queimando toda vez que ele estava perto de mim. Richard tinha o poder de me fazer virar um sorvete embaixo do sol, derretendo e se espatifando aos seus pés. Era patético.
- Você é um babaca. - Falei, mantendo minha voz firme.
- E você é maluca. - Ele retrucou ainda rindo. - Você nem faz meu tipo.
Isso é o que veremos, pensei.
- Realmente não sou seu tipo. - Eu não podia sair por baixo, então resolvi provocá-lo de volta. - Eu sou muito superior.
- Que humildade em. - Ele debochou. - Quero ver o que você vai fazer quando eu contar para sua mãe a loucura que você fez saindo por aí de madrugada...
- Pode contar. Meus pais vão amar saber que você me chamou para dar uma volta e me levou para a sua casa. - Eu interrompi, num tom malicioso.
- Mas não foi isso que aconteceu. - Richard ficou confuso.
- Mas é isso que eu vou contar, bobinho. - Foi minha vez de rir. - Em quem acha que vão acreditar? Na boa menina ou no grande filho da puta que você é?
Ele empalideceu e eu me enchi de coragem ao estar no comando da situação. Eu estava no topo do mundo. Quase esquecendo que ele havia me rejeitado. Quase.
- Você não faria isso...
- Faria sim. Pode acreditar que eu faria! - Interrompi, cheia de raiva e mágoa.
Estava andando a passos rápidos. Só queria chegar em casa logo e fingir que aquela conversa nunca aconteceu.
Foi uma ideia idiota. O que eu estava pensando? Que alguém como ele poderia gostar de mim? Fala sério. Isso tudo era culpa da Elisa, que me encorajou nesse plano ridículo.
"Vai atrás dele, boba. Se você abrir seu coração de uma vez, pode ser que dê em alguma coisa. Melhor do que ficar sofrendo pelos cantos e suspirando sonhando acordada igual agora", ela havia me dito quando estávamos sentadas atrás da porta do porão, mais uma vez espionando Richard.
Eu vivia escrevendo cartas de amor, poemas e anotava o meu nome e o dele, dentro de um coração, na última página do meu caderno. Colecionava objetos que ele esquecia na minha casa (ou que eu roubava sem que ninguém notasse) e até nas minhas calcinhas, eu escrevi vários R's de canetinha.
Elisa dizia que aquilo já beirava a obsessão, mas eu não me importava. Estava sempre rondando ele, mesmo quando o garoto não percebia. Me esgueirava e o espiava por detrás das fechaduras do quarto do meu irmão, do porão ou onde quer que ele estivesse. Persegui-lo era meu passatempo favorito.
Richard era um canalha de marca maior e me doía a maneira como eu escutava ele falando sobre as mulheres. Das suas conquistas, as groupies que pegava depois dos shows e toda essa merda.
Eu me odiava por sentir inveja de cada uma daquelas garotas que passavam por suas mãos e braços fortes.
Mas o que eu podia fazer se ele mal me notava? Só sonhar em estar envolta por todos aqueles músculos bem trabalhados e tatuados, acariciando seus lindos cabelos longos e mordendo aquele piercing sexy que ele tinha na boca.
Mesmo naquele momento, após a rejeição, eu ainda respirava com dificuldade por estar tão perto dele, daquele cheiro delicioso que ele emanava.
Ele me parou pelo braço, quando já estávamos praticamente chegando na rua da minha casa.
- Olha, Kristen, eu entendo que está chateada. - Ele começou a falar com a voz calma. - Mas isso não é motivo para agir dessa maneira.
O toque dele no meu braço, mesmo que por cima do suéter, me fez suar em pleno frio. Eu me desvencilhei depressa para pensar com clareza, mas senti minhas bochechas esquentando. Só me faltava ficar corada. Eu odiava não ter o controle dessas coisas.
- Para de falar comigo como se eu fosse uma criança. - Eu apontei o dedo na cara dele. - Você não é ninguém para querer me dar lição de moral, okay?
- Tá, tá. - Ele enfiou as mãos nos bolsos da linda jaqueta de couro que vestia. - Não foi legal da minha parte ter debochado de você. Me desculpa. Melhor agora?
Não, não está melhor, minha consciência gritava.
Eu não respondi nada, apenas abaixei a cabeça, sentindo meu coração pesando e pesando com a desilusão.
- Mas você precisa me esquecer. Deixar essa paixonite infantil de lado. - Ele prosseguiu, ao me ver calada. - Você é uma garota muito bonita e legal, deve ter milhares de caras da sua idade te querendo na escola...
- Mas eu não quero nenhum deles. - Deixei escapar, erguendo meus olhos para olhá-lo.
Ele havia dito que me achava bonita? Droga, coração, não se iluda novamente.
- Merda, Kristen, não me olha assim... - Ele disse num tom de voz diferente. Um que nunca usou comigo. Tão cálido...
Eu prendi a respiração quando ele foi se aproximando de mim, bem devagar. Fechei os olhos ao sentir os dedos dele passarem por minha nuca, para puxar o colarzinho que eu sempre usava para fora do suéter.
Foi um presente de Elisa. Um colar da amizade prateado com um pingente de coração e um K. talhado. Ela tinha um igual com a letra E.
Ele me puxou pela corrente para ainda mais perto e a boca dele ficou a centímetros da minha. Nossas testas e narizes estavam colados e eu senti pela primeira vez o cheiro de cigarro e hortelã da sua boca. Fiquei completamente inebriada.
Eu arfava tão pesadamente que era embaraçoso. Meu corpo reagia a ele sem que eu pudesse evitar. Parecia tão natural quanto o ar que eu respirava.
Ah meu Deus. Meu primeiro beijo, que guardei só para ele durante todos esses anos, finalmente ia acontecer. Eu não podia acreditar. Não podia ser real.
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K.
FanfictionKristen era a irmã caçula de Jake, meu melhor amigo. Ela tinha 17 anos e era uma peste. Sempre provocando e se intrometendo em tudo. "- Bem... Eu não sei por onde começar... - Ela baixou o rosto, tão vermelha quanto um tomate. Por alguma razão, eu s...