Quando coloquei os meus pés em frente ao portão da escola, levantei a cabeça e segui em frente. Minhas mãos tremiam um pouco, mas não chegavam a suar.
Força. Sem cambalear. Um em frente ao outro. Em linha reta. Você consegue.
Meus pés estavam sendo obrigados a andar para frente por mim mesma, eu os forçava a colocar um em frente ao outro.Era tanta gente que não tinha espaço para caminhar. Uma vez ou outra, eu levava um empurrão tão forte que podia me jogar para longe, mas meus pés estavam colados no chão. Nem me dei o trabalho de pedir licença, pois era óbvio que eles não iriam me escutar.
Quando finalmente levantei a cabeça, notei que havia um jardim com alguns bancos, mas sem pessoas neles ou em pé ocupando espaço no gramado. Um ótimo lugar para ter um tempo em silêncio.
— Você chegou! Está muito nervosa?
Eu sei que Soo-Jin queria que eu relaxasse um pouco, mas eu garanto que no primeiro dia de aula dela também ficou assim.
— Só um pouco. Você sabe como achar as salas de aula?
— Não sei, eu só sei a minha porque é a mesma do meu irmão. Espera, vou te levar até o meu irmão, eu garanto que ele está com os amigos dele, você quer conhecer os veteranos boxeadores, não é?
Arregalei meus olhos e me animei. Podia jurar que meu pé estava batendo no chão como se eu tivesse sentada.
— Quero. Eu quero muito.
Abri um sorriso involuntário e segui a mais velha que traçava um caminho entre os adolescentes, parecia que ela sabia como se comportar aqui.
Quando ela parou, eu parei e olhei para frente, avistando um trio de meninos, um deles tinha o rosto redondo, bem parecido com a Soo-Jin. Eu conheci o Sung-Jin já faz um tempo, lembro quando ele buscava a sua irmã na nossa antiga escola.
Ele comprava picolés e chocolates com formato de guarda-chuva para nós duas comermos no caminho de casa, lembro até hoje do gosto do chocolate com gordura hidrogenada. Mesmo grudando no céu da boca, eu ainda pagaria o que for preciso para provar um novamente.
— Hae-Moon! Há quanto tempo.
O mais velho me abraçou, enrolando seus braços no meu pescoço. Era sufocante, mas divertido.
Ele tinha cabelos escuros e olhos castanhos, um tom muito parecido com a cor dos olhos do homem de ontem. Não sei se foi impressão minha, mas pensei que por um momento meu coração tinha doído, errado uma batida ao lembrar a imagem dos círculos brilhantes de íris marrom. Ele usava uma calça preta da Adidas, uma camisa vermelha e um corta-vento preto e vermelho por cima.
— Oi, Sung-Jin. Você ainda luta boxe, não é?
— Na verdade, não, eu parei este ano porque precisava de dinheiro, então tive que deixar os treinos para ter tempo para trabalhar.
— Que pena, justo agora que eu estou pensando em entrar para a KBG.
— A Knockout Boxing Gym? Nós dois fazemos aulas lá.
Os outros dois meninos que estavam ao seu lado deram um passo à frente. O de cabelos cacheados comentou enquanto se pendurava no pescoço do outro menino. Ele precisava ficar na ponta dos pés, já que o de cabelos lisos era mais alto.
Eu arregalei rapidamente os meus olhos quando conheci os rostos. Jeong Min-ho, o mais velho do trio, também conhecido como a esperança dos fuzileiros. Ele voltou no final do ano passado do exército americano. Para isso, ele teve que rodar dois anos na escola.
— Jeong Min-ho... Sr. Jeong.
— Diga, minha cara, mas não me contate com tanta formalidade assim. Me chame de o Rei dos fuzileiros, ou o melhor lutador que já pisou na terra, ou - Sung-Jin empurrou o seu ombro, interrompendo.
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Dias Ruins
Science-Fiction"Para você, que me mostrou que dias ruins, assim como você, também terão o seu fim." Os dias ruins sempre estiveram ao lado de Choi Hae-Moon. Dês de pequena morava com o avô, que a ensinou tudo o que sabe, a acolheu e a alimentou. Hoje é o dia mais...