Acorrentados

E se?

"Não acha que devemos contar para a Charlie? Lúcifer, talvez? Eles tem mais poder do que os Vês", Husk questionou enquanto estendia uma bolsa de gelo para Angel.

Angel pegou a bolsa e colocou sobre seu olho machucado antes de responder a pergunta, "Não. Nem eles podem quebrar um contrato de alma, só quem negocia, e o Val nunca faria isso."

Isso era verdade, a menos que Valentino cancelasse o contrato dele, Angel nunca se libertaria.

"Deveria existir algum jeito", Husk continou, cabisbaixo.

"Você e eu sabemos muito bem que não existe. Você mesmo disse, não dá pra voltar atrás", Angel completou.

Husk pensou um pouco, ele realmente tinha dito isso há alguns meses.

"Ei, gatinho...Pelo menos somos inúteis juntos, né?"

Husk sorriu para Angel, mas ainda não suportava o fato de que ele continuaria voltando para casa machucado, física e psicologicamente.

"Ainda acho que a Charlie deveria saber", Husk começou a enfaixar o pulso de Angel.

"Husk, eu amo a Charlie e é por isso que ela não pode saber. Ela têm essa mania de proteção e tenho medo que algo aconteça com ela. Entende? Não é por mim, é por ela."

"E quando vai ser por você?"

Essa pergunta pegou Angel desprevenido, ele apenas desviou o olhar, "Eu fiz minha escolha há anos atrás, eu sou o único que precisa pagar por isso."

Angel ainda se lembrava do dia em viu Valentino pela primeira vez. O dia em que sua vida mudou, para pior.

Anthony, seu nome de verdade, havia morrido em 1947 por uma overdose de drogas, mais especificamente a fenciclidina ou "Pó de Anjo". 

Ele sempre conseguiu se virar no Inferno com alguns bicos, até que conseguiu um emprego em um clube, foi ali que tudo começou.

Valentino era um cliente regular, mas passou a manter seu olhar fixo em Angel desde o viu pela primeira vez. Angel não negava que realmente se sentiu atraído pelo soberano e por isso cometeu o erro de se entregar por inteiro.

Tudo parecia normal no início, Valentino parecia realmente interessado e Angel estava realmente apaixonado. Até que o contrato chegou...

"Assine aqui e ficaremos juntos para sempre, mi amor..."

Essas foram as palavras que a mariposa disse ao fazer um contrato e uma caneta de pena aparecerem na frente de Angel.

O demônio aranha não hesitou nem por um momento e assinou seu nome ao lado de um coração, sem saber o que isso significava. Eles realmente ficariam juntos para sempre, pois sua alma agora pertencia a Valentino.

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Husk.

"Pronto, acho que isso vai servir. Mas ainda acho que o pessoal vai reparar nas bandagens."

Angel suspirou, "Argh, eu invento alguma coisa...Assalto, briga de gangue, tanto faz."

Husk se levantou da cama de Angel segurando o kit de primeiros-socorros e se preparou para deixar o quarto, até que ouviu o telefone de Angel tocar.

"É o Val...", Angel olhava para a tela assustado.

Husk rosnou por instinto, o soberano já não tinha feito o suficiente? O que ele queria agora?

Angel não tinha muita escolha a não ser atender.

"Alô?"

Valentino: Angel, amorcito, só liguei pra saber como você está. Me desculpe por hoje, você sabe como o trabalho me deixa estressado, não é?