Faça Sua Jogada

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Valentino estava extremamente enraivecido com a situação de Angel. Ele não suportava o fato de que seu funcionário pudesse ser feliz longe dele. Valentino não o amava, nunca o amou, mas não conseguia aceitar o fato de que estava perdendo o respeito dele.

"Putinha ingrata", ele dizia ao ter mais uma de suas ligações recusadas por Angel, "Quando ele chegar aqui amanhã..."

Ele não conseguia acreditar na ideia de que Angel não apenas se contentava, mas amava alguém como Husk, que nem era mais um soberano. Ele conheceu o demônio gato quando ele tinha poder, mas nunca conversaram o suficiente a ponto de terem qualquer tipo de relação, eram apenas conhecimentos superficiais. Agora, Valentino sentia ódio puro por ele e, obviamente, descontava tudo em Angel.

Não havia um dia em que Angel realmente tivesse um dia completamente feliz e isso também aumentava a raiva de Husk em relação a Valentino. Sempre havia alguma coisa, sangue, hematoma, roupa rasgada, qualquer coisa.

Mas isso não era o suficiente para o demônio mariposa, ele queria acabar com aqueles que considerava uma ameaça ao negócio dele.

Ele já havia realizado um ataque contra Husk, pois ele sabia que Angel faria qualquer coisa para protegê-lo, inclusive terminar com ele. Mas, aparentemente, isso não tinha dado certo, visto que os dois ainda estavam juntos e Angel desfilava com sua aliança pelo estúdio.

Angel também fazia questão de esbanjar sua felicidade, fazia questão de mostrar que ele conseguiu vencer de alguma forma sem a ajuda de Valentino e isso corroía o soberano por dentro. Valentino sentia que estava perdendo poder e isso era inaceitável. Portanto, resolveu abraçar novas estratégias...

~

"Val, me solta!", Angel estava prestes a sair do estúdio quando Valentino o agarrou pelo braço.

O demônio mariposa o fez olhar para ele, "Escuta aqui, você tá perdendo cada vez mais a noção do perigo, acha que aquele bosta vai conseguir te salvar disso?!"

"Deixa a gente em paz! Eu já tô fazendo meu trabalho, não tô?!"

De repente, um tapa foi ouvido. Angel passou a mão pelo seu rosto ao sentir sangue escorrer pela sua bochecha, aquelas malditas garras...

"Eu juro por Deus que quando eu chegar no meu limite, eu vou ter uma cabeça pendurada na parede do estúdio..."

Angel balançou a cabeça de um lado para o outro, assustado, com medo de que algo acontecesse com Husk por causa dele, até que Valentino agarrou o rosto dele com uma das mãos, "E não importa de quem vai ser."

Ao ser jogado ao chão, Angel buscou se levantar o mais rápido que podia e correu dali sem olhar para trás. Valentino sempre cumpria com suas ameaças, ele não iria descansar até ter o que queria.

Ao chegar no hotel, Angel fingiu que estava tudo bem, mas o machucado em seu rosto já entregava tudo e ele já sabia que nada passaria despercebido por Husk.

Angel explicou tudo para seu parceiro, e deixou claro que tinha medo do que o soberano podia fazer com o bartender. Mas Husk não demonstrou nenhum tipo de medo.

"Se ele está tão confiante sobre me matar, que faça. Vamos ver se ele realmente tem coragem."

Angel ficou perplexo, "Porra, você não entende?! Ele já atacou você! Ele é doente!"

"Cão que ladra não morde, Anthony."

"Mas ele morde! Ele morde e mata! Eu sei que mata, Husk! Eu sei do que ele é capaz!", Angel agarrou os braços de Husk com força.

"Mas ele não sabe do que eu sou capaz", Husk respondeu.

Angel não sabia mais o que dizer, ele realmente tinha medo. Ele não deveria ter provocado Valentino e se sentia horrível por ter colocado Husk na mira dele. Com um olhar assustado, ele apenas puxou seu namorado para um abraço, "Por favor, eu não quero te perder."

Husk retribuiu o gesto, "E não vai. Eu juro."

Husk sabia que se intrometer na vida profissional de Angel poderia apenas causar mais problemas, mas ele não aguentava mais ver o medo nos olhos de seu parceiro. Pela primeira vez, ele sentia vontade de agir, lutar pela única pessoa que importava para ele. Talvez fosse hora de enfrentar Valentino no próprio jogo dele.

~

O dia seguinte foi mais um dia de gravação, mas nem Valentino e nem Angel esperavam pelo que estava por vir, uma única batida na porta do estúdio foi o suficiente para mudar tudo.

"Sr. Valentino, têm alguém aqui querendo falar com o Angel", um diabrete apereceu parcialmente na porta, tentando não causar nenhum incômodo. Para a sorte dele, eles estavam no intervalo.

"É melhor que alguém esteja morrendo", Valentino disse irritado.

"É importante sim", uma voz veio do corredor, uma voz que Angel rapidamente reconheceu e quase cuspiu a água que estava bebendo.

Husk logo entrou no estúdio. Valentino, com certeza, não esperava que o demônio gato fosse tão audacioso e não soube como encarar aquela situação. Angel se aproximou rapidamente e puxou seu parceiro de canto.

"O que tá fazendo aqui?"

Husk estendeu o celular de Angel para ele, "Eu não vim causar problema. Você esqueceu isso aqui, achei que pudesse precisar."

Era mentira, ele mesmo havia escondido o aparelho. Ele se sentia mal por isso, mas precisava de uma desculpa para ir até o estúdio encarar Valentino e mostrar que as ameaças do soberano não o afligiam.

"Olha só quem resolveu dar o ar de sua graça! Quanto tempo Husk", Valentino se aproximou dos dois e se dirigiu a Husk.

"Digo o mesmo, Valentino", o bartender respondeu.

"Já recuperou seus poderes ou o Demônio do Rádio ainda fala por você."

Angel rezava para que Husk não perdesse a cabeça, aquilo não acabaria bem.

"Eu nunca deixei de falar por mim mesmo. E você, já age como um adulto ou o Vox ainda precisa cuidar das suas birras?"

"Fodeu", Angel pensou.

O rosto da mariposa estava visivelmente vermelho e ele ficou com mais raiva ainda ao ver seus funcionários e produção sussurrando sobre a cena que haviam presenciado.

Husk estava satisfeito por ter deixado Valentino constrangido e se preparou para deixar a sala, "Bom, eu só vim entregar o celular do Angel, acho que não tenho mais nada para fazer aqui."

Antes que ele pudesse sair, Valentino o segurou pelo braço, "Quem você pensa que é, seu porra?", ele sussurrou, tentando não chamar mais atenção.

"Eu? Sou só um bartender inútil, Valentino", ele se soltou da agressão do soberano, "Mas eu ainda tenho velhos truques na manga. É melhor você nunca mais me ameaçar ou ameaçar o Anthony."

Os sussurros eram audíveis para que Angel pudesse ouvir e, por mais que ele estivesse preocupado, não pôde deixar de sorrir ao ver Husk o defendendo daquele jeito.

"Eu acabo com a sua raça", Valentino continuou.

Husk se virou uma última vez antes de sair do estúdio, "Tenta a sorte, faça sua jogada."

(A/N: Desculpa a demora, mas eu voltei!)

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