Capítulo 10

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Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 03 de Março. Edifício. Apê 18.

Isadora Bittencourt

— Isadora Bittencourt Taylor! — ouço minha madrasta chamar.

— Em primeiro lugar, é bom dia. — tiro a coberta de cima de mim, a olhando.

Pior jeito de acordar em um domingo! Deus que me livre. Mulherzinha insuportável. Oh, Deus. Eu não mereço isso. Ninguém merece essa minha madrasta, a Margarida.

— Tem um rapaz lá em baixo. Aguardando por você. — avisa.

Rapaz? Como assim? Uma hora dessas?
Não é possível. Hoje será um dos PIORES dias da minha vida. Com certeza. Não há dúvidas sobre.

— Já vou. — levantei, sonolenta.

— Vai logo! — pediu, autoritária.

Minha madrasta saí do cômodo. Passo as mãos no rosto, afim de despertar completamente. Caminho em direção as cortinas, abrindo. Fiz minha rotina matinal, vesti um cropped azul, um short jeans azul, tênis Adidas, amarrei meus cabelos em um coque, peguei o meu celular, saindo do quarto, descendo as escadarias, até adentrar a cozinha, vazia... Um milagre.

Mais uma voz feminina resolve ecoar pelo cômodo. Margarida.

— VAI LOGO, ISADORA! — gritou, com irritação.

Ah, é. O rapaz. Tinha até me esquecido desse mísero detalhe. Mais uma hora dessas? Não são nem 08:00h da manhã.

Giro os calcanhares, passando pelos cômodos, saindo do apartamento, descendo de elevador. Passei pelo porteiro, saindo do edifício, avistando um veículo estacionado poucos metros à frente do local. Um rapaz encostado no capô do carro luxuoso. Quem mais poderia ser? Talentoso atacante do Flamengo, Pedro Guilherme.

Me aproximo do mais velho. Uma de minhas mãos vão até o ombro dele, acariciando levemente. Nossos olhares se cruzam, mais uma vez, me fazendo sentir aquela conexão indiscutível.

— O que faz aqui, jogardozinho?
— perguntei, curiosamente.

— Vim ver você. — respondeu, com um sorriso em seus lábios.

Isso mexeu comigo. Até mais do que o esperado por mim.

— Que declaração mais linda! — digo, colocando uma de minhas mãos no coração, irônica.

— Bora? — perguntou, elevando uma de suas sobrancelhas.

— Onde, meu filho? — perguntei, confusa.

— Sei lá. Passear? Tô sem nada para fazer hoje. Tá um tédio só. — afirma.

— Engraçado, o senhorzinho não tem NADA para fazer, e vem me atazanar na minha casa, flamenguista? — perguntei, cruzando os braços.

— Nada como "atazanar" uma vascaína. — pisca um dos próprios olhos na minha direção.

— Folgado! — exclamei.

— Estressada. — devolve.

— Sou mesmo. — respondi, convencida.

— Cê vem? — perguntou, caminhando até a porta do veículo, motorista.

— Não sei. Nem tomei café. — respondi, pensativa.

— Passamos em qualquer lugar. Aí você come alguma coisa. — responde, entrando no veículo.

É melhor do que ficar naquela casa, né?

— Tá bom. — entrei no veículo. Curtiu a festa? — perguntei, colocando o cinto de segurança.

— Sim. — respondeu, sorrindo. Tava até melhor do que imaginei.

Ah, claro! Ele deve ter ficado com sei lá quantas. Afinal, os jogadores são muito desejados pelas mulheres, imagina em uma festa, ainda mais lá na casa do Gabigol, principal jogador do clube.

— Entendi. — assenti.

— Não imagina coisas, vascaína. — me repreende.

— Imaginando? — indaguei. Nada.
— neguei.

— Sei... — diz, desconfiado. Não fiquei com mulher alguma. Não sou desses caras. — afirma.

Um alívio sobre mim estabelece. Isso é bom saber.

— Poderia ter ficado! — afirmo. Deveria ter muitas lá. — comentei.

— É... Realmente! — concorda.

— Então? — questiono.

— Eu não faço questão, Isa. — responde, convicto.

— Até parece. — rodeio os olhos.

— Tem esse MC'donald's. — estaciona o veículo.

— Só vou ir lá comprar. — digo, abrindo a porta.

— Vou com você. — afirma.

— Nem vem, flamenguista! Não gosto de ninguém no meu pé. — saío, fechando a porta do veículo.

— Tá... Tô aguardando vossa alteza.
— compreende.

— Ótimo. — sorrio.

Adentro o estabelecimento, que tinha poucas movimentações. Mais senti algo encostar em minha cintura, quando olhei, o vi, com um sorriso em seus lábios. Que chiclete.

— O que eu disse? — questiono, o olhando.

— Eu quis! — aperta meu nariz.

— Oh, Deus. — murmurei.

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Décimo capítulo.
Acho linda a relação desses dois. Que casal. Meu Deus do céu.

■ De 0 a 10. Ruim? Bom? Médio? Maravilhoso?

Conexão - Pedro Guilherme Onde histórias criam vida. Descubra agora