"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisto pensai". Filipenses 4: 8
Correndo o risco de criar um novo rótulo de cristãos "desviados", começo esta obra com a explicação do termo "cristão torneira", criado há pouco tempo, a partir de três diferentes influências: minha experiência com os meus devocionais, leitura bíblica e o uso de um remédio para dor de cabeça. Exceto, talvez, esse último, os dois anteriores (experiência e leitura) se fazem importantíssimos para a formação cristã de um modo geral. Todos nós precisamos observar a nossa caminhada com Deus e estar atentos a escutar (ou, no caso, ler) a Sua Palavra.
Voltando ao novo termo, "cristão torneira" faz referência àquelas pessoas que, ao entrar na igreja, ligam a torneira, ou seja, permite que a consciência se alastre em sua mente e, assim que elas saem, essa consciência é "fechada". Um exemplo (meu exemplo pessoal, aliás), poderia ser visto na prática do devocional. Não é a igreja, mas é uma parte do meu dia em que eu separava para pensar exclusivamente nas coisas da fé e, se algum problema interferisse nesse momento, eu procurava orar sobre ele e não me ater a preocupações de nenhuma espécie. Isso não é ruim, pelo contrário, é importante que seja separado um momento entre você e Deus, pois como o "nosso dia é muito cheio de responsabilidades", uma ou duas horas de oração e leitura bíblia ajudaria na construção do relacionamento entre o Criador e eu. Certo?
Certo, de fato. Mesmo assim, algo me incomodou. Em uma conversa com meus amigos da faculdade, eu me percebi dizendo "se a professora dá o mínimo, eu também darei o meu mínimo" e eu notei que é algo que poderia ser aplicado à vida cristã. Se nós entregamos apenas uma ou duas horas do nosso dia para Deus, por que ele (apesar Dele ser bom o suficiente para tal) ficaria conosco durante o dia inteiro? É preciso de dois para um relacionamento dar certo.
Esse era (e é) um ponto que sempre me incomodou quando eu terminava os meus devocionais, porque eu não sabia o que fazer quando terminasse de orar. Eu queria continuar na Presença, mas tinha que estudar, lavar os pratos, comer ou conversar com minha família ou tantas outras "responsabilidades" que tomam o nosso tempo e atenção. Eu me perguntava como eu poderia sair de algo tão celestial que é a Presença de Deus e continuar vivendo a vida da mesma maneira, como se nada tivesse acontecido. A resposta é que não, não conseguimos viver da mesma maneira. Pensa em uma sala com ar-condicionado: se você tiver uma aula com o aparelho funcionando e o resto do semestre sem ele funcionar, você vai reclamar muito mais do que se ele nunca estivesse na parede. Não porque você só está com calor, mas também porque está com saudade daquilo que tinha.
E como continuar, então? Se eu não posso viver da mesma maneira que vivia antes de conhecer a Cristo, antes de ter um momento com Deus, então como continuar? Essa é a pergunta de um milhão de dólares. E a resposta não vale dinheiro algum. Na verdade, vale muito mais do que qualquer coisa que o dinheiro possa comprar: A eternidade.
Lembre-se de que eu falei sobre como é estranho sair da prática do devocional e voltar direto para "as nossas vidas", mas Jesus não deveria ser a nossa vida? Não deveríamos estar sempre em contato com Ele, sempre próximos a Ele? Será que não deveríamos parar de olhar para o devocional como um momento separado do nosso dia e passar a olhar para ele como a hora que simboliza as 24 restantes?
Agora é a hora para uma pergunta que eu adoro: "O que danado tu tá falando?" De uma maneira resumida, estou falando em dedicar todos os nossos momentos a Jesus. Orar antes de comer, orar antes de sair de casa, escutar influenciadores cristãos, músicas cristãs, ler livros cristãos. Separar não apenas uma ou duas horas, mas toda a nossa vida para a cristandade. Veja bem, eu não vou ser hipócrita. Estou lendo Anna Kariênina, afinal. Não quero que você seja "santo" e passar a se achar melhor do que os outros, mas quero que você e eu sejamos santificados através do Cordeiro. E isso demanda sacrifícios, demanda disciplina e traz uma responsabilidade que não está ligada diretamente à igreja em que você congrega, mas à igreja que você é.
No livro de Ester, capítulo 2, versículo 12, nos é contado que para entrar na presença do rei Assuero durante UMA NOITE, Ester e as outras moças passaram UM ANO se preparando. Se elas passaram tanto tempo assim, imagina nós que esperamos passar a ETERNIDADE com o nosso Rei? Não podemos nos dedicar a Deus apenas na igreja ou naquelas duas horinhas já separadas, mas todas as nossas ações devem ser fundamentadas na Graça do Senhor, em Sua Palavra e Seu Testemunho, incluindo os nossos erros. Como cristã e uma mulher cheia de erros, destaco especialmente eles e agradeço a todos que já me perdoaram um dia, pois eles foram como Cristo na terra para mim.
Por fim, para terminar a minha primeira reflexão, eu reafirmo: Estamos em uma fase de preparação para o Tempo Vindouro, o qual nos trará a graça de morarmos no Céu, junto com Cristo. Esse preparo deve ser feito não apenas na igreja ou nos momentos de adoração separados, mas durante todo o dia, o que não é fácil, mas é absolutamente maravilhoso. Quando a gente se esforça e procura as coisas agradáveis, honrosas, boas e maravilhosas desse mundo junto com o Evangelho, toda a nossa essência (que era antes carne e pecado) muda e passa a ser outra (paz e santidade). É complicado, muitas vezes eu não consigo e preciso reaprender, mas eu continuo tentando, porque eu sei que "posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4: 11-13)
Até teu entendimento da Bíblia melhora, pode confiar.
Assim, evitando aquele tipo de comportamento que resulta em procurar Deus apenas para pedir ou reclamar do que você não consegue fazer. Estar na presença é estar em todo tempo conectado com o céu. É orar jogando, louvar enquanto limpa a casa, pregar enquanto sorri e levar a Palavra em todas as suas falas.
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MEU PAI E EU: Uma série de reflexões sobre fé, amor e religião
SpiritualEssa é uma coletânea de reflexões minhas, inspiradas por trechos da Bíblia, o meu livro favorito. É um trabalho íntimo, bonito e confortador. Tem o confronto, claro, que atinge quem lê, mas que, principalmente, afeta quem escreve.