Notas:
Colab com a DanielyHayashi ❤️🐈⬛
— Só mais esse capítulo — Marinette sussurrou para o livro aberto em seu colo.
Já passava da meia noite e o sono demorava a chegar. Poderia ser o calor do quarto que afastava Morpheus, senhor dos sonhos, ou a história excitante que estava lendo, mas poderia ser também a lembrança de um certo gatuno que lhe roubara um beijo na noite passada.
Chat Noir era seu parceiro e amigo há anos, e de tempos em tempos acabou vendo-o como mais que um amigo. Era como um destino certo, sabia que um dia chegariam lá, mas nunca no "agora". Chat era algo para a Ladybug do futuro, e até então ela estivera bem com isso. Até um beijo atrás, para ser mais exata. Houveram outros beijos, é claro, menos românticos, mais impetuosos, mas ele não sabia destes. E os outros beijos eram destinados à Ladybug, nunca à Marinette. À Marinette eram destinadas as coisas divertidas, as conversas até tarde na sacada, jogos de videogame e noites de filmes.
Eram bons amigos, o que lhe dava a certeza de que seriam um bom casal, como civis e heróis. Mas aqueles momentos preciosos também traziam incertezas, pois mesmo passando noites sozinhos, nunca houve qualquer indicação de interesse. Marinette era uma garota normal. Não tinha nada a oferecer a alguém cujo padrão de beleza era Purple Tigress, Ryoko ou Rena Rouge, ainda que ela mesma fosse Ladybug, porque de nada adiantava ser a heroína se Chat Noir não fosse capaz de se apaixonar por sua forma civil.
O livro já estava abandonado na cama enquanto o pensamento dela vagueava para a noite passada, para a ponteira de metal no cinto de Chat Noir, e o toque gelado dela em seu tornozelo. Não era algo erótico, apenas uma sensação fresca em sua pele; agradável, reconfortante. Gostosa o suficiente para que, sem perceber, o ar escapasse alto demais entre seus lábios. Nem chegava a ser um gemido. Talvez tenha sido um gemido. Mínimo. Mas não imperceptível a ele.
Em um momento, Chat estava rindo para a tevê, no outro, seus olhos felinos estavam grudados nela; os lábios entreabertos em uma expressão de espanto que fez o rosto de Marinette corar.— Estava gelado — se justificou, abraçando o travesseiro que usava para manter as mãos ocupadas.
— Só isso? — Chat a encarou. Não havia graça em sua expressão, não estava rindo dela, estava genuinamente curioso.
— Só.
Ele voltou a atenção para a TV novamente, mas Marinette não conseguiu prestar atenção no filme. Estava consciente do rabo de couro ainda em seu tornozelo, e em como ele se movia levemente, avançando mais e mais em sua perna, serpenteando até acariciar a curva atrás de seu joelho.
Foi obrigada a prender a respiração, evitando assim outro fiasco. Chat nunca a tinha provocado antes, e aquilo era sem dúvidas uma provocação. Muitas foram as vezes que aquele rabo de gato a tinha segurado, durante batalhas ou beijos, e ela sempre pensava em como era útil que seu parceiro ganhasse um membro extra com que trabalhar, já que não era apenas decorativo.Até mesmo a lembrança do toque a fez sorrir para o livro aberto, e involuntariamente ela cruzou as pernas, pressionando as coxas para abafar aquele calor crescente. Forçou-se a fechar os olhos, ciente de que se os pensamentos continuassem naquele rumo seria obrigada a buscar satisfação, mas deixou que os dedos vagassem sobre a seda da camisola solitária, acariciando os seios finamente cobertos.
A promessa de diversão morreu quando Marinette sentiu o cheiro, farinha velha e mofo, algo terroso que fez sua mão parar o toque e apertar o tecido. Seus olhos vagaram pela penumbra do quarto, procurando a origem, querendo desesperadamente não encontrar nada, embora soubesse que não encontrar seria ainda pior.
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Toque Gelado
RomanceJá passava da meia noite e o sono demorava a chegar. Poderia ser o calor do quarto que afastava Morpheus, senhor dos sonhos, ou a história estimulante que estava lendo, mas poderia ser também a lembrança de um certo gatuno que lhe roubara um beijo n...