𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟒

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  Preciso sair daqui, pensou Taehyung enquanto se colocava de pé.

   A Fera era um monstro. Seu comportamento até então já havia provado o suficiente. Se não escapasse agora, ele correria o risco de ser prisioneiro dele para sempre. Seu corpo estremeceu diante da ideia aterrorizante.

   Andando até a janela, ele olhou para fora. Depois de ser deixado sozinho com um guarda-roupa sonolento como seu único guardião, ele não perdeu tempo em colocar um plano de fuga em ação. Rasgando as peças medonhas que Madame Iu fizera, Taehyung usou o tecido para improvisar uma corda e a pendurou na janela. A ponta da corda estava suspensa a cerca de seis metros do chão. Não era perfeito, talvez ele se machucasse um pouco na queda, mas serviria.

  Ele havia acabado de respirar fundo e agarrar a corda quando ouviu batidas singelas em sua porta.

— Eu disse para me deixar em paz!

  Para sua surpresa, não foi a voz enfurecida e grave da Fera que respondeu, mas uma voz gentil, suave e polida.

— Não se preocupe. — disse ele. — Não é o mestre. Sou eu, Seokjin. — No instante seguinte, a porta se abriu e o carrinho de servir rolou para dentro. Sobre ele havia um bule belamente pintado e uma xícara com o mesmo desenho.

    Ele tentou rapidamente esconder a corda que se pendurava atrás de si. Mas Seokjin tinha avistado a rota de fuga no momento em que entrou no quarto. Não se surpreendeu, o moço parecia esperto, e o mestre não lhe dava motivos para se sentir acolhido ali. Ainda assim, Seokjin não deixaria que ele simplesmente partisse: não se pudesse impedir. Tendo convivido com um indivíduo teimoso por tanto tempo, sabia que a melhor forma de coagir alguém a fazer algo que não quer é dando-lhe a chance de fazer tudo do seu jeito.

— É uma longa jornada, Monsieur.— disse docemente. — Deixe-me prepará-lo antes. A experiência me mostrou que a maioria dos problemas parecem menos espinhosos depois de uma revigorante xícara de chá. Não é mesmo, madame Iu? — Seokjin se dirigiu ao guarda-roupa, que ainda dormia profundamente. — Madame! Acorde!

Com um solavanco, Iu acordou.

— O quê? — perguntou ela, parecendo sonolenta e confusa. — Dormi de novo?

— Madame costumava dormir oito horas por dia. — disse de repente a pequena xícara. — Agora ela dorme 23.

— Jungkook, não fale dessa forma. — Repreendeu Seokjin. — Não é educado discutir os hábitos de uma dama.

    Mas Jungkook, como Taehyung agora o conhecia, o fizera parar para refletir por um momento. E já que ele não havia conseguido nenhuma resposta de Madame Iu, decidiu tentar de novo.

— O que aconteceu aqui? Isto é um feitiço? Uma maldição? — Aquela era a única explicação lógica possível para as esquisitices do castelo, na opinião dele. Ele já havia lido várias histórias sobre coisas desse tipo, mas nunca imaginou que pudessem ser reais.

— Ele adivinhou, papa! — comentou Jungkook, com a vozinha sibilante atravessando a parte lascada do seu corpo de xícara. — Ele é esperto.

Enquanto falava, seu pai saltou até ele e o encheu de chá. Então ele o empurrou em direção ao homem.

— Mais devagar, Kookie! — disse ele. — Não derrame chá.

   Taehyung deixou escapar um sorriso quando pegou a xícara. Era tão óbvio que se tratava de um garotinho, ainda que estivesse preso nessa forma. Parecia tão inocente, com tanta curiosidade e uma felicidade tão genuína, era triste o ver nesse estado.

𝐁𝐞𝐚𝐮𝐭𝐲 𝐚𝐧𝐝 𝐭𝐡𝐞 𝐁𝐞𝐚𝐬𝐭 - 𝐓𝐚𝐞𝐣𝐨𝐨𝐧 🌹Onde histórias criam vida. Descubra agora