O carro estava em alta velocidade, os vidros estavam fechados com chuviscos cortando-os com o vento, e o silêncio era fatal.
Deveria ser quase de tarde, não sentia-me bem ali... Os olhos de Brahms, mesmo silenciosos, pareciam estar apreensivos, até mesmo irritados por estar fazendo aquilo.
O que teria de tão complicado em ir a um simples vilarejo... Não entendia Brahms...
Estávamos chegando, após um pouco mais de meia hora de viagem, em uma estrada sem visão. Conseguia ver algumas casas aumentaram conforme o carro aproximava-se das ruas povoadas.
Não encarava aquilo como um vilarejo, mas sim como uma pequena cidade, mesmo que afastada, teria lojas e pequenos prédios, os quais eram construções um tanto antigas.
- Vamos pegar isso logo e ir embora daqui.
- Mas.. Eu queria explorar o lugar com você.
- Posso te levar a qualquer lugar do mundo, menos nesse poço de merda.
Fico calada por alguns segundos, pensando em uma resposta plausível...
- Por que não gosta deste lugar?
- Chamaram uma criança de assassino por anos, sem nem sequer saber a real história. São pobres e nojentos.
- ... Brahms... O passado deve ficar no passado.
- NÃO FOI VOCÊ QUEM PASSOU POR ISTO! Então não fale o que não sabe.
Encolho os meus braços entre as pernas, ficando acanhada por alguns minutos... Eu até poderia compreender o fato dele não gostar deste lugar, mas guardar um rancor assim por tanto tempo...
Brahms deveria tentar superar e seguir em frente, por mais dolorido que fosse.
Escuto ele suspirar ao meu lado, apertando o volante em apreensão.
- Podemos ir em um lugar próximo daqui, assim que pegarmos os jornais. Você irá gostar.
- Está bem... Que lugar seria?
- Uma cachoeira.
- Hm, você conhece muito desta região, mesmo tendo ficado tanto tempo preso dentro daquela mansão...
- Preso? Não, Greta. Jamais estive preso naquele lugar.
- .. Você saia de lá?
- Sim, raramente, mas sim. Às vezes era bom respirar um pouco de ar puro do campo.
Pensei que Brahms ficasse preso dentro naquelas paredes desde que o incêndio aconteceu... Não cogitei que ele poderia sair de lá e ir sabe-se Deus para onde.
- E você gostava de ir para quais lugares?
- Hm, no começo, ficava perambulando pelo jardim, arisco... Mas assim que aprendi a dirigir, vim para o vilarejo.
- E o que você fazia aqui?
- Vingança.
Não quero imaginar qual tipo de vingança ele teria feito... Apenas pelas pessoas falarem por suas costas, não daria o direito de retirar as suas vidas.
- Acho que o rancor só está atrapalhando a sua vida.
- Por enquanto, não tenho mais rancor quanto a ninguém.
Brahms fala após estacionar o carro em frente a uma loja pequena, a qual vendia livros, parecendo ser um sebo cultural.
- Espere-me aqui.
- Não, quero ir junto.
- Você está testando a minha paciência.
- Senão o quê? Não tenho mais medo de você.
Falo puxando a trava do carro e indo em direção as portas de vidro da livraria, que continham cartazes e propagandas de filmes e livros.
Um pequeno sino é tocado assim que entro, escutando os passos de Brahms apressados atrás de mim.
?. - Senhora? Como posso ajudar?
Uma garota, jovem e de cabelos castanhos, estava em uma das estantes, arrumando alguns livros.
- Olá, você teria os jornais de toda a semana e os da semana passada?
?. - Claro, os dessa semana ainda temos em estoque, mas os de semana passada já acabaram.
- Ótimo. Gostaria de algumas revistas novas também.
Mas a moça que estava em minha frente não teria sua atenção focada em mim... Olho para trás e vejo que seus olhos estavam grudados na porta, a qual Brahms estava parado...
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Brahms - Conexão Fatal
Fanfiction๑Dark Romance๑. +18 Apenas um boneco... Um maldito boneco... Ao menos era isso o que todos pensavam. Não, Brahms nunca foi só isso. Ele surgiu por entre as paredes da mansão, seu corpo foi até mim... Todo aquele tempo cuidando de um boneco de porce...