2) Recomeço

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Estava num parque que ficava perto da minha casa e era bem antigo mas hoje,estranhamente, parecia mais novo como se tivesse sido construído à algumas semanas atrás. Agora, estava num balance e me sentia mais leve e mais nova como se o tempo tivesse retrocedido. Olhando para baixo, percebi que minhas pernas estavam menores que o normal ( se é que isso é possível ) como se eu tivesse encolhido que nem as roupas encolhem na secadora. Sai do balance e andei pelo gramado que estava levemente molhado.Era uma tarde de outono e o céu estava nublado. Não via ninguém mas conseguia sentir que tinha alguém ali. De repente, alguém colocou as mãos nos meus olhos, fazendo eu gritar, apesar de eu ter reconhecido, de algum jeito, antes de eu me virar,que era o Calum quando era pequeno. Todas as peças do quebra-cabeça se encaixaram perfeitamente e eu conseguia ver, com clareza, quem estava à minha frente. Então, me vi correndo e ele atrás e, conforme eu corria, todo o ambiente em volta mudava, ganhava a aparência com a qual eu estava acostumada, o parquinho, desgastado pelos anos, e até eu me sentia como se estivesse crescendo, as árvores em volta se tornando mais próximas, apesar de ainda distantes, e, ao olhar para trás, percebi que agora via o Calum como o vi no dia que ele virou meu professor.Ao fazer isso, tropecei numa pedra e cai no chão. Ele riu e estendeu a mão para me ajudar. Peguei em sua mão e me levantei mas ao invés de soltar sua mão, continuei a segurando e o derrubei no chão, porém, ele não soltou a minha mão e eu caí (novamente) junto com ele. Começamos a rir e nos olhamos, dessa vez, de uma forma diferente, de um jeito que nunca aconteceu, e talvez nunca mais aconteceria. De repente, a imagem se estilhaçou em mil pedaços e no lugar dela surgiu a imagem de minha mãe gritando para eu acordar dizendo que eu estava atrasada.
Pelo visto, ela tinha perdido hora e eu tinha esquecido de ligar o despertador depois daquela noite MARAVILHOSA. Enfim, é melhor eu parar de falar e começar a me trocar rápido antes que minha mãe me arraste pelos cabelos até o andar de baixo. Depois de me trocar, desci e fui para a escola sem tomar café mesmo.

Quando cheguei, fui até a sala onde era a primeira aula. Como sempre a sorte está sempre à meu favor, e a primeira aula era MATEMÁTICA. Bati na porta, pedi para entrar , mal olhando para ele, e ele me deixou entrar. Senti uma certa tensão entre nós dois que durou por um milésimo de segundo. Então, desviando o olhar, andei rapidamente até as minhas amigas, as quais eu sentei perto e ficaram me olhando com uma cara de que sabia que alguma coisa estava acontecendo. Ao que parecia, só elas realmente tinham percebido isso para o meu alívio. Simplesmente ignorei os seus olhares, fingindo que nada tinha acontecido, e comecei a fazer os exercícios. Na hora de entregar, tive que pedir para alguma amiga levar para mim e ao mesmo tempo, todas me perguntaram o porquê de eu não poder ir até lá corrigir os exercícios. Bufei e falei que explicava depois e que agora precisava que alguma delas fosse levar aquela apostila pra corrigir. Um pouco decepcionadas, assentiram e a primeira a se oferecer foi Zoey. Entreguei a apostila à ela que foi até o professor. Percebi que ele estava olhando em minha direção e parecia que tinha visto eu entregar a apostila à Zoey e não entender o porquê. Nesse momento, a única coisa que queria era me enfiar num buraco à milhões de quilômetros da superfície da Terra para nunca mais ser encontrada na minha VIDA. Ta, exagerei um pouquinho mas agora eu realmente não queria estar aqui. Quando a Zoey chegou até ele, ele falou algo para ela que respondeu e depois ele olhou, novamente, em minha direção e eu desviei o olhar. Meu o que ela tinha falado para ele ? Do jeito que ela é sincera demais, tenho medo do que ela tenha falado à ele! Ela voltou e devolveu a minha apostila e eu me segurei para não gritar com ela. Perguntei o que ele tinha falado e ela disse que ele falou que viu você dando o livro para mim e perguntou porque você não podia trazer a apostila e se tinha algo a ver com o seu dedo. Aí eu respondi que só sabia que você estava evitando ele e ele devia saber o porquê já que sabia que o seu dedo tava machucado. Então eu não aguentei e elevei um pouco a minha voz dizendo:

- Zoey, se eu quisesse que ele soubesse disso, eu teria gritado para a sala toda logo de uma vez!!

- Quer que eu dê as honras ? - ela respondeu

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