Capítulo 1

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Ponto de vista: Hongjoong

Eu juro que não é por mal, eu não estou tentando me sabotar, mas eu honestamente esqueço de prestar atenção no horário. Felizmente, eu tenho alguém como Seonghwa hyung para me lembrar dessas coisas. Não sei o que seria de mim sem o hyung.

Já era madrugada quando eu estava saindo da empresa, e um dos prestativos motoristas que trabalham com a gente estava ali me esperando para me levar ao dormitório. Eu genuinamente espero que Wooyoung já esteja dormindo, porque não estou afim de piorar minha atual dor de cabeça de passar horas na frente de monitores. Se bem que eu confio em Jongho para ajudar a acalmar a fera. Bom, mais ou menos.

- Boa noite, Doyun hyung. - O cumprimento com uma reverência curta. - Perdão por te fazer esperar tanto tempo.
- Boa noite, Hongjoong. - Ele também me cumprimenta da mesma forma. - Tudo bem, eu sei que você faz isso pelos meninos. Não reclamo de estar aqui esperando até tarde.
- Muito obrigado, hyung! - Sorrio para ele.
- Então, vamos?
- Vamos, sim!

Ele abre a porta do carro para mim. Quando fico até tarde no estúdio, Doyun me leva de volta de carro, por ser mais prático, já que não precisamos de uma van apenas para me deixar no dormitório.

Estávamos fazendo nosso caminho de sempre, cruzando as ruas de Seoul, que, a esse horário, estão bem tranquilas e silenciosas. Até que, passando por uma das pontes que costumamos atravessar nesse trajeto, avisto algo diferente. Pude ver um ponto sobre uma das barreiras laterais, de cor diferente da estrutura. Não consegui identificar o que era assim que avistei, já que estava distante ainda. Quanto mais perto chegamos, mais pude descrever o que era.

Era uma garota sentada sobre a beirada da ponte. Assim que passamos por ela, consegui perceber um leve movimento dela, um leve balanceio. Não pude deixar isso passar.

- Doyun, para, por favor! - Falo num tom um pouco mais alto. Ele para e estaciona no acostamento logo em seguida.
- O que foi, Hongjoong? - Ele me pergunta, preocupado.
- Eu vi algo estranho um pouco mais atrás aqui na ponte. - Falo, desafivelando meu cinto e rapidamente abrindo a porta. - Por favor, não sai daqui! Eu já volto!

Vejo ele assentir com a cabeça assim que saio do carro. Corro em direção à garota. Não paramos muito adiante dela, então não precisei correr muito. Ela usava uma larga blusa longa acinzentada e uma calça mais justa preta, e estava sem sapatos. Quando chego perto o suficiente, falo.

- Moça! - Ela não me olha de imediato, mas percebo que fez menção à virar seu corpo na minha direção. Seus cabelos pretos suavemente voam com o vento. - O que você tá fazendo? O que aconteceu? - Falo, preocupado.
- Hm? - Ela finalmente me olha. Seus olhos cor de mel transmitem um olhar pesado. - Eu tô tentando pular daqui. - Seu tom de voz é cansado e baixo.
- Por quê? - Chego um pouquinho mais perto. - Converse comigo. Pelo menos um pouco.
- Eu só... - Ela vira seu tronco. - Não aguento mais...
- Não aguenta mais o quê? - Pergunto. - O que aconteceu?
- Tá tudo tão difícil... - Pelo reflexo da luz, vejo lágrimas escorrendo pelas suas bochechas.
- Calma, moça. - Estou tentando não entrar em pânico. - Qual é seu nome?
- Meu nome?... - Ela parece confusa. - Nozomi.
- Nozomi. Que nome bonito. - Sorrio o suficiente para tentar esconder meu nervosismo. Quem sabe se eu a distrair o suficiente, ela não prossiga com a sua ideia inicial. - Não é um nome coreano, né?
- Não... - Ela tenta secar as lágrimas de uma de suas bochechas com sua mão, usando a manga de sua blusa. No que ela faz isso, vejo manchas vermelhas na parte do braço na mesma manga da blusa. Merda, é sangue?
- Você é daqui? - Tento deixar meu tom de voz o mais calmo possível.
- Não... Sou japonesa... - Ela parece estar se acalmando.
- E o que te fez vir pra Coreia?
- Meus pais vieram pra cá quando eu tinha 10 anos. - Ela vira seu corpo todo na minha direção. Pelo menos ela não está mais virada para a beirada.
- E quantos anos você tem agora?
- 24.
- Nossa, já faz bastante tempo! - Tento sorrir novamente.
- Sim, faz... - Vejo uma lágrima escorrer pelo mesmo lado que ela havia limpo anteriormente. - Sinto muita falta de lá...
- De que região você é? - Continuo perguntando, tentando manter uma conversa. - Já fui ao Japão algumas vezes, conheço um pouco de lá.
- Osaka... - Seu tom de voz vai ficando um pouco menos cansado.
- Já fui pra lá. - Sorrio de novo. - É muito bonito!
- Eu... - Seus olhos se fecham por um tempo maior que uma piscada comum. - Tô... Ficando tonta...
- Nozomi!

Ela lentamente escorrega de seu lugar, caindo para dentro da ponte.

Hopeful - Hongjoong x fem!ocOnde histórias criam vida. Descubra agora