Depois de ver o concerto eu fui-me embora, o pessoal convidou-me, mas eu não quis ir, claro que me arrependi e tive que ir ao último minuto. O concerto acabou cedo, por isso fui comer qualquer coisa, como não queria ficar em casa fui até a um bar não muito movimentado, não bebi nada alcoólico, apenas uma limonada com gelo, não sei quanto tempo fiquei com a limonada no copo, mas quando me apercebo das horas já era hora de ir. Regresso a casa em passos de corrida, devia estar mais atento.
Mas o tempo parou e foi a pensar nela, naquela maldita morena, que rouba anos de renda no meu cérebro sem pagar.
- Aquela irmã do Félix é uma brasa, tem um corpo lindo! - diz um rapaz bêbedo, pensei que estariam a pensar noutra pessoa, mas o fumo daquela noite, fez-me perder a cabeça, seria manhoca ou ganza?
- Seria uma bela puta de estimação! - Paro metros a frente dos 3 rapazes podres de bêbedos.
- O quanto fodo a pensar nela... - Viro-me para trás e o grupo olha para mim.
- Deviam respeita-la! - digo a encher os pulmões de ar e a ganhar coragem. Era um erro, mas ninguém ofendida a Leonor, não quando eu estivesse vivo.
- Perdeste uma bela mulher, em Neves! Onde tinhas a cabeça? - Lá isso tinha razão, não pensara muito nisso na altura.
- Não quero confusões! - Digo. Porque te meteste então? Tinha a voz da Leonor marcada no cérebro, como se fosse o meu subconsciente.
- Devias ter pensado nisso antes! - Um deles agarra-me, a minha visão ficou destorcida e por alguns segundos tive forças para defender-me e defender a minha honra como homem, mas 3 contra um, não era um bom número.
- Ela está solteira, e tem cara de uma puta, não podes negar isso. - Dou-lhe um pontapé nos tomates, mas sou agressivamente puxado para o chão pelos outros dois, levo murros e pontapés, e fico ali sem alternativa de reagir, um carro aproxima-se e eles fogem, eu deito a cabeça na calçada e tento manter-me acordado, bati demasiadas vezes com a cabeça no chão.
Quando estava prestes a adormecer, sinto o telemóvel no bolso e ligo a primeira pessoa da Lista. A foto da Leonor apareceu, ela era mantida no topo, assim como a minha mãe e o meu pai. Não sei porque o mantinha ali, mas talvez precisasse de ouvir a voz dela naquele momento.
- Neves? Ficaste maluco? - Ela atende raivosa.
- Preciso de ajuda! - Digo a perder a consciência aos poucos.
- Neves? Onde estás? - A voz dela alterou-se para um tom preocupado.
- Não sei. - Admito.
- Estás bêbedo?
- Não! Apanhei porrada. Por defender-te. - Admito novamente a verdade.
- Onde estás?
- Vou adormecer.
- Não Neves. Precisas mandar-me a tua localização.
- Não sei fazer isso.
- Sabes sim, acorda Neves! - Tento mandar-lhe aquilo.
- Mandei.... - Digo num sussurro pesado.
- Neves... Fala comigo.
- Tu és a Culpada. - Lágrimas caíram dos meus olhos.
- O que aconteceu? - Ela muda de assunto.
- Estavam a falar do teu corpo. A dizer o quanto eras boa numa casa de prostituição. Não admito.
- Porque Neves? O que estás a ver João Pedro?
- Luzes, muitas luzes.
- Mais.
- Um carro vermelho.
- Mais o quê?
- O meu anjo da guarda.
- Deixa o anjo e diz-me o que vês.
- Um prédio grande.
- Estou a chegar João.
- Tenho sono.
- Não João Pedro Gonçalves Neves, estás a ouvir-me!
Apago por alguns segundos. Sinto-a chegar, o perfume dela chegou ao meu nariz.
- Porquê Neves? Porquê? - Ouço a voz dela a pedir socorro para eu reagir.
- Porque eu ainda te amo. - Admito com lágrimas nos olhos. Apago
Vou despertando e acordando, não sabendo onde estava ou com quem.
- Neves por favor não me deixes. - Ouço a voz dela de longe e apago novamente.
(...)
Leonor Félix
Sentada naquela cadeira de hospital fez-me pensar, ao frio, a pensar em mil coisas. Porque ele iria arranjar problemas para defender-me? Porque ainda me amava? Ou porque era maluco? Pensei em mil assuntos, em outros milhares de cenas que justificaram o seu comportamento, mas realmente não encontrava nada.
- Familiares de João Neves? - Levanto-me, disse por acaso que era namorada dele e os pais dele morarem no Algarve, o que não era mentira a segunda parte. - Ele encontra-se bem, e terá alta a tarde, devia avisar o seu namorado que não devia meter-se em brigas noturnas.
- Eu aviso! - Sinto o meu telemóvel tocar, e vejo o número do meu irmão mais velho, recuso a chamada, já eram 09 horas e eu não tinha avisado ninguém.
O número da minha mãe apareceu no ecrã e eu atendo após pedir ao médico para esperar.
- Onde estás?
- Estou no hospital! Eu estou bem, estou com o Neves,
- O que aconteceu? Levas o carro, e não avisas?
- Eu explico depois!
- Mas o João está bem?
- Depois de apanhar de mim, não sei!
- Leonor!
- Ele está bem! Levou uma bela porrada, eu vou vê-lo agora, falámos depois!
Desligo a chamada.
- Ele está a dormir, mas deve acordar a qualquer momento! - disse e abre a porta de um quarto, vejo o Neves deitado a soro. Respiro fundo ao ver o seus olhos negros, e com alguns pontos na testa, na barriga, e nos braços. Ele deixa-me sozinha com ele.
Aproximo-me dele e passo os dedos pela sua face, ligeiramente para não o acordar, mas missão falhada, os olhos dele castanhos, abrem-se e cruzam-se com os meus.
- Desculpa!
Beijo-o.
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Música do Coração | João Neves
General FictionLeonor Félix é a atual estrela da música, juntamente com o seu irmão João Félix, são os irmãos que mais causam barulho no momento. Os 2 portugueses conquistaram o coração dos Espanhóis assim como o coração do país Natal. Leonor antiga namorada do...