julgamento

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Alguns curiosos se aproximam para ver qual seria o desfecho daquele episódio trágico.

Nesse mesmo momento chegam os polícias que o levam já desacordado por ter cometido um assassinato. E Aidan lentamente se aproxima ao corpo do seu pai e fixa seu olhar vendo aquele que ele tanto amava sem vida, inconsolável por ter perdido seu porto seguro.

Passando-se algumas semanas chega o dia do julgamento e todos da cidade estavam lá. O resultado era óbvio e sem sombra de dúvida ele seria condenado.

É chegado o momento:

E quando Hermes é interrogado a dizer algo em sua própria defesa, ele permanece em silêncio olhando no fundo dos olhos de cada pessoa que estava ali. Seus olhos pareciam saltar pra fora de tanto ódio. E o juiz repetiu mais uma vez: — Se o réu não tem nada a dizer em sua defesa. Então com base nas testemunhas que aqui estão presentes eu o declaro culpado e sentenciado a prisão em regime fechado por sessenta anos.

Neste mesmo instante Hermes quebra o silêncio e levanta sua cabeça:

Hermes: — Eu não sou culpado apenas desse crime, o meu maior crime foi um dia ter tirado a vida do meu irmão por motivo tão fútil, pelo simples fato que a primeira garota que amei escolheu meu irmão e não a mim. Ela marcou um encontro comigo, eu sentir muito feliz depois de longos dois anos, finalmente ela me reconheceu como alguém digno de segurar sua mão e chamar de minha namorada, tantos garotos na minha época tentaram conquistar a Mari, também pudera, ela com certeza era uma das garota mais linda do colégio onde estudávamos, se não a mais bonita. Contei para meu irmão que tinha encontrado um bilhete da Mari em minha mochila, dizendo que estava pronta para me dar uma chance e marcou o local onde iríamos nos encontrar! Até que enfim, eu senti que ia ser amado de verdade e depois de tanto tempo calado eu poderia dizer a Mari que sempre a amei. Naquele dia procurei a melhor roupa que eu tinha, me perfumei, escolhi as peças minuciosamente pra está impecável para aquele momento. Mas, adivinha quem já estava lá na casa da Mari? Pois é, o meu irmão! Lá aos amassos com a Mari! Meu irmão, aquele que tinha confidenciado meu sentimentos e anseio mais profundo. Meu corpo agiu por si só! Não, ele não fez absolutamente nada, eu fiquei só olhando aquela cena paralisado. Malditos filhos de uma rapariga, bem que eles estavam se divertindo, quando olhei pela porta que nem se deu o trabalho de fechar. Lá estava os dois na sala de jantar e a Mari em cima da mesa, com um sorriso que eu nunca tinha visto, não tinha nenhum utensílio de cozinha na mesa para o jantar. Foi aí que entendi: ela era o jantar! Ali senti tantas sensações diferentes, raiva, ódio, desespero entre outras. Mas, a pior foi ter sido usado por aquele que me disse que se fosse preciso seria meu herói e protegeria a minha vida. Eu acreditei, já que sempre ele me defendeu dos meus irmãos mais velhos. Que faziam questão de lembrar que eu era adotado e que não tinha lugar para mim naquela família. Agora até quem me protegia tinha se tornado alguém desconhecido que acabara de me machucar bem forte que qualquer outra pessoa já tivesse ferido. Foi quando percebi que o que sentimos só tem valor para nós mesmo, não podemos esperar nada de ninguém. Só podemos fazer algo que seja com nossas próprias mãos. Não podemos colocar nossos sentimentos, sonhos ou nossa vida nas mãos de ninguém. Pois quando tudo isso estiver em jogo a outra pessoa irá proteger seus próprios interesses e sentimentos. Fechei a porta com toda minha força, não aguentei, voltei para casa arrasado por perder a garota que eu amava, ainda mais por meu irmão que eu mais admirava. Foi um golpe enorme em meus sentimentos, só não foi tão grande quanto o soco que dei no meio da cara dele quando chegou em casa, foi direto na quina no balcão e ele caiu ali mesmo, mortinho.

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