Pilantra

Kim Hyelin

Taehyung inspirou fundo. Uma das coisas que ele mais odiava no escritório – além do canalha escroto do chefe – era o moleque idiota da copiadora. Que fique claro que o Kim não tem nada contra quem fuma maconha, ele mesmo fumou alguns cigarros durante a época da faculdade.

O problema é que o moleque da xerox o odiava ou pelo menos era isso o que aparentava. Fazia tudo na maior má vontade. E era exclusivamente com ele.

O Kim tinha vontade de bater a cara dele contra a impressora, mas respirava fundo e contava mentalmente até quinze.

Ele grunhiu e olhou para o seu relógio de pulso mais uma vez, já estava ali há vinte minutos e o idiota continuava tirando as cópias da maneira mais lenta possível. Ele inspirou fundo e jogou a cabeça para trás por um momento, piscando os olhos.

—Espero que não esteja com muita pressa, Doutor. A impressora acabou de travar.

Ele queria muito travar a cara daquele imbecil na parede até abrir uma cratera, tal como nos filmes de desenho animado, mas apenas sorriu falsamente para ele e arqueou a sobrancelha. Ele não gostava de ser um babaca, na sua opinião aquele escritório já tinha muitos, todas as vagas estavam preenchidas. Um a mais podia provocar o desequilíbrio do ecossistema de babacas filhos da puta, mas, ele realmente estava puto naquela tarde.

Além de ter dormido no sofá – de novo, o que não era surpresa nenhuma, mesmo assim foi extremamente desconfortável e irritante e solitário – Yoongi não respondia as suas ligações e nem as suas mensagens, e ainda vinha recebendo ligações desesperadas do acampamento.

Taehyung abriu um sorriso suave e se aproximou do fotocopiador que o encarou com uma sobrancelha levantada.

—Sabe de uma coisa, Rocky? Eu estou com muita pressa hoje. Pode me fazer um favor? — Ele pegou o processo físico que tinha mais de quatrocentas e cinquenta laudas e o jogou sobre a mesa. — Tira xerox frente e verso de todas essas páginas, escaneia e me envia por e-mail. — Ele tirou de dentro do bolso o seu cartão de visita e entregou para o garoto que choramingou. — E é melhor que essa impressora esteja funcionando ou eu vou ter muito sobre o que falar de você na próxima reunião, entendeu?

O garoto suspirou pesarosamente e revirou os olhos e assentiu, numa mescla de conformação com fúria reprimida. Taehyung sorriu satisfeito e então deu as costas para ele, se preparando para deixar a sala da xerox quando o malditinho abriu a boca para dizer.

—É por isso que o seu marido te largou.

O Kim revirou os olhos e fez uma careta.

—Na verdade — Taehyung se virou para encará-lo, com um sorriso estranhamente afetado. Yoongi era uma bomba-relógio ambulante, aquele rostinho lindo de príncipe hippie enganava muita gente. Ele mordeu a boca e o funcionário ergueu a sobrancelha. — Você não está assim tão errado.

Yoongi realmente iria largar ele quando descobrisse a sua tentativa ridícula de ser promovido a sócio naquele escritório. Era questão de tempo para que isso acontecesse. Contra isso, não podia argumentar. Quando a bomba estourasse tudo iria pelos ares – seu casamento e sua vida dupla como Batman, e a pior parte de tudo isso, Yoongi iria querer a guarda compartilhada.

Ele grunhiu e tombou a cabeça para trás, massageando as têmporas.

O celular tocou e ele rapidamente enfiou a mão no bolso da calça, tateando, em busca do aparelho. A foto de uma garotinha sorridente e banguela apareceu na tela e ele sorriu, recuando alguns passos.

O fotocopiador estreitou os olhos para isso, o observando se afastar a passos rápidos. Será que Taehyung havia traído o Yoongi? Ele precisava compartilhar essa fofoca com o grupo secreto de funcionários da empresa. Ele pegou seu celular e rapidamente enviou uma mensagem.