capítulo 03

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Laura Angeli p

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Laura Angeli p.o.v

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- Que lugar grande, mamãe - Leonardo resmunga, agarrado à minha mão.

- É aqui que você vai trabalhar agora? - Leandro pergunta.

- É sim, amor - respondo, acenando para as meninas da recepção.

Eu fui aprovada!

Oficialmente, sou funcionária da Rede Educacional Zucci!

Quando a Fernanda me ligou avisando que a vaga era minha, quase tive uma síncope. Até comi um pedaço de bolo pra comemorar!

Passei pelos exames admissionais, e hoje vim assinar meu contrato de trabalho. É sábado, e, na ligação com Fernanda ontem, comentei que justo hoje não tinha com quem deixar os meninos. Ela soltou que isso era o de menos, contanto que eu não faltasse antes mesmo de começar.

Os meninos não tiveram aula essa semana porque a professora entrou em licença-maternidade e ainda não foi substituída. Um verdadeiro descaso.

Esses dias eles estavam indo comigo pra lanchonete.

Mas tudo vai mudar a partir de hoje.

- E a gente vai estudar aqui também? - Leo pergunta.

- Sim! Não é um lugar legal? - falo, olhando para baixo.

Eles assentem, curiosos, olhando ao redor. Estamos no prédio administrativo da escola; a parte pedagógica fica no terreno ao lado, interligado, a no máximo cinco minutos de caminhada.

Daqui conseguimos ouvir o barulho das crianças brincando.

- Não vão me bater aqui, né, mamãe? - Leandro pergunta, alarmado.

- Não, meu amor. Ninguém vai. A mamãe prometeu, não prometeu? - me abaixo na altura deles.

Os dois encostam em mim.

- E ele também não vai voltar, né? - Leonardo pergunta sério.

- Não, meus filhos. Nunca mais - afirmo, beijando cada um.

Carinhosos, eles beijam uma bochecha minha cada.

As portas do elevador se abrem. Entro com os meninos, apertando o botão do nosso andar.

- Laurinha! Você passou também! - escuto o chamado agudo da Júlia.

- Passei sim - afirmo, recebendo o abraço dela.

- Quem são os garotos? - pergunta, curiosa.

- Meus filhos.

Júlia abre a boca, surpresa, e logo começa a rir. Essa garota é meio louquinha... talvez vá ser legal trabalhar com ela.

- Bom dia, meninas! - Fernanda sai da sala dela rindo. - Os papéis estão esperando vocês. Entrem.

Já sentadas, com canetas em mãos, Fernanda explica nossas funções, os benefícios e o salário. Fala sobre as regras da empresa e outras questões contratuais. Os meninos ficam encostados um de cada lado da cadeira onde me sentei.

- Que rapazinhos lindos - Fernanda comenta. - Querem vir aqui pintar esses desenhos comigo? - oferece.

Curioso, Leonardo me olha pedindo permissão. Olho para Fernanda - a casca grossa dela era só fachada. Esses dias que convivemos, percebo que ela parece mais um golden retriever.

Assinto, e Leonardo sai do meu lado. Leandro é mais desconfiado e não se dá por vencido tão fácil.

- Laura, saindo daqui você pode se dirigir à diretoria para combinar a matrícula deles. Já enviei os documentos pra liberar a bolsa - Fernanda fala, depois que termino de assinar tudo.

Tá aí o maior motivo de eu ter aceitado esse emprego.

O primeiro é porque eu estava precisando, óbvio. Mas o segundo é a bolsa que os meninos vão ter pra estudar integralmente na escola. Tudo bem que vai ser difícil pegar metrô cedo com eles todos os dias, me preocupar com comida e lanches - coisa que a escola pública oferece -, mas a educação nem se compara.

A diretora da escola me recebe bem. É uma senhora negra e muito simpática. Os cabelos totalmente brancos lhe dão um ar de "coroa rica" engraçado. Logo de primeira conquista os meninos e, após eu assinar toda a documentação necessária, ela nos leva para conhecer um pouquinho da escola.

- Gêmeos idênticos, que legal! - a professora da turma comenta. A sala está vazia e ela saiu para me cumprimentar. - Vão ficar na mesma turma?

- Sim. Não quero separar os dois. A psicóloga que os acompanha diz que não é ideal no momento - explico.

A mulher assente.

Os meninos saem dali totalmente encantados com tudo. E eu, feliz por ter tido coragem de sair daquilo que tirou nossa liberdade.

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Fragmentos (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora