Charlotte chega ao Rio de Janeiro...

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   Aquele era um final de tarde agradável, Charlotte estava animada com o mundo que iria conhecer, mas, para se sustentar, teria de vender todas as roupas caras que havia pego de sua casa... E foi o que ela fez; assim que desceu no Rio, se dirigiu ao centro para vender suas roupas:
– Charlotte, tem certeza de que quer fazer isso?
– Você mesmo disse no trem "Não há mais volta" ou coisa do tipo.
– Mesmo assim, se venderes as roupas, que outra roupa usará?
– Não preciso de roupas caras, posso comprar roupas mais simples.
– Pois bem, não vou interromper então.

   Sentamos-nos nos acentos de uma praça e observei Charlotte, imaginei que no fundo, ela sentia um pouco de medo, afinal, ela nunca havia feito algo assim antes... Também estava visivelmente triste, quando a abordei sobre o porquê de tanta melancolia, ela respondeu que esquecera de pegar algumas fotos para levar consigo.

   Alguns minutos se passaram, até que Charlotte me avisa que estava com fome, resolvemos então procurar alguma cafeteria para comer. Encontramos uma cafeteria em uma região mais afastada do centro.

   Após comermos, Charlotte avistou um filhote, andando solitário pela rua:– Olhe! Ele me lembra o gato da vizinha Francisca, o Bigode

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   Após comermos, Charlotte avistou um filhote, andando solitário pela rua:
– Olhe! Ele me lembra o gato da vizinha Francisca, o Bigode.
– O Bigode morreu quando você ainda tinha 13 anos.
– Ainda lembro muito bem dele, ele adorava carinho.
– Lembro que certa vez, você quis levar ele para casa para que ele fosse seu.
– O Bigode era um bom gato, ele sempre vinha nos visitar.
– Ele adorava brincar no gramado contigo.
– É...

   Charlotte observou o felino mais uma vez:– Nós precisamos de um gato!– Ora, que tolice, logo não teremos dinheiro nem para comprar migalhas, e você ainda quer um gato!?– Sim, eu sempre quis um gato

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   Charlotte observou o felino mais uma vez:
– Nós precisamos de um gato!
– Ora, que tolice, logo não teremos dinheiro nem para comprar migalhas, e você ainda quer um gato!?
– Sim, eu sempre quis um gato.
– Isso está fora de cogitação. Não tem como sustentar mais alguém.
– Você não vai me impedir!
– Eu sei que você não liga para o que eu falo.
– Pois então...
   Charlotte se levantou, correu em direção ao bichano e o pegou. Trouxe até mim e me disse:
– Seu nome será Bigodinho!
– Deixe de teimosia Charlotte! Não tem como cuidarmos de um gato.
– Tem sim, ele é apenas um gato, come pouco, além do mais: Olha como ele é fofo!
   Olhei o animal, que estava me encarando com um olhar de súplica, como se estivesse implorando parar que eu deixasse ele vir conosco:
– Pois bem, então Bigode virá conosco.
   Quando eu disse aquilo, Charlotte pulou de alegria; pôs o gato próxima ao rosto e disse:
– Agora você também vai ver o mundo, Bigodinho.
   O gato respondeu lambendo o nariz de Charlotte.

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