• • 4: piada • •

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A sexta-feira, em particular, me rendeu uma alta dose de estresse.

Piorava quando eu lembrava que não te via desde terça. Ou seja, apesar de o dia estar sendo horrível, não consegui me esquecer de você.

Você desapareceu sem dar pistas do porquê. Em todo expediente eu te procurava com os olhos, ansiava pelo momento em que passaria pela porta, e nada. Nada acontecia.

Por que você lançou um jogo se não estaria lá para jogá-lo?

Uma sensação de frustração se apoderou de mim. Embora detestasse admitir, você e suas tentativas de aproximação eram a melhor parte do meu dia.

E você havia tirado isso de mim.

Para variar, Madison tinha perdido o cartão do ônibus e estava sem dinheiro para voltar para casa. Tive que me ausentar do trabalho e ir até a escola dela só para entregar o dinheiro da passagem.

Eu tinha acabado de entrar na lanchonete quando Eddie me interpelou:

- Onde esteve?

- Eu disse. Tive que ir à escola da minha irmã.

Ele verificou o relógio de parede acima de sua cabeça. Provavelmente calculava o tempo que estive fora.

- Essa saidinha vai ser descontada do seu salário - ele falou, ríspido. - Me traga uma água.

Rangi os dentes de raiva, mas obedeci à ordem. Levei até ele o copo com água gelada, resistindo à vontade de cuspir dentro.

Uma nuvem cinza-escura pairava sobre minha cabeça naquela sexta. Por isso, ao ouvir a porta se abrindo e ver que você tinha acabado de chegar, fiz questão de atendê-lo.

Eu sei. Loucura, não?

Quando estamos estressados, geralmente evitamos mais problemas. E você era problema. Só que, no meu caso, queria extravasar e você era a única pessoa no ambiente com quem eu poderia agir grosseiramente sem temer as consequências.

Você sentou ao balcão, os braços de músculos delineados sobre a superfície de mármore.

- O que vai pedir? - perguntei quando te alcancei.

Você pegou o cardápio e leu algumas linhas.

- A lagosta.

- Que lagosta? - inquiri, confusa.

Você sorria com os olhos, como se quisesse dar risada.

Foi quando me dei conta de que você estava tirando sarro de mim. Não servíamos lagosta. Isso nunca esteve no cardápio.

Por algum motivo, você estava caçoando de mim.

No dia errado. Na hora errada.

Dei uma gargalhada falsa e exagerada que chamou a atenção de vários clientes.

- Meu Deus, eu vou morrer de tanto rir! - eu disse, transbordando sarcasmo. - Você é o humor em pessoa. Um comediante!

- O que há com você? Aconteceu alguma coisa?

Minha expressão ficou séria. Você de fato parecia se importar com a resposta.

- Não aconteceu nada. Me chame quando quiser fazer o pedido - murmurei, fazendo menção de ir embora.

Você se inclinou um pouco sobre o balcão e segurou meu antebraço, me detendo. Era a primeira vez que nossas peles se tocavam. Uma descarga elétrica percorreu todo o meu corpo.

- Café e waffles - você disse, mantendo meu olhar, enquanto as pontas de seus dedos traçavam minhas tatuagens. - É isso o que eu quero. Desculpa pela piada sem graça.

Para o príncipe quebradoOnde histórias criam vida. Descubra agora