Dead or Alive

A Morte e A Vida vão à festas?

Jekes

Observo o garoto se aprontar para a reunião musical que os humanos chama de festa e percebo, não deveria ter apostado a alma desse menino com Belelux baseado em seus atos.
Fiz o máximo que pude para apagar as memórias gravadas em seu hipocampo, mas minha companheira deixou alguns sinais sutis.

Kalel está em frente ao refletor de imagem com uma calça azul, a qual não sei o nome, uma camiseta preta e sapatos da mesma cor, que descobri serem chamados de tênis. As imagens em sua pele estavam expostas. O cabelo caia em seu rosto deixando com um ar quase demoníaco.

Não demorou muito para que ele saísse da casa em que habitava e, consequentemente, depois de alguns minutos, estivesse na reunião. A residência era bonita, mas, sua áurea, não. Humanos estavam cometendo atos ilícitos e obscenos já na estrada, não era um bom sinal. Kalel deveria ir embora.

Um homem, quase jovem demais, com pele escura e uma cópia da roupa de Kalel abraçou-o assim que o avistou em meio a multidão. Fico ao lado do meio-morto observando suas ações ao longo da festa, que não foram nada admiráveis.

-Kalel, vira logo essa porra. __o homem, que descobri se chamar Eliot, disse em alto e bom som__

Observo quando meu protegido pegou uma garrafa de vidro cheia de um líquido que se parecia com água e colocar na boca, virando em sua garganta no momento seguinte.

A multidão ao redor de Kalel começou a gritar, o líquido escorreu de sua boca para o pescoço e, seguindo o caminho, para dentro da gola de sua camiseta. Uma jovem garota ruiva, de olhos castanhos e estatura mediana, que trajava um tipo de pano que cobria apenas suas partes íntimas, caminhou até o local que Kalel estava e começou a sugar, com sua boca, os locais em que a bebida havia escorrido.

-Vejo que preciso adicionar mais um ponto para mim. __ouço uma voz tão conhecida__

-Ele ainda não fez nada que levasse a isso.

-Ele vai fazer, querido Jekes. A garota está limpando à vodka, e isso possivelmente levará a relações carnais sem compromisso.

-E qual seria o problema, eles são humanos jovens, isso não é normal?.

A mulher, que trajava um vestido longo,preto, de mangas inexistentes e seu usual salto de sola vermelha aperta minha bochecha.

-Vou te explicar algo muito divertido sobre os humanos, eles são cobertos pela luxúria quando atos assim acontecem. Seu querido protegido vai levá-la para algum dos diversos quartos nessa casa e tomá-la, para no outro dia descartá-la como uma boneca velha. Não que ela vá se importar, claro.

Empurro a mão de Belelux e observo os desenhos em sua pele.

A mulher ri e aponta para Kalel, que ironicamente, está subindo com a garota ruiva para o andar de cima, onde ficam os quartos. Que merda.

-Já viu humanos copularem? __ a mulher questiona enquanto pega seu livro da vida. __

-Não. Você já?

-Muitos humanos morrem enquanto copulam, principalmente pessoas de idades mais avançadas.

-E você enxergou o ato. __arregalo os olhos e a mulher da de ombros__

-Não é a pior coisa que já vi durante o trabalho.

Belelux abriu o livro, passou seus olhos pelos diversos nomes e parou em um, estalando a língua. Olhou ao redor e fechou o livro em um baque seco e alto.

-Tenho que trabalhar, boa observação fofinho. __ começa a caminhar em direção aos fundos da casa __

Eu sabia o que aconteceria, a morte iria recolher mais uma alma naquele trágico dia. Uma garota, por abusar demais de drogas não medicinais.

Os humanos são frágeis e não sabem seus limites. Eu sinto pena. Eles tem tudo o que precisam para viver: eles sonham, mas ironicamente, não se importam o suficiente.

Suspiro. Não preciso estar presente neste lugar, apenas segui Kalel até aqui. Estendo a mão e, quase no mesmo segundo, a foice da vida aparece. Bato o final do objeto no chão e sou teleportado para a biblioteca de almas, todas as pessoas que já nasceram tem seus nomes escritos em cada um dos grandes livro, que contam as histórias de suas vidas.

Sorrio. Me movo até a grande mesa branca em meio às diversas prateleiras enormes e extensas. Observo o livro aberto. Jekes Aliviryn, 1693 - 1738.