one step at a time

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– …o que eu faço agora?–

– a ideia foi sua, você não tem tipo…um plano?–

– é que..eu nunca achei que realmente fosse chegar tão longe–

Com o toque do sinal para o intervalo, tweek tinha saído da biblioteca e parado no refeitório assim que avistou Craig de longe, Kenny avisou a butters, e agora os três estavam sentados numa mesa, onde tweek encarava Craig da forma mais discreta que ele conseguia, ou seja, nenhuma, butters encarava tweek e Kenny alternava seu olhar entre todos.

– qual é, tweek!– começou Kenny – você só precisa chegar lá, dizer que o ama e que tem o perseguido pelos últimos meses, e então vocês podem finalmente andar no pôr do sol–

– não é tão fácil assim– murmurou o loiro.

– não estamos chegando a lugar nenhum– reclamou butters mordiscando seu sanduíche – tweek, você chegou tão longe, tem que tomar coragem e falar com ele–

– mas..e se ele não gostar de mim?–

– não estou dizendo para se declarar assim que o vir, tente ser amigo dele primeiro, um passo de cada vez– incentivou.

– você tem razão…vou falar com ele assim que ele estiver sozinho!–

– bem…é um começo– butters suspirou.

O sino tocou novamente anunciando o fim do intervalo, tweek esboçou uma reação triste ao ver seu amado sair de sua visão com um grupo de outros caras, butters disse para Kenny ficar de olho no loiro e voltou para sua sala.

….

Kyle voltou ao mundo mortal, dessa vez, com vida, ele se sentia estranho, para dizer o mínimo, devia fazer uns 500 anos que ele vivia como demônio, e quando se é um demônio seu sistema biológico é diferente do comum.

Sua pele é mais fria mesmo que se sinta pegando fogo o tempo inteiro, não há sangue correndo em suas veias como quando se está vivo, seu coração não pulsa, você não precisa respirar, você não sente cheiro ou gosto de qualquer coisa. Obviamente, não são todos iguais.

E quando se é um demônio com uma função específica, como Kyle é, não só seu corpo é ainda mais estranho, como sua própria mente trabalha diferente.

Kyle é um demônio ceifador, o único propósito de sua existência é levar as almas ruins do mundo dos vivos para sofrer sua punição no inferno, e é isto.

Ele não sente, ele não precisa sentir, porque não é de sua natureza, o mais próximo de qualquer sentimento que ele tem é o ódio e o repúdio pelos humanos.

Mas agora que entrou nessa maracutaia doida que a bebê e o tweek os carregaram junto, e o Damien o obrigou a fazer parte, ele tinha simplesmente voltado a vida, como se não fosse nada.

Seu corpo estava estranho, ele não se sentia ferver de calor a cada segundo, mas sua pele não era mais uma pedra de gelo, ele conseguia ouvir as batidas de seu coração.

Ele sentia o cheiro da neve e sentia os flocos caindo em sua pele.

E estava detestando cada segundo.

Tudo o que ele queria agora era achar o tweek e se mandar dali, mas não tinha ideia onde ele se escondeu, então tinha dois objetivos, primeiro achar o menino de touca azul que o levaria até o tweek e segundo colocar juízo naquela cabeça dura e teimosa do seu amigo.

Começou a andar pela cidade, vez ou outra trombava com alguém sem querer, esquecia que não podia mais atravessar pessoas como fazia.

Em um momento ele chegou em um parque, e se sentou num banco para descansar, agora aparentemente suas pernas se cansavam se andassem além da conta.

Enquanto estava lá sentado, com ódio da sua amiga e do seu chefe, se deparou com um garoto sentado em um balanço, um pouco distante de onde o ruivo se encontrara.

O que importa é que esse garoto estava usando uma touca azul, claro ainda tinha chance de ser só um garoto aleatório, mas quando não se tinha nada e se está frustrado, qualquer coisa é melhor que nada.

E assim, Kyle se aproximou devagar, escondeu-se entre uns arbustos e começou a observá-lo, e decidiu que iria o seguir até que tweek aparecesse.

Deu a hora de largar e todos arrumavam seus pertences para ir pra casa, butters correu até a saída em prol de ver tweek e Kenny, mas para seu deleite, apenas Kenny estava lá.

Ele queria gritar para saber cadê o tweek, mas não podia fazer isso com um monte de gente ao seu redor, então sussurrou.

– cadê o tweek!?–

– não se preocupe ele está bem– Kenny disse com um riso abafado, isso não aliviou butters – ele foi se declarar pro amor da vida dele–

Agora sim, butters queria gritar.

Com o toque do sino, todos iam para casa, mas Craig que estava no clube de robótica, precisava ficar para reunião, ele odiava quando isso acontecia, mas gostava do clube, apesar de tudo.

Tweek estava escondido atrás de uns armários, ainda tomando coragem para falar com Craig.

Queria aproveitar que não tinha ninguém ali agora para tentar se aproximar, mas estava com medo, queria saber onde ele achou que essa ideia ia ser boa, estava prestes a desistir e ir atrás de butters para ir pra casa, mas algo o interrompeu.

– você– uma voz conhecida o fez estremecer.

– c-craig..–

– você tem me olhado e seguido o dia inteiro, o que é que você quer?– ele tinha um olhar ameaçador.

O loiro estremeceu sem saber muito o que fazer, tentou lembrar do que butters disse no refeitório e começar por aí, mas seus pensamentos desviaram entre “você tem que tomar coragem”, “tente ser amigo dele” e “um passo de cada vez”. E no final ouviu “você tem que se declarar assim que o vir”.

– eu..eu gosto de você!– ele disse com convicção, sem querer.

….silêncio.

– GAH! O que eu falei!?– surtou e fez a única coisa que conseguiu pensar, sair correndo.

Ghost BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora