20| Noah Urrea

163 17 0
                                    

༅  17 👩‍❤️‍💋‍👨   ༄  𝑁𝑜𝑎ℎ 𝑈𝑟𝑟𝑒𝑎   !

ELE NÃO ESTAVA EM OHIO.

Esse era o carro dele. Seu terno. Essas eram suas mãos segurando as de outra pessoa.

Esse era meu pai.

Mas não era minha mãe.

Não fazia sentido, porque meu pai nunca faria...

Eu não conseguia nem pensar na palavra. Tudo parecia errado.

Um pesadelo sem fim.

Ele deveria estar em uma viagem de negócios.
Em Ohio. No hotel. Ele deveria estar em reuniões, conversando com a equipe e lidando com questões financeiras. Ele não deveria estar jantando no meio da noite com uma mulher que eu nunca tinha visto antes. E ele não deveria estar segurando a mão dela daquele jeito.

Como Sina disse, estava escuro. E mesmo sabendo que era meu pai, havia uma voz na minha cabeça que ficava dizendo, mas e se não fosse? Agarrei-me àquela voz porque era mais fácil ficar confuso do que com raiva. Com a confusão, ainda havia possibilidades; ainda não era preto e branco. E havia um fio de esperança em algum lugar do cinza que eu precisava agora.

Era melhor do que o contrário: me convencer de que realmente era meu pai. O que isso significa? Todas aquelas viagens de negócios foram uma mentira? Elas não podiam ser. Ele trouxe lembranças de cada estado. Mas o que mais ele estava fazendo enquanto estava fora? O que ele estava fazendo quando não estava trabalhando?
Então me lembrei de quando ele voltou para casa de Nova York no fim de semana passado e não me trouxe nada. Ele estava mesmo em Nova York? Provavelmente não. Ele esteve aqui o tempo todo. Não foi ele?

Mas talvez não fosse ele.

Foi, no entanto.

Era ele.

Na manhã seguinte, minha cabeça parecia que tinha sido colocada no liquidificador. Acordei com uma mensagem da minha mãe. Ela estava fazendo ioga, depois ia almoçar. Ela não estaria em casa por algumas horas. Então isso me atingiu como uma tonelada de tijolos.

Minha mãe. Minha mãe, que estava apaixonada pelo meu pai. Minha mãe, que passou quase vinte anos de sua vida com ele. Percebi que não se tratava apenas de mim. Isso poderia arruiná-
la também.

Decidi então que não poderia contar a ela o que tinha visto. Não até que eu tivesse certeza.
Eu precisava de respostas.

Tomei um banho e liguei para Sina. Ela atendeu imediatamente, provavelmente ainda preocupada comigo. Lembrei-me da voz dela na escuridão ontem à noite, lendo para mim. Eu precisava disso de novo agora. Essa pequena sensação de paz. Essa certeza.

— Você pode vir? — eu perguntei.

Meia hora depois, minha campainha tocou.
Sina estava parada na varanda, curvada.

— Oi. — ela disse, sem fôlego.

— Sina! você correu até aqui?

Ela entrou com o peito arfando.

— S-sim. Parecia urgente. Não tinha carona. Você está bem?

The Upside Of Falling.  NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora