CAPÍTULO 10

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Amá-la deve ser cansativo

Pacify Her / Melanie Martinez

— Eu já disse que não, Clara! 

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Eu já disse que não, Clara! 

Bufo pelo que parece ser a décima vez. Cruzando os braços em frente ao peito.

Se eu achava que ele me odiava antes, agora tenho certeza.

Qual é! Essa é a única faculdade de merda que tem aqui, e você é a porra do meu pai explodo é sério isso?

Você não deveria ter voltado ele coça a têmpora, como se estivesse com dor.

Pois é, mas eu voltei! e não pretendo sair daqui. Eu quero uma vaga aqui. Você não tem o direito de me negar isso! Você foi o único que fez merda aqui.

Ele levanta da sua cadeira, e começa a andar em volta da mesa.

  Se ficar com essa boca fechada, eu te dou a vaga aqui. Mas, eu não quero ver a porra do meu nome saindo da boca.

Passo a mão em volta da boca, como se estivesse passando um ziper nela.

— Ninguém vai saber o merda que você é, papai. Não se preocupe — pisco para ele, sentindo-me feliz.

— Você começa na segunda já. Vou mandar prepararem tudo — ele pigarreia — como... a menina está? — seus olhos adquirem um brilho quando ele fala dela.

— Eu sei cuidar dela, não se preocupe.

— Eu... Queria ver ela qualquer dia desses.

Sorrio.

Ao contrário dele, eu não sou ruim.

— A casa está aberta. Sabe bem disso — me encaminho até a porta da saída, antes de sair, ele me chama.

— Clara, você sabe o porque eu faço isso. Não é...

— Eu sei, pai. Seu passado, e o pai de merda que foi para mim, te condenam. Mas, não se preocupe com isso, sei guardar bem seus segredinhos sujos — digo, e fecho a porta.

Meu pai foi um cara relapso comigo, e um péssimo marido para minha mãe, mas, pelo menos ele recompensa a minha filha. Ela gosta dele, apesar de tudo.

É apenas por Lara que vim até aqui pedir uma vaga nessa faculdade, é pela minha pequena que irei dar o meu máximo para me manter inteira depois do falecimento de mamãe. Foi por isso que voltei para Devilsville, depois de longos, e agonizantes dez anos.

Dez anos.

Dez anos longe do garoto que fazia meu coração bater forte.

Dez anos longe do meu primeiro amor, e melhor amigo.

Dez anos longe do meu grupo, e da minha melhor amiga.

Eles fazem uma falta do caralho na minha vida. Não sei como estão, o quanto cresceram, se casaram, ou estão na mesma.

Como ele está?

Será que ainda pensa em mim?

A única coisa que sei é que ambos os cinco continuam na cidade, nunca saíram daqui.

Porém, em compensação meu pequeno Henry se foi. Sofri muito quando soube da sua morte. Uma pequena parte minha se foi naquele dia junto dele. Tinhamos sonhos, um deles era de sair por aí, em uma moto sem rumo. Não víamos a hora de ir completar a maioridade. Infelizmente, ele não pode fazer isso, e eu não pretendo cumprir sem o meu Henry.

Caminho pelo campus, observando os alunos correndo de um lado ao outro, indo, e vindo de suas aulas. Alguns espalhados pelas gramas; conversando, rindo de algo, ou lendo um livro na sombra. O lugar parece ainda maior do que eu imaginava, é pensando em um certo alguém que meus pés me levam pelo campus até a área mais afastada, onde tem um campo enorme, onde alguns jogadores se alongam, fico ali observando os garotos.

— Procurando por algo? — uma voz grossa diz em meu ouvido, me fazendo dar um pulo, e levando a mão ao coração, sentindo-o mais acelerado que o normal.

— Meu Deus, você me... — me viro em direção a pessoa.

É aí que me sinto travar no lugar.

Não esboço nenhuma reação, além do puro choque.

Seu rosto continua o mesmo, o que muda são apenas alguns pelinhos crescendo ali.

Quero dizer, ele está uma versão muito melhorada. Puta merda! Seu cabelo loiro, agora está em um corte bem maior, seus olhos cor de mel estão cerrados em minha direção. Seu peito sobe e desce com respirações rápidas como se ele tivesse corrido uma maratona.

Aposto que se eu chegar mais perto, posso ouvir seu coração, e ele com certeza ouviria o meu.

— Quando eu ouvi sua briga com o reitor achei que estava ouvindo demais — Noah começa a falar, quebrando o silêncio — não tinha como você voltar depois de dez anos sem explicação alguma, não é?

Suspiro, e olho para baixo.

Meu melhor amigo, e primeiro amor está na porra da minha frente, depois de muitos anos.

A única diferença é que eu não sou mais tão inocente.

— Noah, eu...

Ele não fala nada, apenas avança o pequeno espaço que faltava, enlaçando a minha cintura, e  abraçando-me, tirando-me do ar.

— Você voltou, porra! Minha Clarinha voltou! — ele diz, rindo.

Sorrio, e choro ao mesmo tempo, sentindo-me feliz por finalmente estar me sentindo de novo em casa.

É, eu voltei para vocês.

Não poderia me sentir mais feliz nos braços desse garoto.

Sim, Noah James eu voltei, dessa vez não pretendo ir a lugar algum mais.

Sim, Noah James eu voltei, dessa vez não pretendo ir a lugar algum mais

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Capítulo curtinho apenas pra vocês conhecerem nossa Clarinha. O que acham que vem aí? 😬

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ANDREW (SÉRIE OS BABACAS LIVRO 2, DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora