[3] meminisse.

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1.

16 de novembro de 1981, segunda-feira.

ANTES MESMO DE abrir a caixa, Remus já sentia seus olhos lacrimejando.

(Não era porque ele estava emocionado).

Era uma caixa velha, surrada e desgastada nas bordas, como se tivesse sido manuseada milhares de vezes. As dobradiças pareciam frágeis depois da caixa ser aberta tantas vezes e o peso que a caixa fazia em suas mãos era, no mínimo, suspeita.

E havia poeira.

Havia muita poeira.

Remus sentia como se a cada centímetro que a caixa se movia em suas mãos, uma nova nuvem de poeira voava em direção ao seu nariz.

Assim que a caixa foi aberta, Remus começou a espirrar imediatamente.

Ele pensou que nunca mais pararia. Aquelas lágrimas que enchiam seus olhos há segundos atrás, agora escorriam livremente pelo seu rosto fazendo seus olhos coçarem. Seus olhos coçavam , seu nariz coçava e a situação já começava a se tornar tão ridícula que Remus começou a xingar a caixa, o quarto, a poeira e a si mesmo com todos os palavrões que conseguia se lembrar.

Eram muitos.

Puta que pariu — ele murmurou mais claramente assim que, enfim, conseguiu se controlar.

Remus escondia metade de seu rosto dentro do seu suéter. Respirar não se tornou uma tarefa muito agradável, era abafado demais. Mas estava frio, e seu nariz congelado agradecia por ter um pouco de calor.

Ele enxugou seus olhos para conseguir enxergar o que estava a sua frente.

Olhando agora – com mais calma –, Remus notou desenhos à tinta e palavras cravadas na madeira. Haviam iniciais dentro de corações, luas e estrelas por toda a volta e, em certos lugares das bordas, haviam tantas felpas que Remus evitou passar a mão por ali.

Na parte de dentro da tampa, haviam fotos coladas, uma delas contendo muitas pessoas sentadas no chão, sorrindo demais com livros nas mãos e algumas velas os iluminando. A maior parte das pessoas na foto era jovem, mas no meio de todos havia um homem barbudo com roupas em tons terrosos. Abaixo da foto se lia: “Turma de Astronomia, 1977”.

Na outra foto, porém, havia apenas duas pessoas. Uma delas sendo ele mesmo, e a outra a única pessoa que ele sentia conhecer, mesmo que superficialmente.

Esta pessoa era, naturalmente, Sirius Black.

Esta pessoa era Sirius Black lhe dando um beijo na bochecha.

Remus piscou, ouvindo as engrenagens ecoarem dentro de sua cabeça.

Logo abaixo da foto, havia uma frase que Remus imaginou ser a letra de uma música.

Então ele a leu e de repente tudo estava em silêncio. Nem mesmo as engrenagens de sua cabeça eram audíveis.

Aquela era a música.

(I’m in tears again, when you rock’n’roll with me.)

Ah meu Deus, Remus pensou.

No primeiro instante, Lupin ficou meio surpreso. Até mesmo diminuiu o aperto do suéter em seu nariz e o deixou escorregar de volta para seu lugar novamente. Ele já conseguia sentir seu nariz voltar a coçar.

Claro que achou Sirius simpático – ao menos antes de ter descoberto a situação atual –, mas pensou que eles tinham uma forma de amor fraternal.

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⏰ Última atualização: Apr 02 ⏰

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