Capítulo 15

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Estar nos braços de Harry me transpassava além de calor, uma sensação de reconforte e proteção que não experimentava em anos. Me vi inclinando para mais perto dele e nem me importei com o resto do meu sorvete derretendo. Inspirei seu cheiro de perfume caro sobre o vento gelado e observei a pele nua de seu pescoço. Meus lábios se entreabriram com a vontade de beija-lo, mas me contentei com os braços fortes e carinhosos dele ao meu redor. Aproveitamos a vista do parque, falando sobre como as árvores ficariam bonitas na primavera e no outono e combinamos de voltar ali para ver. 

Harry listou alguns lugares de Londres que eu deveria conhecer e me garantiu que me levaria a todos eles. Sorri diante disso e ficamos planejando passeios pelos próximos meses até que o tempo passasse demais e precisávamos ir embora. Ainda tínhamos que nos organizar para ir a casa da Bianca e nem mesmo falei com minha mãe sobre.

Estávamos fazendo a caminhada de volta ao carro quando meu celular começou a tocar e o sorriso alegre que eu dava a Harry morreu no momento em que eu li "Numero não identificado", na tela. Meu corpo começou com tremores e não consegui me mexer. O barulho do parque ao redor foi abafado pelas batidas rápidas do meu coração e do sangue latejando em minhas orelhas. 

Acho que Harry estava chamando pelo meu nome, mas não conseguia decifrar. Estava tudo abafado, como se eu estive imersa em água. No mesmo momento senti meu corpo gelar ainda mais e minha visão embaçou com as lágrimas. A chamada parecia nunca cair na caixa postal e eu tentava encontrar forças para apertar o botão de desligar.

— Clary. — mãos fortes seguram meus ombros e deixo que meu celular caia no chão. — Ei. — dedos quentes seguram meu queixo e erguem meu olhar até esmeraldas verdes e brilhantes. 

A visão dos olhos de Harry me acalma e foco no tom de verde que eles são. Percebo que alguns fios dourados tracejam sua íris e conforme Harry acaricia meus braços, me sinto tranquilizar.

— Está tudo bem? — pergunta e vejo preocupação em seu semblante. — Quem era ao telefone?

— Eu não sei. — pisco e me afasto dele.

Recupero meu celular da grama e olho para a tela. A chamada foi desligada antes de cair na caixa postal e tento manter a calma para pensar.

Provavelmente não é nada demais e eu apenas estou surtando atoa. 

— Quer falar sobre isso? — Harry me analisa ainda preocupado e se manter por perto.

Eu olho ao redor, procurando por qualquer pessoa que se pareça suspeita ou que esteja nos observando, no entanto nada parece errado. 

Você esta ficando maluca Clarisse.

Engulo em seco e passo a mão pelo rosto.

— Me leve para casa. — digo a Harry. — Por favor.

— Claro. — ele assente e pousa uma mão em minhas costas, me conduzindo o restante do caminho até o carro.

Quando estramos, me afundo no assento do carro e encaro meu celular. Não gostaria de fazer isso na frente de Harry, mas não consigo esperar nem mais um segundo.

Digito o número do meu pai e espero ansiosa enquanto escuto o barulho da chamada. Meu pai, Richard, atende na terceira chamada.

Filha! — sua voz parece surpresa. — Que bom que ligou. Estou a semanas tentando falar com você.

— Eu sei. — respiro fundo. — Você me ligou agora pouco?

Ah... não. Estou trabalhando no momento. — sua voz ganha um tom mais grave. — Aconteceu alguma coisa querida?

Toda PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora