Capítulo 87

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-- Clary espera! -- Niall segura meu braço. -- Pode ser perigoso.

Riu.

-- Eu conheço o Miguel, claro que ele vai aprontar uma. -- puxo delicadamente meu braço e volto a caminhar ate a cabana.

Escuto os passos de todos atrás de mim, e paro em frente a porta.

Esta na hora de enfrentar seu passado.

Respiro fundo tomando coragem e giro a maçaneta abrindo a porta. As horas já tinham passado, era por volta das cinco e pouco da manha, o sol estava quase nascendo. Mas mesmo assim Niall iluminava tudo com a lanterna. O lugar cheirava mal, estava tudo escuro e cada passo que eu dava a madeira rangia.

Largo a porta, andentrano mais no local e dou passos firmes. Se eu tenho que encontrar o Miguel novamente, que ele me veja como antes, uma garota forte e sem medo.

Tinha duas pequenas janelas no local, deixando entrar finos raios de luz, que mostravam mais do lugar. Tinha alguns moveis velhos e desgastado espalhado pela cabana, todos cheios de pó, podia ouvir o rangido dos ratos que andavam pelo chão a nossa volta e eu procuro pela pessoa.

-- Tem certeza que ele esta aqui? -- Niall ilumina o comodo.

-- Esse lugar parece aquelas cabanas de filme de terror, onde o fantasma sempre aparece e nos mata.

-- Bianca isso não é um filme e fantasma não existe.

Ignoro o assunto deles atrás de mim e caminho mais a frente. Preciso começar a pensar, passei dois anos com o Miguel, conheci tudo sobre ele, preciso voltar a pensar como ele. Se eu fosse o Miguel, onde me esconderia?

Olho novamente pelo comodo, escutando os rangido da madeira, mas eu estava tão focada. Ao lado da janela tinha uma mesinha, mais a frente um sofá, estantes nas paredes, preenchidas de livros antigos, um enorme tapete no meio do cômodo que cheirava a mofo, do lado direito da segunda janela tinha uma porta, dando para outro comodo e do lado esquerdo um ponto escuro, onde a luz que entrava pela janela não chevaga.

Tento abafar o som da conversa dos meninos atrás de mim e foco nos barulhos da casa e naquele ponto escuro. Ratos, rangido da madeira, vento...respiração.

-- Claro! -- falo pra mim e mesma e reviro os olhos.

Dou mais passos ate aquele ponto, mas paro assim que estou a dois metros de distância. Os meninos param de conversar, cruzo meus braços e posso ouvir seu riso divertido.

-- Quem diria, a pequena Clary sabe pensar ainda. -- sua voz ecoa por todo local, mas não me deixo intimidar, mesmo que eu esteja com medo do que ele possa fazer. -- É um prazer te ver novamente.

-- Já eu não digo o mesmo, cadê a Selena? -- sou direta.

Ele ri.

-- Direta como sempre, eu amava isso em você. -- ele inclina seu corpo para frente, permitindo que a luz que entra pela janela bata contra seu rosto, me permitindo velo novamente.

Sinto meu corpo paralisar e não consigo falar ou fazer nada.

Seus lábios formam um sorriso divertido e logo a seguir ele passa a lingua sobre eles. Meus olhos prendem nos seus, também azuis, só que diferente dos meus, os dele carregam raiva, ódio e escuridão, o meu agora só carrega o peso da culpa e a desilusão de um amor, que deixou meu corpo sem vida.

-- Você ainda continua a mesma garota de sempre. -- Miguel da um passo a frente, mas não consigo recuar, me sinto tão presa ao seu olhar e do nada as memorias vão me atormentando, dele me torturando, fazendo minha mente sangrar por dentro. -- Tão linda como da primeira vez que eu te vi naquela escola, lembra? -- as imagens dele se sentando ao meu lado no intervalo passa diante dos meus olhos. Ele parecia um garoto tão legal. -- Você era tão inocente querida. -- meus olhos quimam, sinto seu toque no meu rosto e só agora percebo que ele esta a centímetros de mim, nossos olhos ainda permanecem presos um no outro e ele acaricia minha bochecha. -- Mas se tornou ainda mais perfeita quando se transformou na garota todo poderosa.

Toda PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora