O resto daquela semana foi… Estranha. A gente tava numa de “Ok, aconteceu, mas vamos fingir que não”, e falhando miseravelmente. Não é como se a minha mãe tivesse dado uma de mestra chamã ou sei lá o que pra virar a minha vida de ponta cabeça.
Eu meio que fiquei horas com ela naquele quarto. Ela me contou que eu iria ter que pegar um trem, que eu iria ficar 7 anos naquela escola, e mais umas coisas.
Dentro do armário do quarto, os materiais que eu iria precisar estavam guardados. Com essa minha hiperatividade, a minha vontade foi de revirar tudo aquilo. Mas minha mãe me ajudou a ver as coisas que tinham lá dentro com calma. Uns livros, umas capas pretas sinistras, umas panelas estranhas e essas coisas. Também tinha uma caixa que a gente resolveu deixar pra ver melhor na escola, que o nome eu mal conseguia pronunciar. Certeza que os britânicos malucos que criaram aquele lugar não deviam ter pensado nos garotos disléxicos ao pensar naquele nome.
Porém, ainda sim, o dia 1º de setembro chegou rápido. Minha mãe me levou pra estação. Ainda bem que Gabe não estava no apartamento quando saímos. Ele mal passava tempo lá desde que chegamos. A questão era que toda vez que ele comprava cervejas, elas chegavam azedas. Depois de várias tentativas frustradas, ele desistiu e foi se enfurnar em algum daqueles bares de esquina que tanto gostava.
A essa altura, minha mãe e eu já havíamos batido ponto em quase todos os pontos turísticos de Londres. Visitamos o Big Ben, os museus e aquela infinidade de atrações turísticas que todo turista ama. Também fizemos uma “tour dos moradores”, porque aparentemente o pessoal do prédio nunca sai de casa.
A senhora da padaria, por exemplo, foi a primeira a nos dar um “alô”. Ela nos presenteou com balas azuis.
— É de graça, querido — ela disse com um sorriso.
Depois, havia um sujeito no fim da rua, sempre vestido com um terno preto e falando ao telefone, como se estivesse resolvendo a crise mundial enquanto tomava um café. Seu Pitbull parecia ser o verdadeiro chefe da operação.
Na semana em que estávamos por lá, a clínica de dentistas estava fechada.
E no final da rua, havia um casal de velhinhos com uma garotinha loira, de uns seis ou sete anos, que parecia ter uma energia ilimitada. Se existisse um campeonato mundial de correr em círculos, ela certamente ganharia a medalha de ouro.
Quando a gente estava chegando na estação, eu percebi que estava começando a gostar dali, mesmo que o tempo que tinha passado fosse relativamente curto.
Comecei a encarar o meu bilhete enquanto minha mãe tirava as minhas coisas do carro. Plataforma 9¾. Agora, eu posso não ser um expert em trens e plataformas, mas uma Plataforma 9¾ parecia um pouco fora do comum. Fui mostrar para minha mãe, esperando uma explicação mágica ou uma risada de “ah, é só uma pegadinha”.
Ela franziu a testa e me puxou pela mão, o que já era um sinal de que algo estava prestes a acontecer.
— Vamos resolver isso agora — disse ela, com uma determinação que eu não via desde o último episódio de uma série policial que assistimos.
Ela parou um guardinha que estava encostado em uma parede.
Ela parou um guardinha que estava encostado em uma parede.
— Com licença… Mas você poderia nos ajudar? — ela disse.
Ele se virou para nós.
— É claro. Primeira vez em Londres?
— Sim, sim — minha mãe respondeu, lhe mostrando o bilhete — Você conseguiria me dizer onde fica essa plataforma?
Enquanto ela conversava com ele, comecei a reparar em uma família do outro lado. Tinha um cara de meia idade, uma outra com pescoço comprido e cabelo loiro desbotado, uma criança com cara de mimada olhando pro nada e um garoto, que parecia ter mais ou menos a minha idade. Só que ele parecia ser bem mais magro, ou talvez as suas roupas muito largas o deixassem assim. Ele tinha um cabelo escuro e rebelde, e usava uns óculos redondos. O garoto estava com um carrinho igual ao meu, só que o dele tinha uma coruja branca. Estranho.
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Um Bruxo de Nova York (What If Percy Jackson X Harry Potter)
Fanfiction"Aquela coisa tinha uns três metros de tamanho. Falando por aqui, talvez não pareça algo tão grande, mas acredite, quando você é um moleque de 12 anos, franzino, com uma baita túnica para te atrapalhar, acredito que três metros seja um tamanho bem a...