O Encontro nas Montanhas Geladas

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Os ventos cortantes da Noruega varriam as montanhas congeladas do clan da Neve Eterna, um grupo de samurais nórdicos que habitavam essas terras inóspitas. O sol mal conseguia romper a densa camada de nuvens que pairava sobre as altas montanhas, deixando o ambiente mergulhado em sombras profundas e frias.

Naquela madrugada gélida, enquanto os caçadores percorriam os picos nevados em busca de presas, algo incomum chamou sua atenção. Uma bruma etérea dançava sobre as copas das árvores, criando formas fantasmagóricas que se desvaneciam com o vento gelado. Era como se o próprio mundo estivesse suspenso entre o real e o místico, entre o conhecido e o desconhecido.

Entre os montes de neve e gelo, uma fraca luz brilhava, quebrando a monotonia do branco infinito. Curiosos, os caçadores se aproximaram cautelosamente, seus olhos treinados detectando qualquer sinal de perigo. Cada passo deixava uma marca profunda na neve fofa, que logo era coberta novamente pelo manto branco que se estendia até o horizonte.

O que encontraram foi além de suas expectativas. No centro de um círculo de árvores retorcidas pelo frio, estava uma pequena figura envolta em panos sujos e desgastados. A luz do sol filtrava-se entre os galhos nus, criando padrões de sombra e luz que dançavam sobre o corpo frágil da criança. Seus olhos cerrados pareciam guardar segredos antigos, enquanto sua respiração suave era um sussurro quase imperceptível na quietude da manhã.

Era uma criança, uma recém-nascida com orelhas pontudas que denotavam sua origem elfica. Seus cabelos negros estavam emaranhados, como teias de aranha congeladas pela geada da madrugada, e sua pele clara como a neve refletia a palidez do inverno eterno que envolvia aquelas montanhas. Ao seu redor, pequenos flocos de neve dançavam no ar, como se o próprio céu estivesse celebrando a chegada daquela criança ao mundo.

Os caçadores trocaram olhares perplexos, incapazes de compreender como uma criança tão jovem poderia ter sobrevivido nas condições implacáveis daquelas terras. A própria natureza parecia tê-la protegido, envolvendo-a em seu manto branco e frio como uma mãe zelosa que guarda seu filhote dos perigos do mundo.

"O que faz uma criança tão pequena aqui, no meio do nada?" murmurou Einar, um dos caçadores mais experientes do grupo.

"Não sei, mas não podemos deixá-la aqui sozinha," respondeu Kjell, enquanto se aproximava da criança. "Ela precisa de ajuda."

"Mas quem é ela? De onde veio?" questionou Hilda, com uma expressão de perplexidade.

"Isso é um mistério que teremos que resolver mais tarde," disse Bjorn, o líder do grupo. "Por enquanto, nossa prioridade é levá-la de volta ao acampamento e cuidar dela."

Com um aceno de cabeça, os caçadores concordaram com a decisão de Bjorn e voltaram sua atenção para a criança, prontos para protegê-la e mantê-la segura, não importa o que acontecesse a seguir.

Por um momento, o tempo pareceu congelar-se ao redor daquela cena, como se o universo estivesse esperando para ver o que aconteceria a seguir. E então, com um gesto decidido, um dos caçadores avançou e ergueu a criança em seus braços, envolvendo-a com cuidado em seu casaco grosso e quente.

Os outros caçadores se reuniram ao redor, formando um círculo protetor enquanto retornavam ao acampamento do clan. Cada passo era uma promessa de segurança, cada batida do coração era um voto de proteção para aquela pequena vida que agora dependia deles para sobreviver.

No entanto, conforme olhavam para o horizonte, a imensidão das montanhas congeladas parecia interminável, e a ideia de retornar todo o caminho com a criança naquele frio implacável era assustadora.

"Não podemos arriscar a vida dela levando-a de volta agora," disse Bjorn, o líder do grupo, com uma expressão grave. "Precisamos encontrar uma maneira de mantê-la aquecida e alimentada antes de continuarmos nossa jornada."

"Concordo plenamente," assentiu Hilda, uma mulher de cabelos trançados e olhos penetrantes. "Vamos montar um acampamento aqui mesmo e cuidar dela até que tenhamos certeza de que ela está forte o suficiente para seguir viagem."

Com determinação renovada, os quatro caçadores começaram a preparar o acampamento, utilizando suas habilidades e recursos limitados para criar um abrigo improvisado contra o frio cortante. Eles construíram uma fogueira crepitante, cujo calor se espalhava pelo acampamento, afastando o frio que penetrava até os ossos.

Enquanto Bjorn e Kjell reuniam lenha e água, Hilda cuidava da criança, embrulhando-a em cobertores grossos e acalentando-a com palavras reconfortantes. Einar, o mais jovem do grupo, partiu em busca de alimento, retornando pouco depois com dois cabritos um recém-nascido e sua mãe, oferecendo sua mãe para fornecer o leite necessário para alimentar a criança.

Com cuidado e ternura, os caçadores alimentaram a criança com o leite de cabra, observando com gratidão enquanto ela sorvia avidamente, recuperando suas forças pouco a pouco. Aos poucos, a cor retornou às suas bochechas pálidas.

Enquanto um brilho de vida reacendia nos olhos da criança, os caçadores se reuniram em torno da fogueira, discutindo sobre os próximos passos a tomar.

"Precisamos estar todos prontos para partir de manhã cedo" disse Bjorn, olhando ao redor para seus companheiros.

"Sim, acho que deveríamos sair o mais rápido possível," concordou Hilda, ajustando o cobertor em volta da criança.

"Vamos nos revezar para manter a guarda durante a noite, e cuidar da criança" sugeriu Kjell.

Com a decisão tomada, os caçadores se acomodaram ao redor da fogueira, compartilhando histórias e lembranças para passar o tempo. Sob o brilho das estrelas e o calor da fogueira, a criança dormiu pacificamente, sem chorar ou manifestar qualquer sinal de desconforto.

Quando o sol começou a despontar no horizonte, os caçadores despertaram renovados e prontos para continuar sua jornada.

"Temos que estar prontos para partir," disse Bjorn, sua voz firme ecoando no ar frio da manhã. "Temos um longo caminho pela frente, e não podemos nos atrasar."

Hilda, Kjell e Einar assentiram em concordância, cada um ajustando suas capas de pele e verificando suas armas.

Enquanto se preparavam para partir, a criança começou a despertar lentamente, seus olhos curiosos se abrindo para o novo dia que se iniciava. Com um sorriso gentil, Hilda a acolheu em seus braços, garantindo que estivesse confortável e aquecida para a jornada que os aguardava.

Com passos firmes e corações decididos, os caçadores partiram em direção ao horizonte distante, seus olhos atentos e suas mentes alertas para os perigos que espreitavam nas montanhas congeladas.

Os picos nevados se erguiam majestosos à sua frente, cada passo os levando mais perto de seu destino. O vento sussurrava entre as árvores, trazendo consigo o cheiro fresco da neve e o eco distante dos predadores que caçavam nas encostas íngremes.

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