2. confuso

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Estava plantada na porta do dormitório do rapaz às dez horas da manhã em pleno sábado. Tentava tomar coragem e bater, mas sempre que encostava na madeira branca meu braço enrijecia.

Sempre vinha aqui, Felix optou por ter um quarto individual então era nosso cantinho para ficarmos sozinhos, mas essa foi a primeira vez que me senti tão ansiosa ao estar aqui.

Por mais que eu fosse desinibida e segura de si, principalmente com os homens, isso não se aplicava ao Lee. Com ele eu não tinha barreiras, não precisava levantar muros ou estar na defensiva, era somente eu desarmada e vulnerável.

Pensei que ele pudesse se sentir desconfortável com o assunto, mas na realidade acho que talvez eu que não esteja preparada para algo assim.

A porta se abriu me pegando desprevenida, o Lee apareceu com uma camiseta branca e calça de moletom cinza. Seu cabelo estava bagunçado e ele parecia ter acabado de acordar.

O rapaz arregalou os olhos me encarando, tão surpreso quanto eu.

- Ei. - Anunciei como uma idiota, qual era o meu problema?

- O que está fazendo aqui uma hora dessas?

- Eu...bom eu, vim conversar com você. - Revelei de uma vez, passando por ele e entrando sem ser convidada.

Tirei meu tênis, caminhei até a cama de casal e me sentei tentando parecer o mais normal possível. Felix parado a porta me olhou sem expressão.

- Por que tá parado aí? E que cara é essa, até parece que eu nunca vim aqui. - Resmunguei rabugenta.

- Tava indo pegar água, quer alguma coisa? - Ele perguntou ainda parado na porta.

- Não.

Vi ele saindo sem muito alarde e só então respirei aliviada, acho que não seria capaz de abordar o assunto, mas agora eu teria que fazer por bem ou por mal já que no momento que a idiota da minha amiga plantou essa ideia estrupida na minha cabeça não conseguia mais agir normalmente com o rapaz.

Felix morava em um prédio universitário com vários dormitórios individuais, mas a cozinha era compartilhada. Sempre que estava por aqui preferia não sair, então ele buscava as coisas para a gente. Era um dormitório masculino e não me sentia confortável perambulando por aí.

Ele não demorou, voltou com uma garrafa pequena nas mãos e entrou normalmente como se nada tivesse acontecido, será que ele percebeu que estou estranha?

Felix entornou aquela água como se estivesse em um comercial de bebida, seu cabelo comprido e loiro caído no pescoço magro, a pele rosada, os músculos no braço e abdômen marcando levemente na camiseta. Por que raios estou prestando tanta atenção nele?

O rapaz não disse nada, deixou a garrafa na escrivaninha e engatinhou na cama até se deitar, ele estava me ignorando mesmo preso ali comigo. Me virei para ele ainda sentada sobre os lençois brancos.

Com os braços largados e os olhos fechados ele parecia confortável, me senti horrível por acabar com esse momento, mas naquele instante senti uma raiva borbulhar dentro de mim, parecia que eu era a única a me importar com nossa amizade.

Me inclinei levemente apenas para estar perto o suficiente para olhar diretamente em seus olhos.

- Você gosta de mim? - Questionei sem vacilar.

Felix abriu os olhos arregalados em uma fração de segundos, como mágica seus lábios começaram a perder a cor.

- Q-q-que? C-como assim?

- Gosta ou não? - Fui incisiva mesmo percebendo que ele estava extremamente nervoso.

- C-claro, você é m-minha melhor amiga. - Me senti frustrada, não era isso que eu queria saber e nesse momento entendi como minhas amigas se sentiram.

two BEST FRIENDS in a room - Lee Felix Onde histórias criam vida. Descubra agora