DOR
Quando pensamos ou externamos a alguém que sentimos dor, imediatamente nos dirão frases típicas como: "beba um remédio" ou "vá ao médico".
Mas, e quando nossa dor é interna? Há algum medicamento? Analgésico? Essa seria uma resposta muito simples, ou não.
Para alguém solitário e abandonado, sem esperanças e com medo do futuro, há somente a mais crua dor, nada além dela. É como quando sentimos dor física e optamos por não nos consultarmos ou ingerir qualquer medicação que possa aliviar: apenas sentimos.
E se durar pouco, você é um sortudo (a).
É como se fosse uma lâmina, dilacerando a alma de dentro para fora. Uma chama que nos queima sem que a vejamos.
Nos afoga em um mar de emoções nunca ditas, mas silenciadas por nosso medo de ser um estorvo.
Você já parou para pensar o por quê não fala sobre suas mágoas e tormentos internos?
Caso não haja uma resposta imediata para a pergunta, aqui vai uma:
Ninguém te entende, ninguém te escuta, ninguém se importa verdadeiramente com suas provações. E tudo isso é arquivado em seu coração.
Porém o silêncio é como o ar enchendo um balão, e quando já não cabe mais ar ali, ele estoura.
Ou pode se equiparar a um copo de água, quando já não cabem mais gotas ali, ele transborda.
Em relação a nossas dores e tormentos, guardados internamente por nós, somos como as ondas do mar: Pensamos por alguns momentos ou por alguns dias que está tudo bem, que iremos superar e lutar com unhas e dentes.
Quando a primeira onda se levanta contra nós, nossas estruturas e autoconfiança balançam.
E com a segunda, tememos perder todo o progresso e luta ganha até ali. Quando tal pensamento passa por nossa mente, rapidamente o excluímos para a lixeira mental.
Acontece que arquivos movidos para a lixeira ainda demoram um tempo para serem excluídos permanentemente.
Na terceira, o mar se agita e as águas movem-se violentamente. E é nessa etapa que desaguamos.
Às vezes no escuro, sozinhos e trancados no quarto.
Ah, se as paredes pudessem falar, quantos sussurros de dor elas já viram em formas de lágrimas, e suspiros pesados presos para não chamar atenção ao redor.
A quarta onda é classificada como preocupante, assim como um terremoto 6.0 na escala Richter: são capazes de destruir tudo num raio de 100 quilômetros.
E com a mesma intensidade nós agonizamos. Gritamos através do olhar, nossas ações pedem socorro, a respiração clama por misericórdia mas no fim das contas, o mundo é mudo e surdo.
E para a quinta onda temos o terremoto de 9.0 em escala.
As lâminas pontiagudas e afiadas ao nosso redor, parecem ser a única saída, como um oásis em meio ao deserto do Saara.
Pensamentos ruins tomam a nossa mente, e o mar revolto não nos ajuda em coisa alguma.
E de repente o mundo parece se curar de sua deficiência: As pessoas ao seu redor começam a prestar mais atenção em você, percebem que algum analgésico comum não curará sua dor, ou seu silêncio.
Te dão conselhos; mas em seu ouvido existem apenas ecos distantes, vozes que você ansiava ouvir entre a primeira e segunda onda.
Porém um terremoto de 9.0 na escala Richter é fatal, destroi tudo o que foi construído, deixa vítimas e causa derramamento de lágrimas em todos.
Por que no final, nós só temos nossa dor, e ela nos abraça até que sejamos consumidos em 7 palmos de terra.
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Arquivos Silenciados (Concluído)
RandomEm um remoto arquivo esquecido, repousam os mais profundos sentimentos, entrelaçados em ações passadas. Cada arquivo guardado, possui segredos de amor, ódio, saudade e esperança, prontos para serem desvendados por quem se atrever a ler e explorar es...