Chuva

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Depressão


Como os mais antigos dizem: o mal do século. Mas o que os próprios tentam abafar é que o "mal" está presente desde o início dos tempos.

Para alguns religiosos é como se estivéssemos possuídos por algum espírito maligno, ou falta de Deus, ou de alguma religião.

Para as mães atarefadas e preocupadas com os afazeres de casa, é culpa da internet (o que não é uma grande mentira em alguns casos.) Se levarmos em consideração que, o que vemos nas redes sociais, nos afetam profundamente.

Para o vizinho ou pessoas externas, é falta de sair, de amigos, do que fazer.

Em muitos casos e principalmente para aqueles que moram com seus familiares, o mal começa e se cria dentro de seus próprios lares.

Você já se perguntou sobre as raízes daquilo que te causa depressão?

Geralmente, os pais mais antigos e criados de forma diferente, e em uma época totalmente diferenciada, não nos entendem. E é por isso que a depressão também tende a ser um arquivo silenciado por nós.

Há algumas frases vagando por aí onde dizem que cada pessoa é um mundo, e isso é um fato corretíssimo. Como cada ser humano pode ser um mundo diferente, quando todos nós, estamos dentro da mesma bola azul chamada Planeta Terra?

Simples: sua forma de ver o mundo e viver nele, te faz ter uma visão diferente sobre a terra e tudo o que há nela.

Para alguns o mundo é azul e o sol brilha todos os dias.

Para outros, assim como têm os dias ensolarados, existem os dias chuvosos, mas eles estão preparados com um guarda-chuva chamado perseverança.

Já uns, dançam em meio a tempestade forte e sambam sobre os granizos.

Mas existem aqueles que veem o mundo cinza, com rachaduras ao seu redor; sem sol e sem brilho. Sem graça ou esperança de nada, como se vivessem um fim de mundo todos os dias.

Já paramos para analisar como será o fim do mundo? Nada bonito com certeza.

E em alguns casos muito conhecidos, todos os parágrafos acima se alinham em uma só pessoa.

Um só mundo interno.

Nos primeiros sinais de garoa, não nos preocupamos, seguimos a vida.

Logo a garoa singela e inofensiva, se torna uma chuva mais intensa e capaz de inundar nossa mente, como uma serpente entrando de mansinho em um ambiente, aguardando o melhor momento para atacar.

Assim nós fazemos, nos primeiros índices de que a nossa roda gigante está descendo ao fundo do poço, continuamos com um sorriso no rosto e tentando fingir que o problema não está ali.

Com o decorrer dos dias e o coração queimando, sentimos como se de fato uma tempestade estivesse para vir, mesmo que internamente.

E quando menos esperamos, a serpente nos ataca. A chuva se torna torrencial, nosso guarda-chuva se quebra.

Não existe mais sol ou lua, sequer uma luz para nos guiar ao fim da provação.

Se alguns possuírem alguém em seu seio familiar para que possa estender um guarda-chuva nos dias chuvosos, um casaco nos dias frios, uma luz no escuro, um ombro amigo durante o choro; talvez tudo fique bem.

Mas, se estivermos em um lugar onde as pessoas não nos compreendem, e sentirmos que nem mesmo a psicóloga pode nos ajudar mais, que somos um caso complexo demais; o futuro é incerto.

Muito incerto.

Como andar na completa escuridão: não sabemos quando iremos esbarrar em algum móvel e machucar algum membro do corpo.

Ou como atirar no escuro: Não veremos em qual direção a bala fará seu percurso. Não veremos nem ao menos se o tiro será em nossa cabeça ou não.

Talvez algum dia sejamos capazes de encontrar conforto em algo? Se vivermos o suficiente para fazer tal descoberta, será incrível.

Alguns não tiveram essa sorte.

O único conforto talvez tenha vindo no fim da vida: Enxergando as linhas vermelhas e cheiro metálico que enfim lhe dariam paz.

Paz eterna em um lugar onde não se sentiria tão triste sem razão alguma, onde não precisaria arquivar seus sentimentos profundos pela falta de compreensão humana.

Um lugar de completo silêncio, onde não haverão os gritos que em vida, nos tirariam a paz. Um recinto incapaz de nos fazer sentirmos as dores e, andarmos pelos caminhos que nos levaram a uma vida repleta de lágrimas.

E no final, quando alguns estiverem jogando flores pela última vez, sentirão remorso.

O mais cruel e amargo peso da culpa, por que em meio a depressão e suas artimanhas, um abraço talvez fosse capaz de resolver tudo, uma boa conversa e risadas, ter apoio emocional.

Porém, durante o fim de um ciclo não há muito para se fazer. Alguns derramarão lágrimas de peso para o resto de suas vidas.

Já outros, apenas por um tempo; pois contribuíram para nos tirarem do fim do poço, mesmo que ao sair dele, não tenhamos encontrado nada para nos manter em nosso mundo.

No fim de sua vida haverá remorso, ou alívio pelas coisas que fez? Pelas pessoas que ajudou, ou apenas ignorou?

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