Tristeza
O que pode ser dito em relação à tristeza que sentimos?
Um sentimento que corrompe o coração?
Algo que nos faz chegar ao pó da terra?
Poderíamos passar horas e horas refletindo sobre tal assunto, pois todas as perguntas acima estão corretas.
Nossa tristeza é algo que de fato, corrompe nosso pequeno órgão que bombeia sangue para o corpo, mas também corrompe a alma.
Se não soubermos lidar com a frustração no cotidiano, ou caso sejamos obrigados a arquivar mais esse arquivo em nosso silêncio, chegaremos ao pó da terra, ou como você preferir chamar.
É como um veneno o qual vai tomando nosso corpo aos poucos, sem que possamos perceber com antecedência.
Um vírus de computador, que se instala aos poucos em nossos sistemas.
Em alguns desses sistemas, percebemos que há algo errado, mas pensamos que não seremos afetados.
E como em muitos casos, apenas percebemos quando tudo já está completamente danificado.
Se não tomarmos cuidado com nossas tristezas, mesmo que momentâneas, haverá uma grande possibilidade de que o sentimento seja algo corriqueiro.
E se não tratada, poderá ser transformada em algo como depressão: nossos "famosos" terremotos internos e pessoais.
Se trancar dentro de nossos quartos, fechar todas as janelas e pensar que "precisamos sentir para que possamos nos libertar" não é uma opção, nunca será o melhor caminho.
Desta maneira estaremos nos afundando sem perceber.
Os adultos com mais experiência na vida, costumam nos orientar de que não podemos deixar que a opressão nos vença.
Para muitos (principalmente os mais jovens, da atual geração) pensam que os mais vividos estão errados.
Mas o que poucos de nós enxergamos é que: eles estão certos.
Quem vos escreve este livro, também pensava de tal maneira:
"É fácil me dizer para dançar na tempestade, quando você tem um guarda-chuva para se proteger das gotas."
Ou: "Não me diga para dançar em meio às chuvas fortes, que desabam sobre minha cabeça violentamente, apenas por que, você sabe dançar sem escorregar e se afogar no temporal."
E esse veneno de não compreender os conselhos dados para nosso bem, toma a cabeça de todos nós em algum momento de tristeza.
Principalmente em quem a enfrenta há muitos anos.
Mas nós não podemos permitir que a ajuda (por mínima que seja) entre por um ouvido e saia pelo outro.
Pois em todo dizer, há aprendizado, lágrimas e vivência.
Em alguns casos, a ajuda não virá de forma grandiosa, a vida não vem para ninguém com um manual.
Nossa libertação vem como um mosaico feito de cerâmica: repleto de caquinhos, mas com uma obra inteiramente composta, bela e radiante.
Em relação aos bons conselhos dados por algumas pessoas, devemos fazer como o artista brasileiro Cândido Portinari: juntar os cacos e criar uma obra perfeita.
Reunir os poucos ensinamentos como uma motivação, e seguirmos em frente.
Às vezes a cura não vem como um remédio, como quando estamos doentes ou com dores: bebemos algum analgésico e em questão de um tempo estamos melhores.
Ou como uma pomada em uma ferida: aplicamos uma pequena quantidade na região e dentro de alguns dias, o ferimento caminha para sua melhora.
Não.
Para curarmos 100% de nossa tristeza, é preciso quebrantar-nos.
Nos quebrarmos em milhões de pedacinhos minuciosos, destruir tudo o que há dentro de nós.
Você já se perguntou como são feitos os mosaicos?
Milhões de pedaços quebrados, muitas vezes ignorados pelas pessoas, justamente por estarem danificados e "não terem serventia alguma".
Mas em algum momento, haverá alguém que verá beleza nos pedaços.
E esse alguém somos nós.
Muitos possuem medo de se perderem no caminho, pois a tristeza nos bagunça, nos faz perder a cabeça e o sentido da vida.
Mas muitas vezes é importante que nos percamos no caminho, para enfim encontrarmos a nossa paz, a cura para aquilo que faz a gente se despejar em lágrimas, e preenche o nosso coração de mágoas.
É preciso ter coragem e resiliência para que possamos nos quebrar e nos reconstruir.
E após isso, saberemos lidar melhor com nossos sentimentos, encontraremos contentamento até mesmo em nossos piores momentos.
Pois a cada vez que somos reconstruídos, nós aprendemos.
Aprendemos a lidar com tudo à nossa volta, temos paz para dar um passo de cada vez, e passar por cima de tudo o que antes nos impedia de sermos felizes.
E você, será um mosaico, ou apenas vidros estilhaçados?
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Arquivos Silenciados (Concluído)
RandomEm um remoto arquivo esquecido, repousam os mais profundos sentimentos, entrelaçados em ações passadas. Cada arquivo guardado, possui segredos de amor, ódio, saudade e esperança, prontos para serem desvendados por quem se atrever a ler e explorar es...