01 - Uma chance pela coragem?

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✯ Ginny

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Ginny

Olhos cansados, bar barulhento e um uísque amargo compunham a minha noite. Além da dor nas costas. É... a dor nas costas era a minha amiga mais próxima.

Enquanto encaro o líquido âmbar girando dentro do copo, balançando o gelo de um lado para o outro, penso no quão cansada estou. Céus! Nunca imaginei que chegaria aos trinta e dois anos com tanta dor nas costas, tanto peso nos ombros e tanto cansaço mental. Eu, definitivamente, não tinha mais ânimo nem para sair para um bar com algumas amigas.

As garotas estavam reunidas numa mesa para celebrar a despedida de solteira de uma amiga, mas o excesso de palmas, gritinhos e assuntos envolvendo pênis de borracha e lingeries já tinha feito minha cabeça explodir. Não por não gostar de conversar com as amigas, mas por estar tão cansada que não conseguia nem sequer dedicar tempo às coisas que eu de fato gostava de fazer.

Discretamente sentei num banco do outro lado do bar, escondida das meninas para que não pensassem mal de mim. Engoli um comprimido para a dor de cabeça e esperei o efeito enquanto encarava uma dose do uísque mais amargo de todos para não parecer uma esquisitona sentada no bar sem nada nas mãos.

Peguei o celular pela milésima vez e abri o chat de mensagens. Minha mãe enviou uma nova foto de Florine, minha filhinha de três aninhos, adormecida com seu ursinho de pelúcia cor de avelã que ela carregava para todos os lados.

— Own! — expressei com ternura.

O cabelo castanho claro com as pontinhas cacheadas estavam presos em duas trancinhas fofas com lacinhos brancos nas pontas. O pijaminha de unicórnio estava bem arrumadinho e eu podia jurar ter sentido o cheirinho do sabonete.

Olhei por cima do bar e escutei as palmas animadas das meninas mais uma vez. Fechei os olhos e respirei fundo.

Como era possível eu querer tanto conseguir me divertir com as amigas, mas só querer sair correndo e ir deitar com a minha filha ao mesmo tempo?

Queria ir até a mesa, bater palmas e falar atrocidades enquanto bebia drinques cor-de-rosa e comia batatas fritas, mas também queria ir para casa, me livrar do vestido vinho, trocar os saltos finos por um par de pantufas e tirar toda a maquiagem, deitar e dormir por longas horas, aproveitando que teria boas horas de um sábado para descansar.

— Senhorita, é pra você. — O barman deslizou uma taça na minha direção.

Encarei a belíssima bebida vermelha com um morango preso em cima com o cenho franzido e a completa confusão em mente. Será que uma das meninas me flagrou escondida?

— Eu não pedi isso. — expliquei, mas ele sorriu enquanto secava as mãos com o pano branco.

— Foi um presente do rapaz.

Quando o barman apontou com o dedo, meu queixo foi ao chão.

O garoto não devia ter mais de vinte anos. Um rostinho bonito, quase um neném. Era alto e tentava exibir os bíceps na camiseta de compressão preta que usava, esforçando-se para parecer o mais distraído possível, quase como se dissesse oh, você estava me olhando? Perdão, eu não percebi.

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