Aflame - Nessian

Capítulo 2

Cassian não podia negar o sentimento de vazio que tomou conta dele quando acordou e não encontrou Nestha ao seu lado.

Ele ainda podia sentir o gosto dela na língua, a sensação de seu corpo quente se contorcendo debaixo dele. Maldição, o cheiro dela estava em todo lugar que ele ia. 

Como seu próprio perseguidor, grudando na pele dele e se tornando parte de Cassian. 

Ele nunca se sentiu tão feliz assim na vida. 

Então, seguiu aquele cheiro até o local de treino das valquírias e a encontrou. Tão linda quanto a primeira vez quando ele a viu, sorrindo para algo que Emerie e Gwyn falavam. 

Cassian não podia beijar aquele sorriso ali, não podia nem pensar em tocá-la da forma como queria. Então se concentrou na única coisa que podia distraí-lo daqueles pensamentos: um relatório dos treinos. 

Teve que ficar parado como um poste conforme ela relatava o progresso das sacerdotisas, se agarrando ao autocontrole que lhe restava para não pular em cima dela. 

Sua parceira tinha crescido e ele estava orgulhoso da fêmea que ela estava se tornando. Tão perspicaz e linda que o deixava sem fôlego. 

Mas uma coisa em sua mente o deixava inquieto enquanto a observava, ele cruzou os braços com aquela informação pesando em seu coração.

Amanhã seria aniversário dela e Nestha não havia mencionado nada ainda. Não para ele pelo menos. 

Aniversários eram importantes na visão do guerreiro, tão importantes quando uma necessidade básica de sobrevivência e ele queria fazer algo especial para sua parceira. Algo de que ela se orgulhasse, então ele não mencionaria nada até que Nestha desse o primeiro passo.

Mas de qualquer forma, estavam comemorando. 

***

- O que você acha? - Ele perguntou para a pessoa menos improvável de estar ali com ele. 

- Eu não sei, ela é sua parceira. 

Azriel cruzou os braços se encostando numa pilastra de pedra branca da loja sofisticada de joias. Seu irmão mantinha a expressão habitual de puro tédio avaliando as pessoas saindo e entrando do lugar. 

- Obrigado pela ajuda. - Cassian sorriu falsamente. 

Ele havia inventado uma desculpa de general quando teve que negar almoçar com Nestha naquela tarde. A expressão decepcionada dela quase o fez pedir desculpas e segui-la até a Casa como um cachorrinho perdido. Cassian possivelmente estava babando quando a parceira caminhou até o arco e rebolou a bunda em provocação como se estivesse o incitando a cometer um pecado. 

Ela o teria comido vivo caso tivesse seguido aquela bunda. 

Mas então encontrou Az e o arrastou até ali com ele. 

Cassian indicou o conjunto de anel e pulseira prata para a vendedora deixando a entender que ia levá-los. 

Ele caminhou até seu irmão. 

- Por que o mal humor, Az?

Aqueles olhos avelãs tão parecidos com os seus o avaliaram. 

- Eu estava no meu horário de almoço. Não espere que eu esteja no meu bom humor quando não como o necessário para o resto do dia.