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Enquanto se preparavam para sair, Sunghoon revisava o arquivo do caso mais recente, suas anotações meticulosas e observações agudas refletiam a profundidade de seu comprometimento. Sunoo, por outro lado, analisava as fotografias das vítimas com uma expressão indecifrável, seu silêncio falando volumes sobre sua própria dedicação ao caso.
── Vamos lá. ── Disse Sunghoon, fechando o arquivo com um gesto decidido. Sua expressão era uma máscara de foco, mas seus olhos traíam uma faísca de desafio, como se convidasse Sunoo a provar seu valor.
Sem uma palavra, Sunoo seguiu Sunghoon para fora da delegacia, a determinação em seus passos igualando a do detetive mais experiente. A cidade os recebia com sua habitual indiferença, mas para eles, cada esquina, cada sombra, podia ser a chave para desvendar o caso que os consumia.
A primeira parada foi a cena do último crime, um beco esquecido pelas rotas movimentadas da cidade, mas agora marcado pela tragédia. A fita policial balançava suavemente ao vento, um lembrete sombrio do que havia ocorrido.
── Observe. ── Sunghoon começou, apontando para os detalhes menos óbvios da cena. ── Cada marca, cada símbolo na pele das vítimas, conta uma história. A questão é, qual?
Sunoo ouvia atentamente, seus olhos varrendo a cena com uma precisão indescritível. A rivalidade inicial havia dado lugar a uma colaboração cautelosa, ambos cientes de que a solução do mistério exigiria o melhor de suas habilidades combinadas, mas essa trégua não indicava que era o fim de suas implicâncias.
À medida que o dia avançava, a dupla seguia um rastro de pistas enigmáticas, cada descoberta os levando mais fundo na teia de segredos da cidade. Os confrontos verbais deram lugar a discussões técnicas, cada um trazendo sua própria perspectiva para a investigação.
No entanto, era evidente que o assassino estava sempre um passo à frente, deixando para trás uma trilha de pistas confusas que pareciam zombar de seus esforços. A cada nova cena de crime, a assinatura do assassino se tornava mais complexa, mais enigmática, desafiando-os a decifrar seu significado.
À medida que o sol se punha, tingindo o céu de laranja e roxo, Sunghoon e Sunoo encontravam-se em um impasse. As pistas reunidas não formavam um quadro coeso, e o assassino permanecia uma sombra, sempre fora de alcance.
── Precisamos pensar fora da caixa. ── Sunoo finalmente disse, quebrando o silêncio que havia se instalado entre eles. Sua voz carregava uma urgência que refletia a gravidade de sua missão.
Sunghoon assentiu, tendo a determinação refletida em seus olhos. Entretanto, o detetive ainda não confiava no novato. Aos olhos do mais velho, Sunoo não passava de um garotinho de Seul que tinha a esperança de resolver o caso em tempo recorde. Como imaginado, um tôlo ingênuo.
── Na verdade, precisamos esperar o próximo passo do artista. ─ Disse sem rodeios, enquanto mascava seu chiclete de menta.
Kim Sunoo deixou escapar uma risada sem emoção. Indignado, ele avançou em direção ao platinado e agarrou o colarinho da camisa social, aproximando seus rostos logo em seguida, forçando o homem a olhá-lo no fundo dos olhos.
── Artista? É isso que esse assassino é pra você? A porra de um artista? ─ Indagou entredentes, mesmo imaginando que não teria uma resposta.
Sunghoon manteve sua expressão inabalável, encarando Sunoo com calma. O detetive podia sentir a tensão no ar, mas não recuou. Sua expressão se aliviou, mas uma leve tontura tomou conta de seu corpo.
── Não é isso que quis dizer, Kim. Mas a mente por trás desses crimes tem um propósito, uma mensagem que quer transmitir. E só podemos entender essa mensagem se entendermos o que o motiva, o que o inspira. Precisamos esperar ele atacar de novo. ─ Sunghoon respondeu com seriedade, sua voz mantinha a mesma tranquilidade.
Sunoo soltou o colarinho da camisa do detetive, mas seus olhos ainda queimavam com intensidade. Aos seus olhos, Sunghoon era estranho, todo o seu comportamento o deixava confuso.
── Você está escondendo algo, não está? Você sabe mais do que está dizendo. ─ Sunoo acusou, seu tom de voz agora era carregado de desconfiança.
Sunghoon apenas deu um leve sorriso enigmático, sem confirmar nem negar as suspeitas do novato. A atmosfera ao redor deles parecia carregada de eletricidade, como se o próprio ambiente estivesse conspirando para intensificar a tensão entre os dois investigadores. Sunghoon podia sentir o olhar penetrante de Sunoo perfurando sua armadura de calma, mas ele se manteve firme, sem revelar nada além do necessário.
Enquanto isso, Sunoo lutava contra a torrente de emoções conflitantes que fervilhavam dentro de si. Por um lado, ele queria confiar em Sunghoon, reconhecendo sua experiência e habilidades. Por outro lado, sua intuição gritava que havia mais na história do que o detetive estava disposto a admitir.
── Não se passaram nem 24h que você chegou e você já desconfia de mim? Qual é o seu problema? Está ficando paranóico? ─ Questionou o loiro, mantendo uma calma invejável juntamente com o seu tom baixo.
── Você não pode simplesmente nos deixar à mercê desse psicopata! Precisamos agir, tomar o controle da situação! ─ Sunoo insistiu, sua voz ecoava pelos corredores sombrios do beco.
Sunghoon ergueu uma sobrancelha, sua expressão impassível revelava pouco sobre seus pensamentos internos. Ele sabia que Sunoo estava certo em parte, mas também entendia os perigos de agir impulsivamente.
── Agir no calor do momento só nos levará a cometer erros. Precisamos ser pacientes, observar e esperar pelo momento certo. ─ Sua voz era como um sussurro calmo, mas suas palavras carregavam um peso indiscutível.
Um silêncio tenso pairou entre eles por um momento, o barulho distante da cidade fornecia o único acompanhamento para sua conversa. Sunoo sabia que não podia forçar Sunghoon a revelar mais do que estava disposto, mas a frustração de estar no escuro era quase palpável.
── Eu vou esperar. Mas não por muito tempo. Se não encontrarmos uma brecha logo, vou começar a seguir meu próprio instinto. ─ Sunoo declarou com determinação, mantendo seu olhar desafiador fixo em Sunghoon.
No silêncio do local e na escuridão da noite que se aproximava, de repente o celular de Park Sunghoon tocou, fazendo com que o som formasse um eco pelo território.
── Heeseung? Aconteceu algo? ─ Indagou ao delegado assim que atendeu a chamada e colocou na função de viva-voz para que o outro detetive ouvisse.
── Temos mais uma vítima, volte para a delegacia. ─ Avisou o homem mais velho, finalizando a chamada logo em seguida.
O detetive loiro encarou Sunoo com os lábios erguidos em um sorriso mediano. O telemóvel foi guardado no bolso novamente e então ele se aproximou do menor em sua frente, tocando o ombro do rapaz de forma íntima e aproximando seu rosto do ouvido do agente, notando o arrepio que sua aproximação causou.
── Viu, querido? Meus pensamentos estão a frente do assassino.
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Dualidade ─ Sunsun.
Fanfiction* Em andamento. Onde Park Sunghoon é um detetive renomado em Daegu e se vê em completo caos quando um novo assassino surge em meio a escuridão da cidade. Com a seriedade da situação, a central de Seul decide enviar o investigador destaque do ramo...