Nada Por Mim

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oie :)

— Oi, eu posso ficar aqui?

— Pitel, oi! – Yasmin deu espaço para que ela entrasse na sala. – Menina, você está acabada e são basicamente 03 horas da manhã, o que houve?

Entraram e sentaram na sala, Pitel explicou toda a situação que aconteceu. Apesar de cansada, ainda conseguiu contar tudo que aconteceu.

— Olha.. Não querendo dizer que ela está 100% certa, mas o Buda é muito chato e de fato ela estava de cantinho na festa. – Foi a primeira coisa que Yasmin lhe disse. – Eu acho que eu ficaria chateada sim, mas o problema é que a Fernanda não sabe separar as coisas, entende? E você realmente não tem que aceitar esses rompantes dela. Mas acredito que ela viva sempre com essa dúvida na cabeça, e é mais fácil te afastar, do que explicar o que está acontecendo.

— Eu falei um 'Eu amo você', Yasmin. Pela primeira vez, e eu ainda continuo achando que isso não mudou nada, não pra ela. – Suspirou, exausta. – Eu entendo certas limitações dela, mas insinuar coisas que eu nunca faria é demais pra mim...

— Você ainda quer ficar com ela?

— Não sei. Não sei mesmo. Não consigo mensurar se vale a pena. Não mais. – Yasmin se aproximou e lhe deu um abraço.

— Agora, Giovanna Pitel. Eu não acredito que você estava achando que eu não sabia que vocês estavam juntas. – Fingiu falsa indignação.

— Em algum momento iríamos contar.. sei lá, acho que a espera era para ver se ia firmar mesmo ou não. – Pausou. – E como você pode ver, não firmou né.

— Para de bobeira, Giovanna! As coisas não estão acabadas.

— Será que não?

— Não! Olha, fica por aqui comigo. Eu não vou viajar nessas férias, podemos fazer coisas juntas. – Brunet segurou as mãos das amiga. – Hein?

Giovanna acenou com a cabeça. Como tinha tirado sorte grande com seus amigos.

*

No dia seguinte, Yasmin a levou para à praia. Passaram quase o dia todo queimando debaixo do sol, tomaram caipirinhas, comeram queijo, se divertiram. Era notável que a loira estava fazendo tudo para distrair a amiga. Como deveria ser.

Passaram o dia tão imersas nessa bolha, que Fernanda havia ligado para Pitel e a cacheada não tinha visto. Só notou a ligação no dia seguinte, ao entrar em seu apartamento. Pensou se retornava, mas ainda não queria conversar com a confeiteira. Deixaria para depois.

Os dias foram se passando, ela tentava se distrair com o máximo que podia. Tentava negar que não estava sentindo falta de Fernanda. Queria um pedido de desculpas, mas em conjunto com uma real motivação de mudança. Queria que essas coisas pequenas não fizessem Fernanda simplesmente fingir que ela não existe.

É muito difícil quando parece que não importa o que você esteja disposta a dar para a pessoa, não seja o suficiente. Sinceramente, estava quase entrando em parafuso.

Decidiu dedicar-se aos estudos, mesmo que de férias. A pós em psicopedagogia estava fazendo muito bem a ela, gostava muito da área. Continuavam conversando com Marcelo e Laura, através do celular da mais velha. Ainda estavam na casa dos avós, mas prometeram que iriam vê-la assim que voltassem.

Sua vida seguia normal, dentro do possível, ignorava as poucas ligações que Fernanda deixava e saia sempre que podia com suas amigas. Tinha medo, medo não, tinha pavor de encontrar com a confeiteira e das duas uma: ser vencida pela sua mágoa e terminar tudo de vez, ou se deixar levar pelo sentimento e voltar com a mulher.

Não queria ser tratada como nada, não queria ter que fingir que as oscilações de Fernanda não a afetavam, não queria ter que fingir que estava tudo bem sempre. Merecia carinho e compreensão. Não que Bande não conseguisse dar isso a ela, mas só o amor não iria segurá-las por muito tempo.

Queria conversar. Queria alguém aberto, que a compreendesse e dialogasse quando sentisse algo ruim. Ciúmes bobos não a incomodavam, como o que acontecia em alguma outra vez. Afinal, não houve nenhuma acusação séria e desconfiança como da última vez.

Aos poucos, as coisas iam voltando a sua rotina. Tinha voltado para a faculdade, inclusive, estava estudando muito. Como começou a passar mais tempo lá, até fez uns amigos novos como Isabelle. Que acabou se tornando sua fiel escudeira nas aulas difíceis.

As crianças retornaram, até porque em breve as aulas voltariam. Gabriel era quem os levava para passar o dia com ela. Chegava a ser um pouquinho patético, estavam agindo como um casal em divórcio. Um dia, após andarem de patins, acabou sendo questionada por Laura.

— Pitel, por que não saímos todos juntos mais?

— Ah Laurinha, eu ando ocupada. – Mentira. – E o horário não bate muito com o da sua mãe..

— Eu sinto falta. De todos nós juntos. – Marcelo que disse.

— Eu também, Marcelinho. Eu também.

Sentia falta de tudo, é claro. Estava com muitos sentimentos conflitantes, não conseguia admitir a volta ao seu apartamento vazio e triste, depois de viver tantos dias no apartamento verde água feliz de Fernanda. Antes de conhecer a mais velha, jamais teve problema com o ambiente em que morava, tinha uma sala, banheiro, quarto, varanda, cozinha e escritório. Em todos de azul bebê e amarelo pêra. Tinha tudo que gostava ali, uma boa estante de vinhos e livros, um espaço para por plantinhas e pegar sol nas manhãs de domingo.

Só que havia um problema. Em seu apartamento não tinha som de batedeira de manhã,  Marcelo jogando videogame na sala, Laura escutando alguma música mais adolescente as alturas, deixando Fernanda maluca, e nem as obras intermináveis do vizinho. Percebeu que na sua casa não tinha aquela família. Não havia sons que remetem ao amor e ao cuidado, não tinha Fernanda a acordando com beijos e o pão de queijo que ela tanto gostava, não tinha Marcelo a convidando para adiantar o dever de casa ou Laura falando que ela "Precisava atualizar seu feed de instagram para um engajamento".

Queria tudo aquilo de volta, mas precisava de comprometimento de Fernanda para que não duvidasse mais dela. Não daquela forma. Tudo bem que sentiu ciúmes de Juninho, mas não a acusou querer estar com ele secretamente. Querendo ou não, tinha de que conviver com o Buda, por conta do trabalho. Por isso, o tratava com educação e nada mais.

Sentia falta. Sentia falta de tudo, do carinho, dos beijos, abraços, do calor do corpo e das mensagens. Queria que a canceriana não fosse tão difícil, queria muito, queria um tanto de coisas.

Tinha dias em que vivia uma batalha interna imensa, devia procurar Fernanda para resolver? Afinal, não eram crianças. Estavam há semanas vivendo um limbo de "Terminamos ou ainda estamos juntas?". Era muito complicado continuar andando daquela forma, que miséria de situação.

*

Em uma quarta-feira, decidiu ir ao shopping ver se encontrava algo que gostava. Ao entrar numa loja de perfumes, se deparou com Fernanda. A mulher que ainda estava de costas demorou para vê-la. Considerou correr e fingir que nunca esteve ali, mas teria medo de quê? Quando a carioca virou, paralisou igual a ela. As duas se olharam sem saber o que dizer. Até que Fernanda se aproximou.

— Oi..

— Oi, Nanda. – Mais silêncio e estranhamento.

— Será que a gente pode-

Foi interrompida por seu celular, era uma ligação de Isabelle. A amazonense nunca ligava para ela, então achou que seria muito importante.

— Você pode esperar um pouquinho? – Olhou de maneira carinhosa para a mulher que assentiu.

Foi atender o celular.

— Mana, você precisa urgentemente vir até a faculdade! – Estava entusiasmada.

— Oxe, mulher. O que aconteceu?

— Um dos orientadores tem uma proposta que eu acho que seria imperdível pra você. Vem, vem logo!

E depois desse, a trajetória das coisas mudaria pra sempre.

Oii.. o que acharam?
Gente, tô achando que a história n vai terminar feliz :/

Tema de Amor - PitandaOnde histórias criam vida. Descubra agora