Capítulo 7 - Tempos de jogos, bebê.

136 14 54
                                    

● Song Mingi;

   Sempre tive consciência que o dia de jogos na escola vai muito além de diversão. Envolve muita competição e força, sem contar na grande resistência que é ficar ali para jogar e ter energia pra isso. Por isso, um dia antes da segunda feira, eu procuro me manter calmo e dormir mais cedo. Por mais simples que seja sua importância é fundamental.

   E por ter ido dormir mais cedo que o habitual, acordei mais cedo também para poder me arrumar com mais calma e arrumar a minha mochila, que levaria bastante coisa. E eu ,particularmente, achei super fofo o yunho ter respeitado meus horários e até acordar na mesma hora que eu, ele disse que assim me daria forças.

   Ele estava certo. Isso me ajudou muito, contando o fato dele ter ficado a minha disposição sempre que pode. E agora eu estava finalizando meu cabelo, tentando prender a parte de cima, como um pequeno penteado. Eu mentiria se dissesse que não estava nervoso ou ansioso. O dia de jogos abrange muito mais do que as pessoas aqui imaginam.

   É um dia de competitividade máxima. Onde você pode conseguir pontos suficientes pra passar de ano, ou pelo menos um ou outro. Você mostra sua capacidade, mostra que você consegue ser bom nas coisas que você nunca tentou. E foi nesse dia, ao decorrer dos anos, que fiz as pessoas acreditarem tanto em mim.

   Confesso que realmente sou bom. Mas somente em correr ou jogos de habilidade. De resto, eu não sei muito. Não sei se o que sei seria suficiente pros outros, para mim ser bom de verdade. Mas teria que ser perfeito e, isso eu não sou, com certeza.

   As pessoas sempre maqueiam demais essa imagem em mim. Por isso eu me moldo tanto pra eles, por isso que eu me cobro tanto. As vezes eu tenho dores de cabeça, por saber que isso faz mal e que eu deveria parar de me importar demais com a opinião alheia. Mas eu não consigo, é impossível pra mim.

   Talvez isso seja só uma fase de todo adolescente que quer se encaixar na sociedade sem ser julgado, mas isso parece não ter fim pra mim. Não sei se sou imaturo demais, não sei se eu tiro muitas conclusões precipitadas do futuro, mas, as vezes eu sinto que vou viver para os outros para o resto da minha vida.

   Eu não quero que ninguém olhe atrás das cortinas, não quero que ninguém se pergunte onde são meus pontos fracos e não quero que saibam de merda nenhuma. Eu só queria viver essa paz que eu anseio, eu só queria viver essa liberdade presa dentro do meu peito, que me assombra nas horas vagas.

   Seria muito idiota eu falar que sinto essa paz com Yunho?

   Deus, eu acabei voando para outro mundo agora.

– Mingi? – yunho chamou, entrando no quarto e parando atrás de mim, me dando uma visão linda de si pelo espelho. Minhas bochechas ficaram pouco avermelhadas por pensar nele daquele jeito.

   Tenho medo de estar de me iludindo.

– Hm? – respondi um pouco aéreo por ter viajado demais, tentando voltar a manter o foco no meu cabelo, que estava um horror por sinal.

– Você viu meu anel prateado? – perguntou, enquanto passava a mão entre seus fios macios e brilhosos, me olhando através do espelho.

– Não, eu tô sentado aqui faz trinta minutos, não tem como eu ter visto nada, não é meio óbvio? – respondi ironicamente, já estressado por causa do meu cabelo não ficar do jeito que eu quero. Tenho vontade de raspar tudo e queimar aquele pente desgraçado.

– Calma, que ignorância é essa – falou me olhando feio, enquanto entrava dentro do banheiro pra procurar o tal anel. – Por que você tá assim? Vai dar tudo certo.

   Apenas bufei ainda mais irritado, desistindo de amarrar meu cabelo e tacando a xuxinha longe. Peguei a escova e arrumei com todo meu ódio, já sentindo as lágrimas quererem sair pela raiva. Eu odeio tentar fazer algo e não conseguir.

Um Golpe Da Sorte     MG&JYHOnde histórias criam vida. Descubra agora