Capítulo 1 - Ódio ou Tesão?

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  ● Song Mingi;

   Por um curto tempo durante as férias me esqueci completamente como o primeiro dia de aula consegue ser irritante e angustiante.

   Ser o capitão do time de basquete é algo que você precisa saber aproveitar e também conhecer até onde você pode ir. Tem que ser responsável e nunca se meter em alguma encrenca, tem que saber liderar as pessoas e fazer com que respeitem você.

   Isso sempre foi muito difícil, até porque o que me diferencia dos outros capitães é que eu sou muito encrenqueiro e provocativo. Já fui chamado na direção inúmeras vezes por provocar os meninos até tentarem me bater, mas eu nunca encosto neles, porque no fundo o único que sai como vitima sou eu.

   Por mais estranho que isso seja, eu me acostumei a ser assim pra manter a minha imagem, fazer com que as pessoas gostem de mim e me respeitem mais. De algum modo me sinto melhor quando sou aclamado pelas pessoas, ainda mais em uma escola, um ambiente em que você vive por um bom tempo e precisa se acostumar ou apenas se proteger.

   Por isso mesmo que eu não me considero um valentão, por que eu não sou. Eu quero ser bem visto pelos outros, e nunca bati em ninguém, 'pra me proteger. E foi assim que eu vivi e que eu vivo até hoje, no segundo ano do ensino médio, tendo que passar por cima dos meus próprios limites pra enaltecer uma imagem que as pessoas criaram de mim, apenas por fazer o que eu gosto, jogar basquete.

– Mingi!

   Escutei meu nome ser chamado por alguém, e logo virei meu corpo de supetão pelo susto, e me deparo com Jongho com as mãos apoaidas em seus joelhos, parecia euforico.

– Caralho! Você é surdo porra?! – resmungou, se recompondo e colocando a mão no peito. – A diretora 'tá chamando você na sala dela.

– O que caralhos eu fiz agora? – choraminguei, e Jongho apenas deu de ombros.

– E eu sei? Vai e descobre. – falou, saindo de perto de mim e voltando, provavelmente, pra quadra de basquete.

   Esqueci de mencionar que já estamos na escola, e é exatamente isso que irrita. Tive que vir mais cedo pra ajudar no que fosse preciso, e já atendi mil e um pedidos de ajudas com coisas de total desinteresse para mim. E eu já imagino o que a Sr. Sori quer conversar comigo, já imagino todo o discurso de típicos primeiros dias de aula.

   Caminhei até sua sala, no quarto andar, pegando o elevador e indo mais facilmente. Bati na porta duas vezes, e assim que fui liberado, entrei em sua sala, estranhamente maior do que a própria cantina. Parece que sempre há alguma decoração nova, ou quadro novo.

– Bom dia. – murmurei ao me sentar no pequeno assento em frente sua mesa, onde tinham alguns papéis, pasta e outros utensilhos que ela usa pra escrever, carimbar, grampear, essas coisas.

– Bom dia Mingi, você está ótimo! – respondeu-me, sorrindo abertamente, largando sua caneta preta e dando total atenção à mim. – Te chamei aqui para alguns avisos básicos, sobre o basquete este ano.

– Obrigado. E o que seria esses "avisos"? – perguntei, cruzando meus braços em frente ao meu peito, me incomodando com o uniforme.

– Então. Como você deve saber, um capitão de time de basquete precisa ser totalmente porturado e prendado, e desejamos esse ano expandir os jogos para algo mais... distante, digamos assim.

– Eu sei, eu sei. Mas ainda não entendi onde você quer chegar. – falei, ainda me sentindo confuso.

– Ano passado tive muitas reclamações sobre você. – ela abriu uma gaveta ao seu lado, retirando dali um arquivo com meu nome grifado nele, abrindo-o. – Você veio na diretoria por volta de noventa e cinco vezes. E isso é muito prejudicial pro seu posto como capitão, você sabe. E durante esses tempos, estive conversando com os outros responsáveis pela escola, e será sua última chance de se mostrar digno continuando com seu cargo.

Um Golpe Da Sorte     MG&JYHOnde histórias criam vida. Descubra agora