Sem Cura

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A carne desprende-se da alma.
Há um caminho a ser seguido,
Uma vitalidade a ser alcançada.

Não sei o que devo perseguir,
A glória ? A vitória ? A destruição ?
Os caminhos sinuosos da humanidade ?

Os resquícios de sanidade esgotam-se.
Uma ninhada de abutres apodera-se
Daquilo que teria sido um corpo,
Uma alma, um alguém.

Não há mais nada a ser dito,
Falado, ouvido.
Há palavras soltas que podem ou não
Ser entendidas.

Somos nós, misteriosamente nós.
E o que nos faz ser nós é a carne desprendida da alma.
Algo fugitivo, inconsciente.

Trabalhámos na virada necessária,
Na verdade oculta,
E não somos ouvidos.

Tento, mais uma vez, alertar.
Tento, mais uma vez, fugir.
A carnificina procura-nos,
Adentrando as entranhas da própria
Selvajaria pura e incontestável.

Como vês,
A insanidade alcançou os meus poros.
Sem cura.

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