Capítulo 8

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Após a interrupção abrupta e alarmante de Alice, Carol e Rosa se apressaram para socorrer Júlia, deixando para trás a conversa carregada de emoções e revelações. A seriedade da situação imediatamente substituiu qualquer outro sentimento que estivesse presente entre elas.

Júlia havia desmaiado devido a uma crise de asma severa, provocada pela excitação e pela correria durante a festa de Ano Novo. Sua condição demandava atenção médica imediata. Rosa, com a ajuda de Carol, carregou Júlia para o carro mais próximo, enquanto instruções eram dadas para ligar para o hospital acelerando assim o atendimento à garota.

Durante o trajeto até o hospital, o silêncio predominante era cortado apenas pelo som preocupante da respiração dificultosa de Júlia. Rosa segurava a mão de sua filha, murmurando palavras de conforto, enquanto Carol dirigia o mais rápido que podia, lançando olhares preocupados pelo retrovisor.

Ao chegarem ao hospital, Júlia foi prontamente atendida. O alívio só veio quando os médicos informaram que ela estava estável, graças à rápida ação de todos. Enquanto Júlia descansava, Carol e Rosa encontraram um momento de calma na sala de espera.

Carol, tomando a iniciativa, quebrou o silêncio. "Rosa, sobre o que aconteceu... sobre tudo o que você me contou...", começou, hesitante. Rosa a interrompeu suavemente, "Carol, hoje não é sobre nós. É sobre a Jú. Vamos focar nela agora."

Carol assentiu, reconhecendo a prioridade do momento, mas sua mente já formava um plano de como poderia apoiar Rosa e se fazer presente de uma maneira mais significativa. Tentando confortar Rosa desse passado doloroso e do pensamento que tudo poderia ser diferente se ela não tivesse ido buscar algo para as duas beberem naquela festa.

Nos dias seguintes, enquanto Júlia se recuperava, Carol fez questão de a visitar frequentemente, trazendo pequenos presentes que sabia que agradariam a menina e, ao mesmo tempo, oferecendo a Rosa uma companhia silenciosa, mas reconfortante. 

Rosa, embora inicialmente reticente devido à carga emocional da revelação da noite de Ano Novo, começou a perceber a genuína intenção de Carol de construir uma ponte entre elas, não apenas por Júlia, mas também por uma conexão passada que ambas partilhavam e que, de certa forma, nunca havia sido completamente explorada ou entendida.

O incidente com Júlia serviu como um catalisador para que ambas reconhecessem a importância de estarem presentes uma para a outra, não apenas pelo bem-estar de Júlia, mas também pelo desejo compartilhado de curar feridas antigas e explorar o que poderia se desenvolver entre elas com honestidade, compreensão e cuidado mútuo.

Carol, percebendo a complexidade dos sentimentos de Rosa e o impacto de suas próprias ações, mesmo que involuntárias, no passado de Rosa, propôs que continuassem as conversas, mas com a assistência de um terapeuta. A ideia era que, ao enfrentarem juntas as questões complicadas e dolorosas, pudessem encontrar um caminho para se entenderem melhor e, quem sabe, construir algo novo e saudável para ambas.

Rosa, embora hesitante, viu a sabedoria na proposta. Ela reconheceu que sua terapia individual havia sido um passo crucial para chegar até aquele ponto de abertura, e a perspectiva de explorar suas complexas emoções em relação a Carol com o apoio de um profissional parecia um próximo passo lógico.

Assim, o que começou com uma noite de revelações dolorosas e um incidente assustador se transformou em uma oportunidade para ambas enfrentarem seus medos e inseguranças, buscando um futuro onde o apoio mútuo e a compreensão poderiam florescer, independentemente de como definissem seu relacionamento. A proximidade crescente entre Carol e Rosa, nutrida pela preocupação compartilhada com Júlia e o desejo de resolver o passado, prometia não apenas a cura, mas a possibilidade de descobrir um novo capítulo em suas vidas, juntas.

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