Capítulo 3

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Rosa permaneceu na entrada, incerta sobre o que dizer, quando foi distraída pela sua filha que se agarrou às suas pernas. Olhando para baixo, sorriu para a pequena.

"O passeio foi divertido?"

"Sim, mamãe! Posso mostrar meu quarto para a Alice?"

"Claro, querida"

Assim que as crianças passaram correndo, Rosa se viu, mais uma vez, desajeitada diante de Carol, que parecia observá-la atentamente. Se não estivesse tão nervosa, Rosa poderia jurar que Carol achava graça da situação.

"Desculpe, Carol. Pode entrar! Parece que as meninas vão demorar um pouco".

Carol entrou, sua curiosidade aguçada por Rosamaria, e Rosa ofereceu algo para beber.

"Água está ótimo, obrigada. Desculpe a surpresa por já ter subido. Quando mencionei que morávamos no mesmo prédio, as meninas ficaram eufóricas. Não tive tempo de pensar muito e nem te avisar, quando me dei conta, já estava aqui".

Rosa notou a sinceridade em Carol e tentou corresponder, apesar de ainda se sentir desconfortável.

"Imagino que não tenha sido fácil com elas duas. A coincidência realmente me pegou de surpresa. Fique à vontade. Vou buscar sua água".

Aproveitando a pausa, depois de se afastar, Rosa respirou fundo, questionando-se sobre a sequência de coincidências ligando-a a Carol. Checou as crianças, que brincavam tranquilamente, antes de voltar com a água.

De volta à sala, Rosa encontrou Carol examinando fotos. Seu coração disparou, temendo que as memórias viessem à tona antes do tempo.

"Aqui está sua água".

Carol, pega em flagrante, se desculpou pela curiosidade.

"Me lembrei de você de algum lugar, Rosa. Vi suas fotos mais jovens e algo soou familiar, mas não consigo lembrar de onde"

Rosa, pálida e nervosa, negou rapidamente qualquer conhecimento prévio.

"É só impressão. Nos conhecemos agora. Pode deixar Alice aqui. Depois, eu a levo para a Renata".

Carol notou o desconforto de Rosa, entendendo que sua presença não era bem-vinda.

"Ok. Se fiz algo no passado, peço desculpas. Não sei o que foi, mas lamento qualquer mal-estar".

Com lágrimas nos olhos, Rosa se afastou quando Carol tentou se aproximar. Carol, então, se rendeu, sugerindo que as crianças pudessem dormir em sua casa, indicando seu apartamento no andar de baixo e assim se  retirou. 

Rosa, sozinha, permitiu-se chorar, liberando emoções contidas.


O GRANDE PRESENTE DOS MEUS DIASOnde histórias criam vida. Descubra agora