— Se atrasou. — disse Mikasa se aproximando da mesa de Levi.
Ele checou o antiquado relógio, dois minutos de atraso. Decepcionou-se consigo mesmo por não ter controle sobre o tempo e ter perdido a hora. Pelo menos ali estava, com sua amada, em sua rotina de pedir café expresso.
— Bom dia, expresso.
— É pra já. — ela se virou e desfilou até a porta da cozinha e, antes que entrasse lá, deu uma leve olhada em Levi de longe.
— Puta merda. — murmurou sozinho, estressado por ter chegado às seis e dois ao invés das seis em ponto.
Ela saiu de lá com a bandeja em mãos, porém com duas xícaras de café ao invés de uma só. A mulher deslizou a bandeja na mesa amadeirada e sentou-se na cadeira em frente ao rancoroso Levi. Pegou uma das xícaras e assoprou seu café, dando uma bicada cuidadosa para não queimar a boca. O homem estava confuso.
— Por que se atrasou, senhor Levi? — disse em um tom estranhamente provocativo.
— A noite de ontem foi cansativa, muito trabalho. — disse e deu uma leve assoprada em seu café. — Fica esperando a hora exata para me ver?
— E com o que o senhor trabalha? — largou a xícara na bandeja e apoiou seus cotovelos na mesa, e o rosto nas mãos.
— Professor de matemática.
— Sério? — encarou-o olhos nos olhos. — Bem que eu estava precisando de uma ajuda.
— Ainda estuda? Quantos anos tem? — sem querer, Levi deixou seu interesse pela mulher escapar de sua boca.
— Vinte e um. — respondeu enrolando uma mecha de seus cabelos negros no dedo. Optou por não responder a primeira pergunta. — Me dá seu número logo.
— Ok.
"Não agilize tanto as coisas, garotinha."
Estava animado, aquilo era quase um encontro. Depois de conversar muito, muito mesmo, com Mikasa, decidiram se encontrar novamente no domingo, às seis em ponto, na mesma cafeteria onde ela trabalha.
O plano inicial seria sair para jantar em um restaurante chique, mas não era tão não-sem-graça quanto um simples café das seis. Um simples expresso, enquanto conversavam sobre qualquer coisa. Ela deixou bem claro na mensagem: "NÃO É UM ENCONTRO, LEVI".
Ele escolheu uma mesa isolada e vazia, como de costume. Geralmente, a cafeteria estava deserta, afinal, quem acordaria às seis da manhã em um domingo só para tomar café?
Mikasa chegou, radiante como de praxe, desfilando com graça e estilo. Era a primeira vez que Levi a via fora do uniforme de garçonete; ela estava deslumbrante em uma saia preta e uma camisa branca.
— Está bonita.
— Você também, professor. — mostrou um ligeiro sorriso de canto encantador.
Uma garçonete chegou próximo a eles, exibindo um sorriso exagerado, em contraste com a expressão contida de Mikasa.
— Bom dia, expresso. — disseram em uníssono.
Enquanto tomavam o café das seis, trocaram um papo amigável, embora as segundas intenções de ambos fossem evidentes.
— Quer ir para a minha casa? — ela propôs depois de terminarem seus cafés.
"Nada a perder!"
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Café das Seis
RomanceEm uma cafeteria cotidiana, Levi encontra em Mikasa uma miragem de beleza e mistério, desafiando os limites entre a realidade trivial e a paixão intensa.