Depois de perder a noiva no parto de sua filha, Gustavo não se abre mais para o amor e não se vê tendo um relacionamento com alguém um dia.
Já Ana Flávia, depois de passar por uma decepção amorosa, passa em medicina e se muda para São Paulo para rea...
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Ok, agora estou preocupado, Maitê não voltou a ficar alegre e nem está mamando direito. Sem contar que não me larga por um segundo sequer. Ela já teve crises de cólica, mas nenhuma delas foi tão forte ao ponto dela não comer.
Falei com a minha mãe e ela me aconselhou ir ao hospital por desencargo de consciência, então dei um banho na Maitê, arrumei a bolsa dela e fui em direção ao hospital mais próximo. Me disseram que esse hospital está sendo referência em pediatria então resolvi levar a Maitê lá.
Fiz a ficha dela e ficamos esperando ela passar pela triagem, e a cada minuto eu ia ficando mais preocupado, ela não me soltava por nada.
- O que que foi princesa hum?- dou um cheirinho nela - Vai ficar tudo bem, o papai vai cuidar de você tá bom?
Como resposta, ela dá um resmungo seguido de um chorinho baixinho, acalmo ela e começo a fazer carinho em suas costas pra passar conforto. Somos chamados e dou um suspiro de alívio. Depois de pesarem, medirem a temperatura, somos chamando no consultório.
Só não imaginava que assim que eu cruzasse aquela porta eu iria ver a mulher que está dominando meus pensamentos a semanas. A morena está sentada atrás da mesa, de jaleco branco com seu nome bordado, "Dr. Ana Flávia" , ela me olha e eu tenho a impressão de que ela está tão surpresa quanto eu.
- Bom dia, Sr. Mioto! Essa deve ser a Maitê, certo? - ela diz com um sorriso no rosto, e que sorriso...
- Bom dia! Sim, essa é a Maitê - assim que digo o nome dela, ela levanta a cabecinha e encara a Ana Flávia dando um sorrisinho.
Pera, a Maitê não sorri pra muitas pessoas, no máximo pra mim e pra minha mãe, e só de Ana Flávia olhar pra pequena ela já se desmanchou toda. O que está acontecendo aqui?
- Bom, o que aconteceu com ela? - Ana Flávia diz sem tirar os olhos da pequena que está sentado em meu colo.
- Ela a algumas semanas atrás estava com crises de cólica, o que eu achei super normal, já que ela teve crises assim nos primeiros meses de vida. Só que ontem as cólicas voltaram e desde então ela não mama direito, e não me solta por nada, além de estar o tempo todo resmungando.
- Bom, pelos sintomas que você me descreveu, acredito que seja uma infecção intestinal, ela tem nove meses e provavelmete já engatinha, então qualquer superfície contaminada que ela encostou e depois levou a mão a boca pode ter causado essa infecção. Mas pra ter certeza, preciso examinar ela.
Achei que esse seria um dos momentos mais difícies, a Maitê não me soltou hora nenhuma, a moça da triagem teve que fazer o atendimento todo com ela em meu colo. Mas não, bastou a Ana Flávia conversar um pouquinho com ela e esticar os braços que ela quase se jogou no colo da morena. Não sabia se estava encantada com o carinho e o amor que ela estava tratando a Maitê ou pela beleza dessa mulher.
- Você disse que ela ainda mama, a mãe dela teve algum sintoma? Por que a infecção pode ser passada para a criança pelo leite materno - ela diz na inocência, quanto aperta a barriguinha da Maitê, recebendo um resmungo em resposta.
- A mãe dela morreu no parto, talvez possa ter sido a mamadeira - digo e vejo a morena corar, provavelmente de vergonha.
- Me desculpe, na ficha não dizia que a mãe havia falecido - ela diz eu posso dizer com certeza que se ela pudesse, abriria um buraco agora mesmo e se enfiaria lá dentro.
- Sem problemas, é difícil ser pai solo, tenho minha rede de apoio que são meus pais, mas ainda sim essa garotinha consegue me deixar de cabelo em pé - digo e posso estar maluco, mas eu tenho a impressão que Ana deu um meio sorriso após a minha fala.
- Bom, vou receitar um antibiótico pra ela, se ela não melhorar, você traz ela de volta e aí vamos investigar a fundo pra ver se é só uma infecção mesmo.
- Ok, e agora que eu sei que minha vizinha é pediatra, fico tranquilo ao saber que em casos de emergência eu tenho uma médica por perto - digo e ela da uma risadinha olhando meus olhos.
Não era pra eu estar sentindo isso, com certeza é muito errado e outra, uma moça bonita como ela já deve ter namorado, apesar de eu reparar que ela não possui uma aliança no dedo...meu Deus, eu devo estar maluco, olha o que eu estou pensando, bem que minha mãe falou que muito trabalho ia me fazer mal.
Quando a Ana Flávia ia me entregar a Maitê, ela se agarrou ao pescoço da Ana e não soltava por nada, o que está acontecendo? Ela mal deixa as pessoas tocarem nela e agora do nada está rejeitando meu colo pra ficar no da médica que ela conheceu a 20 minutos atrás?
- Pequena, você precisa ir com seu papai, eu tenho que atender um monte de pacientes ainda, e pelo o que o seu pai me disse, já deve estar na hora de você mamar - e como mágica ela se solta do pescoço da Ana Flávia e vem para o meu colo.
- Obrigada Ana Flávia, vou dar o antibiótico certinho pra ela e observar se ela vai ter alguma reação - digo pegando a receita de sua mão.
- Pode me chamar só de Ana, somos vizinhos, não precisamos de formalidade, e claro, se precisar de algo, não hesite em bater em minha porta, que eu irei cuidar da Maitê com o maior prazer - ela diz sorrindo pra minha garotinha.
- Obrigada mais uma vez Ana! Tchau! - me despeço.
- Tchau - escuto ela dizer antes de fechar a porta.
Agora é hora de voltar pra casa e cuidar da minha pequena, mas não posso negar que fiquei encantado com o cuidado e a paciência que ela teve com a Maitê, não é atoa que ela é pediatra.
