Blaise Zabini.

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"É para o nosso bem, querido." As palavras da mãe de Blaise ainda ecoavam em sua mente, soando vazias, frias, desprovidas de qualquer conforto que ela pretendia oferecer.

Ele olhou para o próprio braço, escondido sob a manga, sentindo repulsa de si mesmo e de tudo que aquilo representava. A Marca Negra queimava em sua pele e na alma, lembrando-o constantemente do caminho que fora forçado a seguir.

Talvez, se tivesse escutado sua ex-namorada quando ela o advertiu sobre o perigo de se envolver demais no mundo sombrio de Voldemort, as coisas fossem diferentes. Mas ele nunca poderia deixar sua mãe à mercê daquele monstro. Não podia recusar o pedido dela, e agora estava preso, sufocado por uma decisão que nunca quis tomar.

"Sim... é sim," murmurou para si mesmo, tentando acreditar nas próprias palavras, mas era inútil. Cada vez que tentava se convencer de que aquilo era necessário, de que estava fazendo o que precisava ser feito, a dor crescia dentro dele. A sensação de estar sozinho o consumia.

As férias trouxeram apenas mais silêncio e solidão. Seus amigos só apareciam quando havia algo para se beneficiar, e sua mãe passava os dias entretida com novos amantes, enquanto Blaise ficava preso na casa escura, cercado por seus próprios pensamentos, que o sufocavam. Ele não aguentava mais.

"Vou deitar," disse em voz alta, mais para si do que para qualquer um. Mas sabia que não dormiria. Deitar era apenas uma tentativa falha de escapar, e agora que podia aparatar, sabia para onde precisava ir. Ele precisava dela.

O vazio dentro dele era esmagador, e a única coisa que parecia amenizar a dor era a lembrança do sorriso dela. A Sn, sua ex-namorada, sempre tinha uma luz que aquecia o frio que habitava seu coração. Só de olhar para ela, tudo parecia mais fácil. Perdido nesses pensamentos, aparatou para a casa modesta onde ela vivia.

Não era uma casa luxuosa, longe do que Blaise estava acostumado, mas havia algo aconchegante naquela simplicidade. Ele foi direto para a parte de trás, onde a escada sempre ficava posicionada para que subisse até o quarto dela – algo que costumavam fazer quando ainda estavam juntos.

Para sua surpresa, a janela estava aberta, como se ela o estivesse esperando, mesmo sem saber. O quarto era iluminado apenas por uma pequena lâmpada, jogando sombras suaves sobre os móveis familiares. Blaise entrou silenciosamente, mas mal conseguia manter a compostura. As lágrimas já escorriam por seu rosto quando ele se apoiou no parapeito da janela, tentando desesperadamente controlar a respiração.

"Zabini?" A voz suave dela cortou o silêncio, fazendo com que ele se virasse levemente. O toque delicado em seu braço, mesmo através da manga, trouxe um alívio que ele não sentia há meses.

"Por favor..." sussurrou, a voz embargada, antes que todo o peso do mundo caísse sobre seus ombros, e as lágrimas finalmente explodissem. Sem conseguir se segurar, Blaise praticamente caiu sobre ela, os joelhos fracos e o corpo desmoronando de dor. Seus braços se apertaram ao redor dela, buscando algo que ele achou que havia perdido: consolo.

Ela o envolveu sem hesitação, e em nenhum momento o afastou. As mãos pequenas subiram até seus cabelos, acariciando-o com ternura, enquanto ele soluçava contra seu corpo. O peito de Blaise subia e descia rapidamente, o coração martelando em desespero.

O corpo de Blaise parecia pesado no colo dela, enquanto ele se segurava como se fosse seu último fio de esperança. As lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto dele, agora sem qualquer tentativa de contê-las. As mãos dele estavam tremendo, os soluços sacudindo seu peito enquanto tentava encontrar as palavras que tanto precisava dizer, mas que, ao mesmo tempo, pareciam impossíveis de formar.

"Eu... me sinto tão sozinho," finalmente soltou, sua voz baixa, entrecortada, quase um sussurro. "Sn... eu sei que tenho meus amigos... tenho a minha mãe, mas... ninguém realmente me vê, sabe? Eles não entendem o que é estar... preso assim."

Ele levantou a cabeça um pouco, os olhos inchados de tanto chorar, procurando os dela como se buscasse a confirmação de que ela realmente estava ali, com ele. A dor refletida nos olhos castanhos dele partiu o coração dela. Blaise Zabini, o garoto que sempre parecia inabalável, agora estava despedaçado diante dela.

"Minha mãe... ela diz que tudo isso é para o nosso bem. Que seguir Voldemort é a única maneira de sobreviver nesse mundo. Mas eu não quero isso... eu não quero ser essa pessoa. Ela acha que estou sendo fraco por me importar, mas eu não suporto a ideia de machucar pessoas inocentes. Eu me odeio por estar envolvido nisso, por não ter sido forte o suficiente para dizer não."

Os dedos dele apertaram levemente as pernas dela enquanto desabafava, como se tivesse medo de que ela o deixasse ir. Ela passou as mãos pelos cabelos dele de novo, em um gesto reconfortante, e Blaise fechou os olhos por um momento, tentando acalmar a tempestade dentro dele.

"Eu tento ser forte, tento manter a máscara de que nada me afeta, mas isso está me destruindo, Sn. Quando estou sozinho... quando o silêncio toma conta, eu me perco. Tudo que eu faço é pensar em como me afastei de você... de nós... E agora estou aqui, tentando lidar com tudo isso, e me sinto completamente... vazio."

Os soluços voltaram a sacudir seu corpo, e Blaise cobriu o rosto com as mãos, como se estivesse tentando se esconder da dor que estava expondo para ela. As lágrimas caíam sem controle, e ela podia sentir o quanto ele estava em pedaços.

"Eu não consigo fazer isso sozinho," murmurou, com a voz carregada de desespero. "Eu pensei que podia aguentar... pensei que poderia lidar com o peso de tudo isso... mas eu não posso, Sn. Eu não posso. Sinto que estou afundando, e ninguém se importa. Nem minha mãe, nem meus amigos... ninguém."

O coração dela apertou com a intensidade do que ele estava dizendo. Blaise sempre parecia tão distante, tão impenetrável, mas agora, ele estava vulnerável, despido de todas as defesas, e ela sabia que ele estava confiando nela de uma maneira que nunca havia feito antes.

"Eu só... eu só queria que as coisas fossem diferentes," ele continuou, a voz falhando. "Queria não ter me afastado de você, queria não estar preso a essa vida. Você era a única pessoa que realmente me entendia, e eu perdi isso. Perdi você. E agora... eu me sinto tão perdido, Sn. Eu preciso de você, mais do que nunca."

As mãos dela continuaram a acariciar os cabelos dele, e ela inclinou-se para frente, beijando levemente a testa dele, em um gesto cheio de ternura. Ela não disse nada por um momento, deixando que ele sentisse sua presença, que ele soubesse que ela estava ali, com ele. E então, suavemente, ela sussurrou:

"Blaise... você nunca esteve sozinho. Estou aqui, e sempre vou estar. Eu sei que tudo parece impossível agora, mas você não precisa carregar isso sozinho. Estou aqui... sempre me importei com você. E ainda me importo."

Ele a olhou com olhos marejados, como se não acreditasse que ela estava realmente dizendo aquilo. Como se a ideia de não ser rejeitado fosse algo que ele já tinha perdido a esperança de acontecer.

"Você... você ainda se importa?" ele perguntou, a voz cheia de incredulidade e esperança ao mesmo tempo.

"Sim, Blaise," ela respondeu com firmeza. "Me importo. E sempre me importei. Nós vamos passar por isso juntos."

Os olhos de Blaise se fecharam novamente, e ele soltou um longo suspiro, como se estivesse liberando um peso que carregava há muito tempo. Finalmente, em seus braços, começou a se acalmar, o choro diminuindo, embora a dor ainda estivesse presente. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele não se sentia completamente sozinho.

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